Agora é o Oscar

» Ricardo Daehn
postado em 01/03/2021 20:40
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

A 78ª festa de entrega dos prêmios Globo de Ouro teve lá seus momentos, como Gal Gadot (a Mulher-Maravilha) resplandecente em trajes brancos; o ator Jason Sudekis, perdido, ao aceitar prêmio pela série Ted Lasso, vestindo pijama com capuz, e ainda o soberano impacto da octogenária Jane Fonda, dona de um discurso encorajador de ativismo, ao erguer um troféu especial.
Expandir e agregar foram tópicos que permearam a celebração, com os criadores da sétima arte acomodados em casa, numa festa virtual. A cineasta chinesa Chloé Zhao, do drama Nomadland, sempre centrada, se fez um emblema da festa, ao se tornar a primeira não branca a vencer o prêmio de melhor diretora.
Criticada pelo descompasso de não ter um integrante negro no quadro dos votantes do Globo de Ouro, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood fez mea-culpa (“estamos ansiosos por um futuro mais inclusivo”, sublinhou, no palco, um integrante turco), e trouxe certa redenção, dada a quantidade de prêmios para artistas negros. Premiado como ator coadjuvante, Daniel Kaluuya (de Judas e o Messias negro) tem tudo para disputar futuro Oscar com Leslie Odom Jr. (de Uma noite em Miami, cotado para render indicação à diretora Regina King). Entre os intérpretes de personagens negros, quem surpreendeu também foi a estreante Andra Day que, na pele de Billie Holiday, desbancou tanto Carey Mulligan (de Bela vingança, que, com a diretora Emerald Fennell deve ser valorizada pela Academia, na esfera do Oscar) e quanto à potente voz de Viola Davis encerrada no longa A voz suprema do Blues.
Se os votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (definidora do Oscar, numa votação entre 15 e 20 de abril) expressarem coerência, um nome na lista dos atores é barbada: o impecável Chadwick Boseman, vencedor do Globo de Ouro de melhor ator, em celebração póstuma, por A voz suprema do blues. E fazendo eco às palavras da viúva de Boseman, Simone Ledward, que amplificou, num suposto discurso do marido, o componente da saudação à “ancestralidade” dele, a Academia tem faca e queijo na mão para indicar Spike Lee, e os atores Boseman (novamente, mas como coadjuvante) e Delroy Lindo, por Destacamento Blood.
Atentos ao componente do justiçamento, que imperam entre muitas produções pré-selecionadas para o Oscar, numa lista de 366 títulos, em que figuram desde o brasileiro Bacurau até o insuflador Os 7 de Chicago (com destaque para os atores coadjuvantes Sacha Baron Cohen e Mark Rylance), resta saber como a Academia pretende contemplar progressistas filmes destacados pela crítica, entre os quais Miss Juneteenth; Nunca, raramente, às vezes, sempre; Ammonite (com Kate Winslet e Soirse Ronan) e Supernova (com os excelentes Colin Firth e Stanley Tucci). É esperar pelo dia 15 de março.

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