O projeto Sesc Digital Literatura Livre disponibilizou obras diversas da literatura africana, árabe, asiática, europeia e judaica, traduzidas ao português no formato digital. Os livros podem ser encontrados no site do projeto e baixados gratuitamente para leitura em qualquer dispositivo.
“Que o ambiente digital favoreça o alcance de distintos públicos à diversidade de imaginários distantes geograficamente, que imprimem presença marcante ou diluída na cultura brasileira”, escreveu o Sesc, na descrição do projeto.
No momento, estão disponíveis seis livros. São eles: Contos folclóricos africanos Vol. 1, de Elphinstone Dayrell, George W. Bateman E Robert Hamill Nassau; Coração das trevas, de Joseph Conrad; Crônicas do Japão, de Príncipe Toneri e -no-yassumaro; El Zarco, de Ignacio Manuel Altamirano; O Leviatã, de Joseph Roth; e Viagens de Gulliver de Jonathan Swift.
1. Contos folclóricos africanos Vol. 1, de Elphinstone Dayrell, George W. Bateman E Robert Hamill Nassau
Contos folclóricos africanos reúne histórias coletadas por exploradores, governantes e missionários europeus, em sua maioria contadas diretamente pelos nativos. São narrativas transmitidas verbalmente, de geração em geração, por provavelmente centenas de anos. Os contos revelam o folclore, crenças e códigos de ética africanos. Curiosamente, essa mitologia pré-colonização encontra ecos em muitas outras ao redor do mundo.
2. Coração das trevas, de Joseph Conrad
A história é uma narrativa de Marlow, um marinheiro que teve sua vida marcada por uma experiência na África, durante o auge do imperialismo europeu. Detalhista e extremamente crítico, Marlow monta um cenário envolvente e opressivo, onde um homem (quase uma lenda) chamado Kurtz é o grande protagonista. É talvez a análise mais profunda já feita sobre a comunicação intercultural e seus possíveis resultados; a relação dominador versus dominado se inverte e se subjetiva nesta obra.
3. Crônicas do Japão, de Príncipe Toneri e -no-yassumaro.
Este é o segundo registro escrito das histórias, mitos e lendas da civilização japonesa medieval. Importante fonte do pensamento Shint e da história das primeiras famílias imperiais, Crônicas do Japão narra, por exemplo, a introdução do budismo no país e a Reforma Taika ocorrida no século 7.
Os textos dessa obra têm suas origens em histórias orais. Escritos originalmente em chinês, fato que reflete a influência dessa civilização sobre o povo japonês, foram compilados em 720 por ordem da corte imperial. O objetivo era fornecer ao Japão uma história capaz de fazer frente aos anais dos chineses. Compilado por Ô-no-Yasumaro e pelo príncipe Toneri-no-miko, esta obra mescla lendas, mitos e a genealogia da família imperial.
4. El Zarco, de Ignacio Manuel Altamirano
A América Latina é o cenário de uma história cíclica de pobreza, violência policial, preconceito, racismo, corrupção, arbitrariedades, territórios dominados por milícias e populações inteiras aterrorizadas pelo crime. Em El Zarco, o mexicano Ignacio Manuel Altamirano (1834-1893) apresenta esses elementos e suas correlações. O esplendor da natureza da bucólica Yautepec do século 19 é o cenário para o quadro de caos social no qual vivem seus moradores. É nesse ambiente que se desenvolve uma trama onde o caráter de um homem perverso, mesquinho e vulgar, de pele clara e olhos azuis se contrapõe à honradez, nobreza e justiça personificadas em um índio de pele morena.
As atrocidades praticadas por El Zarco (O “Azul”), dedicadas a saciar sua ganância quase sobrenatural, atingem todas as camadas sociais. Em Yautepec, ninguém está a salvo da miséria, nem mesmo os bandidos. Porém, o autor é cuidadoso ao evidenciar que tal cenário é inequivocamente pior para os pobres honestos, alvo da violência de bandos como o de El Zarco e vítimas do descaso e dos abusos praticados pelas forças do Estado.
5. O Leviatã, de Joseph Roth
Nissen Piczenik, um judeu do distante vilarejo de Progrody, vive como vendedor de colares e adornos feitos de corais. Homem honesto e comprometido com seu ofício — criar e comercializar suas belas “joias vivas” —, Piczenik nunca ousou sair de sua vizinhança. Porém, seduzido pelo antigo desejo de conhecer o mar, ele mergulha em uma aventura ao desafiar sua rotina e deixar para trás tudo aquilo que cultivou até então: sua freguesia e seu impecável artesanato. A breve ausência coincide com a chegada de um novo comerciante, um húngaro que milagrosamente vende corais mais belos e baratos. Assim, toda uma vida de comedimento se transforma em tragédia: ao deixar o lar para saciar o desejo pelo desconhecido e abandonar uma rotina sufocante, Piczenik é tomado pela inebriante vida de Odessa, uma grande cidade portuária com incontáveis navios; ao retornar, o analfabeto vendedor de colares de corais rende-se à chegada ao novo representado por seu concorrente poliglota de Budapeste.
6. As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift
A trama conta as fantásticas aventuras de Lemuel Gulliver, um cirurgião naval curioso, observador, repórter e, frequentemente, vítima das circunstâncias nas terras estranhas. Em Liliput, Gulliver depara-se com pessoas minúsculas e vê a si mesmo como um gigante. Em Brobdingnag, o contrário acontece: ele é um ser minúsculo perto dos nativos gigantes. A ilha de Laputa é o cenário da sua terceira viagem: os habitantes ocupam-se em complôs e conspirações enquanto o país esvai-se em ruínas. Finalmente, ele encontra os Houyhnhnms, cavalos que governam o próprio país, e também os yahoos, seres bestiais que lembram os humanos.
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