O cantor português Carlos do Carmo, 81 anos, morreu, na manhã desta sexta-feira (1º/1), em Portugal. O artista foi vítima de aneurisma da aorta. Ele chegou a ser internado no hospital Santa Maria, em Lisboa, no entanto, não resistiu. A informação do falecimento foi divulgada pela família do fadista à imprensa portuguesa.
A morte de Carlos do Carmo foi lamentada pelo primeiro ministro português António Costa nas redes sociais. "Uma das maiores contribuições para a cultura portuguesa foi a forma como renovou o fado e o preparou para o futuro", destacou. Depois, disse a adeus ao amigo por meio de trecho da música Fado da saudade. "Mas com um nó de saudade, na gargante/ Escuto um fado que se entoa, à despedida".
Carlos do Carmo não era só um notável fadista, que o público, a crítica e um Grammy consagraram. Um dos seus maiores contributos para a cultura portuguesa foi a forma como militantemente renovou o fado e o preparou para o futuro.
— António Costa (@antoniocostapm) January 1, 2021
Já o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa decretou que Carlos "era a voz de Portugal", em entrevista a uma emissora de televisão.
Carreira de Carlos do Carmo, o Sinatra do fado
Carlos do Carmo nasceu em 21 de dezembro de 1939 em Lisboa. Filho da fadista Lucília do Carmo, seguiu os passos da matriarca e acabou se tornando um num dos maiores nomes do estilo musical, ganhando, inclusive, o título de "Sinatra do fado".
O primeiro trabalho gravado foi Loucura em 1963, uma regravação de um sucesso da mãe. A partir daí, seguiu na carreira, que o levou a projeção mundial, com mais de 30 álbuns lançados ao longo da trajetória, entre eles antologias. Em 2014 se tornou no primeiro artista português a vencer um Grammy Latino. Ele foi agraciado com o prêmio pelo conjunto da obra.
A popularização do fado para além de Portugal se deve muito a Carlos do Carmo, autor de sucessos do gênero como Vim para o fado, Lisboa menina e moça e Fado saudade, música que ganhou o prêmio de Melhor canção no Goya 2008.
Foi embaixador da candidatura do fado a Patrimônio Imaterial da Humanidade e rodou o mundo levando o estilo musical. Esteve algumas vezes no Brasil, onde conheceu grandes artistas da música brasileira, como Elis Regina e Ivan Lins.
A despedida dos palcos ocorreu no ano passado, numa apresentação em 9 de novembro no Coliseu de Lisboa. Na ocasião foi agraciado com a chave da cidade, honraria habitual a chefes de estado. Na época, justificou que cantou em praticamente todos os lugares nos 57 anos e que era o momento de ouvir outros fadistas, em vez de cantar.
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