Obituário

Morre, aos 95 anos, um dos grandes atores americanos: Hal Holbrook

Morto há quase dez dias, somente na segunda-feira (1º/2), o ator Hal Holbrook teve o falecimento anunciado

Ricardo Daehn
postado em 02/02/2021 11:27 / atualizado em 02/02/2021 11:28
Hal Holbrook morreu em fins de janeiro, mas só ontem (1º/2) à noite teve a morte anunciada -  (crédito: Robin Beck/ Divulgação)
Hal Holbrook morreu em fins de janeiro, mas só ontem (1º/2) à noite teve a morte anunciada - (crédito: Robin Beck/ Divulgação)

Aos olhos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que vota o Oscar, Hal Holbrook, morto aos 95 anos, precisou de poucos minutos em cena no longa Na natureza selvagem (2007) para impressionar e receber a indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante. Sem sentimentalismo, numa sequência ao lado do protagonista Emile Hirsch, um universitário saído da vida real (Christopher McCandless) que parte para o Alasca, rompendo vínculos com a sociedade; o ator Hal Holbrook personifica a solidão, na pele do idoso e paternal personagem, apto a adotar o protagonista.

Filmado há 13 anos, Na natureza selvagem refletia um pouco da vida real de Hal (nascido Harold), abandonado pelos pais aos dois anos de idade, e criado pelos avós. A morte Hal se deu em 23 de janeiro, pelo que oficializou o The New York Times, mas só foi confirmada ontem (1º/2), pela secretária dele Joyce Cohen.

Harold iniciou a carreira em clube noturno do boêmio bairro novaiorquino de Greenwich Village. Pode ter se rendido a textos de Shakespeare e de Arthur Miller, mas criou um vínculo indissociável junto aos americanos, pelas performances em que deu vida aos icônicos Abraham Lincoln, o presidente, e ao escritor Mark Twain, no show solo Mark Twain Tonight!, pelo qual, em 1966, venceu o prêmio teatral Tony e reprisou, ao longo da vida, em mais de 2000 apresentações.

Curiosamente, ele tinha apenas aos 29 anos, quando começou com a série de apresentações do idoso personagem da vida real, que manteve estreita amizade com presidentes dos EUA e que criou o personagem Tom Sawyer, um marco na literatura mundial. Por mais de seis décadas, Hal Holbrook viveu Mark Twain e chegou a escrever um livro sobre a ligação com o escritor: Harold: o menino que se tornou Mark Twain.

Divorciado por duas vezes, Hal teve três filhos e há 10 anos ficou viúvo da atriz e cantora Dixie Carter. Nos últimos anos de vida, se dedicou a participações em séries como Grey´s Anatomy. Foi na tevê, por sinal, que
Hal ganhou brilho, tendo vencido cinco prêmios Emmy. Vivendo Abraham Lincoln, ele esteve em Sandburg´s
Lincoln (1976) e em North and South (1985). No filme assinado por Steven Spielberg, Lincoln (2012), Hal
viveu um republicano de grande expressão.

Hal Holbrook, na telona, poucas vezes foi protagonista, mas esteve em filmes politizados ou importantes.
A carreira ganhou corpo em A grande esperança branca (1970), que continha críticas a preconceitos raciais.
Desde o televisivo The Senator (1970), Hal afunilou a preferência por filmes politizados como Todos os homens do presidente (1976), no qual deu vida ao informante Garganta Profunda, peça-chave no escândalo do Watergate. Em Julia (1977), havia denúncia do nazismo, equanto o capitalismo foi o alvo de Wall Street, poder e cobiça (1987) e na adaptação de texto de John Grisham, A firma (1993), havia o contexto de advogados inescrupulosos.

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