Alegria on-line!

Mesmo diante das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, blocos de carnaval brasiliense fazem jus à folia e esquentam os foliões para 2022

» Roberta Pinheiro
postado em 12/02/2021 22:00
 (crédito: Clayton Rodrigues/Divulgação)
(crédito: Clayton Rodrigues/Divulgação)

Enquanto as recomendações de saúde são para evitar aglomerações, a folia de carnaval brasiliense se reinventa para não perder o brilho. Nos últimos quatro anos, Brasília viu a festa crescer e tomar conta das ruas de forma gratuita e democrática com a ascensão dos blocos. Para não deixar que essa história se perca, alternativas de todo tipo foram criadas para não deixar folião sem música e purpurina e bem longe da covid-19.
A opção mais adotada por muitos blocos brasilienses é o carnaval on-line. Os blocos, que anualmente se concentravam na praça da 201 Norte desde 2006, estarão reunidos na Praça dos Prazeres On-line. Respeitando todos os protocolos de segurança recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 10 blocos se dividem em dois dias de evento com transmissão pela internet e pela televisão.
A programação digital e gratuita terá transmissão tanto pelas redes sociais quanto pela TV Comunitária do DF, no canal 12 da NET, e ficará gravada para ser retransmitida. “Estamos fazendo de tudo para respeitar bastante o isolamento e todas as precauções com a pandemia. Então, terá o mínimo de pessoas no estúdio e buscamos soluções tecnológicas para suprir as ausências”, explica a carnavalesca Juliana de Andrade, coordenadora da Praça dos Prazeres e da rede Carnavalesca.
“A nossa missão é defender o carnaval e o carnaval não é só aglomeração. Nosso objetivo maior é mantermos a alegria, o afeto, a reinvenção que o carnaval proporciona. E também temos a certeza de que carnaval é saúde, é um antídoto para as muitas consequências dos enfrentamentos da pandemia, uma delas é a saúde mental. Foi um grande desafio criar esse carnaval, mas é uma grande satisfação”, afirma Juliana.
Para comemorar os 10 anos de desfiles carnavalescos na capital, o tradicional bloco brasiliense Aparelhinho também decidiu “sair” on-line. Seguindo a tradição, o bloco ocorre hoje, a partir das 16h. Serão oito horas de duração com transmissão pela plataforma Zoom diretamente de um espaço cedido pela Rádio Cafuné. Além disso, o evento contará com uma rifa, no valor de R$ 18, que contemplará vários prêmios que serão divulgados no decorrer do mês.
Nesta terça de carnaval, data original que o bloco sai pelas ruas de Brasília, é a vez do Essa Boquinha Eu Já Beijei. O coletivo exibirá uma gravação direto da casa das participantes pelo canal do bloco no YouTube. O show vai ao ar às 16h.
Enquanto uns se apresentam virtualmente, outros preferiram resgatar apresentações históricas para não deixar a data passar em branco. Caso do Divinas Tetas. Amanhã, eles transmitem o show do carnaval de 2020, das 14h às 16h, também pela Rádio Cafuné. “Aquela explosão de amor ao vivo em uma gravação inédita”, descreveu o bloco.
“A gente cogitou, mas logo desistiu de fazer uma live, por conta da aglomeração de muitas pessoas. Só o bloco e a equipe são mais de 20 pessoas. Preferimos prezar pela segurança de todos e soltar em primeira mão para o público esse registro do carnaval do ano passado que foi tão significativo para nossa carreira”, Aloizio Lows, vocalista do Divinas Tetas.
Apesar da celebração, o cantor do grupo pontua que enfrentar esse período está complicado. “A verdade é que está sendo muito difícil para todos nós. Além do carnaval ser esse momento de alegria para extravasar as energias desse país tão complicado e caótico, é a fonte de renda de muitas famílias, dos ambulantes aos músicos”, comenta. A pandemia do novo coronavírus atingiu em cheio o setor cultural, o que agravou ainda mais o contexto. “Mas o mais importante agora é todo mundo ficar em casa e continuar se cuidando”, conclui o artista.
Em novembro do ano passado, o grupo, um dos mais disputados do carnaval brasiliense, também presenteou os foliões com o lançamento do videoclipe do cover que fizeram da canção Mistério do planeta, dos Novos Baianos. O vídeo tem a participação dos 14 membros do Divinas, além de alguns convidados.
Criado no carnaval do ano passado, o bloco Rockália, que mistura rock, música eletrônica e tropicalismo, também apostou em outro tipo de interação para manter o contato com os foliões. O grupo, formado por Paulo Verissimo (voz/guitarra/programações), Ivo Portela (baixo/voz), Paulo Thirso (teclado/programações), Sand (percussão/bateria) e Maicon Vasconcelos (bateria), lança hoje, em todas as plataformas digitais, a música autoral Rockálizar. Além de primeiro trabalho com a assinatura do bloco, o single é o hino da folia e avisa, logo no primeiro refrão, “eu cheguei, e não ando só, me rockálizei”.
Acompanhando o lançamento, os integrantes do Rockália divulgam um filtro de Instagram com todas as máscaras do bloco, que remetem aos carnavais de antigamente, e, em março, disponibilizam para os foliões o clipe de Rockálizar. “Com esse trabalho, nossa ideia é ampliar um pouco os espaços que o bloco pode tomar. Almejamos, por exemplo, começar a entrar em festivais autorais e que o bloco funcione independentemente da data. Mas, claro, sem perder as características do Rockália”, explica Paulo Veríssimo.
De acordo com Paulo, o grupo sabia que não seria possível fazer uma folia como planejado este ano. Então, apostou em um projeto diferente. “A gente pensava em fazer um carnaval de rua maior, mas como isso é inviável nessa situação, casou com o plano que já tínhamos de lançar algo nosso”.
Um dos lugares que reunia diversos blocos brasilienses, o Setor Carnavalesco Sul também focou as energias em outra vertente este ano. A folia de carnaval organizada, no Setor Comercial Sul, vai ganhar um documentário para matar a saudade dos foliões. A ideia do material é resgatar as lembranças do projeto que reúne uma diversidade de blocos e público durante o pré-carnaval, o feriado em si e a ressaca de carnaval.
De acordo com Ian Viana, presidente do Instituto No Setor, responsável pela organização da folia, o documentário resgata o início do Setor Carnavalesco Sul e retrata como a festa vai além de uma celebração. “É como o projeto se conecta com tudo o que vem acontecendo no Setor Comercial Sul. Não é uma festa isolada, da alienação. É uma forma de refletir o que anda acontecendo com a gente enquanto sociedade e com perspectivas sociológicas, políticas e econômicas”.

Para uma festa virtual:- Afaste os móveis, a sala e? a pista de danca?;- Voce? e? diretora ou diretor de fotografia e de arte. De? uma disfarcada? na bagunca?, ache o melhor enquadramento e capriche na iluminacao??;- É carnaval! Tire o glitter da gaveta e crie a fantasia;- Preste atencao?? no chat. A melhor forma de curtir e? no computador, mas no celular da? tambem.?

 

 

 

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