ESPETÁCULO

Evento celebra a nomeação do forró e do cordel em patrimônios imateriais

O espetáculo 'Nordeste — A Poesia do Sertão Musical' é de idealização de Nilson Freire e terá encenações a partir desta terça-feira (15/12)

Irlam Rocha Lima
postado em 15/12/2020 09:26 / atualizado em 15/12/2020 16:16
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

A relevância do forró e da literatura de cordel enquanto expressões artísticas levaram-nos à nomeação como bens do patrimônio imaterial cultural brasileiro. Para celebrar esse registro, nasceu o espetáculo Nordeste — A Poesia do Sertão Musical. O projeto homenageia três personalidades fundamentais para a difusão e consolidação dos dois estilos; nomes representativos desse universo: o cantor, compositor e acordeonista pernambucano Luiz Gonzaga; o paraibano Leandro Gomes de Barros, considerado o “pai” da literatura de cordel; e o piauiense Domingos da Fonseca, tido como o maior poeta lírico do tempo dele e fundador da primeira associação de repentistas.

Idealizado pelo cantor, compositor e forrozeiro mineiro Nilson Freire, o espetáculo, com a chancela do Fundo de Apoio a Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), conta com a participação de Chico de Assis e João Santana — repentistas nordestinos radicados em Ceilândia —, acompanhados por instrumentistas. A direção musical é do maestro Fabiano Medeiros, enquanto o mestre bonequeiro Chico Simões é responsável pela parte cênica.

“Dirigir Nordeste — A Poesia do Sertão Musical é uma experiência a mais no exercício do ser candango, ambientando diferentes expressões em espaço aberto e interativo, com a possibilidade de participação do público. Procuramos manter vivo o espírito da brincadeira em feiras livres, que reúne música, poetas repentistas e literatura de cordel, criando a interação mágica, que se diferencia da apresentação formal”, explica Chico Simões. “Agora, a pandemia nos colocou o desafio de manter vivo o espírito dessa festa, via internet”, acrescenta.

Fortalecer a imagem da poética literária e musical da cultura nordestina é o que propõe a apresentação, que estreia hoje (15), às 20h, no Instituto Invenção Brasileira, em Taguatinga Sul (leia Programe-se). Amanhã, a apresentação será na Vila Telebrasília e, no sábado, na Casa do Cantador. O fio condutor do espetáculo é a trilha musical, em uma releitura de melodias e toadas do repente. Harmonização e timbragens contemporâneas adornam o repertório com recursos sonoros de pedais e sintetizadores agregados a instrumentos convencionais como a sanfona.

O projeto prevê, ainda, a publicação de livreto de cordel sobre Luiz Gonzaga e o forró, de autoria do mestre do gênero Donzílio Luiz e com xilogravura de Valdério Costa. Historicamente, a poesia métrica chegou ao Brasil a partir de Portugal e, aqui, ganhou morada na região Nordeste, que a tem como uma das principais vertentes e atinge mais de 40 modalidades.

Programe-se

Nordeste — A Poesia do Sertão Musical
Espetáculo com a participação de Nilson Freire, Chico de Assis e João Santana

Hoje (15): Instituto Invenção Brasileira — Mercado Sul, QSB 12, Taguatinga Sul, às 20h.
Amanhã (16): Espaço Cultural Pé Direito — Rua 1, Casa 23, Vila Telebrasília, às 20h.
Sábado (19): Casa do Cantador — Área Especial G, QNN, Quadra 32, Ceilândia Sul, às 20h.

 

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Entrevista Nilson Freire, cantor e compositor

Há quanto tempo você é ligado profissionalmente à música?
Minha carreira artística começou há 20 anos. Já lancei 12 CDs, dois DVDs e tenho algo em torno de 450 composições, algumas delas gravadas por Frank Aguiar, Márcia Ferreira e Tom Carlos.

Vem de quando sua ligação com a cultura popular do Nordeste?
Desde menino, em Salinas (MG), no Vale do Jequitinhonha, escutava Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e outros artistas da música nordestina. Além de conviver com as festas populares, como a Folia de Reis, as rodas de coco, festivais de música regional e as feiras populares, muito comuns na região.

O que o levou a conceber o espetáculo Nordeste — A Poesia do Sertão Musical?
O entrosamento com os repentistas Chico de Assis e João Santana foi determinante. Reunimos afinidades de apreço e valorização dos mestres primeiros das culturas populares e decidimos unir poesia popular nordestina, forró e repente.

Além de seu conhecimento, houve necessidade de pesquisa nesse universo artístico?
Fomos buscar nas raízes de Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Leandro Gomes de Barros — pai da literatura de cordel brasileira — e repentistas de destaque do passado, como Dimas Batista, Domingos Fonseca e Pinto do Monteiro.

Há uma preocupação de levar o espetáculo para além do público específico?
Sim. A ideia é que a roupagem e o formato do espetáculo, misturando gêneros da cultura popular nordestina de forma dinâmica, sejam atrativos para novos públicos.