OBITUÁRIO

Obrigado, Seu Vavá!

Paula Barbirato*
postado em 07/01/2021 20:23 / atualizado em 07/01/2021 20:24
 (crédito: João Lacerda/Divulgação)
(crédito: João Lacerda/Divulgação)

O forró e a cultura nordestina sofreram uma grande perda, ontem, com a morte de Genival Lacerda, 89 anos. Internado desde 30 de novembro, o músico morreu em decorrência da covid-19, em Recife. Conhecido por vários apelidos como, por exemplo, Rei da Munganga e Seu Vavá, o artista deixa de legado uma forma única de viver e de se apresentar, com muita alegria e humor.
Nascido em 15 de abril de 1931, em Campina Grande (PB), Genival Lacerda lançou o primeiro disco aos 25 anos, com interpretação de Coco de 56, ao lado de João Vicente; e Dance o xaxado, composta por ele e por Manoel Avelino. O maior sucesso da carreira foi Severina Xique-Xique, com mais de 800 mil cópias vendidas, gravada em 1975, no LP Aqui tem catimberê.
Genival Lacerda teve 30 discos lançados, fez parcerias com Dominguinhos e Marinês, entre outros nomes da cultura nordestina. Acompanhado pelo característico chapéu branco em apresentações, comemorou os 50 anos de trajetória com o lançamento do CD Genival Lacerda ao vivo. Em 2008, saiu em turnê pelos pontos do forró no Nordeste, entre Caruaru (PE), Campina Grande e Juazeiro (BA). Essa série de shows rendeu o documentário É tudo verdade — o Rei da Munganga, de Carolina Paiva.
Repercussões

Marques Celio Rodrigues, presidente da Associação dos Forrozeiros do Distrito Federal (Asforró) lamenta profundamente a morte do amigo. “Para nós, é um forrozeiro com personalidade única. Um personagem que ninguém vai suceder com tanta naturalidade que ele mesmo construiu para o forró”, diz. Na parte técnica, Marques também ressalta as apresentações do artista. “Seu Vavá trouxe a referência de uma modernidade na forma de se apresentar sem perder o ritmo”, analisa.
A presidente do Fórum Nacional de Forró, Joana Alves, se refere a Genival Lacerda como um animador do ritmo com personalidade marcante. “Tive poucos contatos com ele, mas sempre foi uma pessoa que cultivou o bom humor e a alegria. Alimentou muito o forró tradicional”, compartilha. Além disso, é indiscutível a importância do músico para a região em que nasceu. “Ele começou e terminou com a mesma proposta. Sempre dando apoio para que a cultura nordestina sobrevivesse com qualidade”, afirma Joana, moradora de João Pessoa. Pelas redes sociais, o rapper Marcelo D2 também o homenageou: “ Essa dança dele com a mão na barriga, me faz lembrar a alegria do Brasil, me conecta muito com meus antepassados e me trás uma sensação boa de felicidade. Que descanse em paz”.

* Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

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