Saber de tudo, sem restrições, foi a premissa dos diretores P. David Ebersole e Todd Hughes, ao elaborar o documentário O império de Pierre Cardin, em torno da mítica figura do estilista morto, há duas semanas, aos 98 anos. Estimular o interesse do trabalho do estilista, a partir da projeção da personalidade dele foi o objetivo da dupla de cineastas que defenderia a vitória de Cardin num prêmio Nobel da Paz, dada a capacidade e “o trabalho político que ele fez para reunir culturas, numa celebração”, como destaca Ebersole.
Ele contou, em entrevista exclusiva ao Correio, que “foi como ganhar um Oscar”, a receptividade de Cardin ao resultado na telona, quando da projeção do filme, no Festival de Veneza. Ele classificou o filme de “atencioso, artístico e totalmente verdadeiro”.
Personalidade de interesse recente para museus no Brooklyn, SCAD Fash (em Atlanta), Rosecliff (em Newport) e, com retrospectiva montada em Dusseldorf (Alemanha), Pierre Cardin sempre estimulou as artes. “Ele pretendia mudar o mundo através do corte e da linha”, reforça Ebersole. Sem reservas, os cineastas puderam ter acesso a imagens do antigo parceiro de Cardin, Andre Oliver, e, por meio do Instituto Nacional do Audiovisual (França) obtiveram ricos arquivos de Cardin, desde 1945, com a entrada na Christian Dior. “São 70 anos de tecnologia. Nossas entrevistas vão de preto e branco 16mm ao atual 4K HD”, celebra.
» Entrevista / P. David Ebersole
Quais foram as mais inesperadas descobertas com o filme?
Cardin é um ícone internacional, quase uma figura mítica. Mas ele é um homem real e muito simpático e presente. Ele estava constantemente nos agradecendo! Somos gratos a ele por um master class de três anos em honestidade e graça. Você nunca espera que um gênio seja tão humilde e desarmado. Foi uma surpresa muito agradável. Quando o conhecemos, éramos apenas fãs de seu design, não sabíamos nada de sua carreira.Foi como encontrar um baú de tesouro.
O que efetivou a diversidade vista na obra de Cardin?
Ele foi para o Japão e ficou fascinado pela cultura. Ele foi levado com uma jovem modelo chamada Hiroko Matsumoto, que trouxe para Paris com ele. A moda para Cardin é internacional, então ele escolheu rostos que representassem isso. Capacitou a primeira modelo indiana, Anjali Mendes, que mais tarde se tornaria uma mulher de negócios em seu império da moda.
Você conquistou intimidade com Cardin?
Não foi fácil. Demorou quase um ano para construir confiança entre nós e ele. Quanto mais nos conhecíamos e nos sentíamos confortáveis com nossa equipe de filmagem, mais ele se abria. Claro, um pouco de vinho nunca faz mal! (risos)
O que torna Cardin atemporal?
Como Jean-Michel Jarre diz no filme, como todos os grandes futuristas, seu trabalho continuará a se revelar. No legado fashion, ele foi o homem que nos fez desejar moda de estilistas. Este é o homem que inventou o branding, criou um logotipo incrível e o colocou em tudo. Cardin foi um grande democratizador que achava que a beleza era para as pessoas e não apenas para os muito ricos. Foi o designer original da era espacial.
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