MÚSICA

Guitarrista brasiliense celebra 35 anos de carreira com série de lives

Marlene Souza Lima fará uma série de lives que vão ser transmitidas todos os sábados até 24 de abril, às 20h

Naum Giló*
postado em 19/03/2021 06:00
 (crédito: Yuri Alvetti/Divulgação)
(crédito: Yuri Alvetti/Divulgação)

Para celebrar os 35 anos de carreira musical, a guitarrista brasiliense Marlene Souza Lima fará uma série de lives que vão ser transmitidas todos os sábados até 24 de abril, às 20h. Os shows virtuais poderão ser acessados pelo canal do YouTube e pelas redes sociais da artista, bandleader do MSL Grupo.

Nos repertórios, o público poderá prestigiar músicas de grandes nomes do jazz e da bossa nova, apresentadas com novos arranjos, além de canções autorais inéditas e outras presentes no CD My Way e no DVD gravado ao vivo. Compondo o MSL Grupo, Sidney Campos comanda a bateria, Jorge Macarrão na percussão e no baixo, fazendo a primeira participação no grupo, o conceituado músico Hamilton Pinheiro.

Os temas das lives são divididos da seguinte forma: amanhã e dia 27, Marlene tocará clássicos da bossa nova, incluindo canções que não costumam estar nos seus shows. As músicas mais conhecidas pelo público do jazz serão apresentadas em 3 de abril, enquanto o lado B do gênero fica para a live seguinte, no dia 10. As duas últimas apresentações serão dedicadas às músicas autorais de Marlene.

Trajetória

Conhecida como a guitarra feminina do jazz, Marlene Souza Lima deu os primeiros passos na música aos três anos de idade, quando gostava de bagunçar os ensaios do pai, saxofonista. O apreço da mãe pela bossa nova também compôs o imaginário musical da carioca radicada em Brasília. Veio com a família para a capital em 1969, tendo a música sempre presente enquanto crescia. O gosto refinado é de berço. “Sempre ouvíamos músicas instrumentais em casa e eu não reclamava, achava bom”, lembra Marlene.

Formou-se na Escola de Música de Brasília (EMB), onde teve aulas de violão clássico, teoria musical e solfejo. Mas depois de se encantar com um solo de guitarra de Hélio Delmiro, num disco de Victor Assis Brasil, ela decidiu abraçar o instrumento, com o qual já percorreu um longo caminho até se tornar referência.

Ao longo da carreira, passou por alguns grupos musicais da capital. Entre os ritmos que Marlene tocou estão chorinho, samba e música africana. Apresentava-se em casas que marcaram a noite de Brasília como o Gates Pub. No final dos anos 1980, passou a fazer parte do Brasília Popular Orquestra, big band de jazz regida pelo maestro Manoel Carvalho. “Na Brapo, era necessário ter suíngue junto à rigidez de uma orquestra e a liberdade do jazz”, recorda.

Nos anos 2010, gravou o seu primeiro CD, o My Way, com participação de músicos como Tom Vidal, Paulo Marques, Léo Filho e Kiko Continentino, que hoje é tecladista do ícone da MPB Milton Nascimento. “Foi uma experiência que me abriu muitas portas. Passei a participar de festivais e consegui gravar o meu DVD em 2016”, conta Marlene, que coleciona passagens por festivais como os de Porto de Galinhas (PE), Cavalcante (GO) e o COMA, na edição de 2019, mesmo ano que foi indicada ao Prêmio Profissionais da Música, na categoria música instrumental, e à premiação do Sesc, pelo conjunto da obra da artista.

Como começou a sua história na música?

Tudo começou quando ainda morava no Rio de Janeiro com a minha família. Tinha menos de três anos e infernizava os ensaios do meu pai, policial militar e saxofonista, e meu tio, multiinstrumentista. Eu queria tocar todos os instrumentos. Fui crescendo e sempre tentei fazer música com os instrumentos lá de casa, mas meu pai sempre me lembrava da importância dos estudos. Depois ele viu que não tinha jeito e me matriculou em uma aula de música.

Você começou tocando violão. Como foi que surgiu o interesse pela guitarra?

Um dia, eu estava ouvindo um álbum do saxofonista Victor Assis Brasil, quando escutei um solo de guitarra executado pelo Hélio Delmiro. Tirei aquele som no violão. Meu pai logo me presenteou com uma guitarra, mas, a princípio, eu não dei muita bola pro instrumento. Foi na Escola de Música de Brasília que o interesse voltou para ficar.

O seu público é habituado com os seus shows de improviso. Como isso começou?

Durante o período que estudei na EMB, eu fiz parte de alguns grupos musicais como o Sugestivo, Maracatu Banda e Loga’Ritmo. Nós passávamos mais tempo ensaiando, nas salas de aula da escola, do que em apresentações pelas casas noturnas da cidade. Era um ambiente muito rico, tínhamos aquela liberdade de criação e foi aí que aprendi a improvisar, tudo muito espontaneamente.

Já achou que o seu som não estava bom?

Teve um período que eu não estava gostando de como eu estava tocando, não estava gostando da pegada. Não conseguia sentir nenhuma linguagem específica do jazz. Decidi ligar para o mestre Coringa, que na época morava fora de Brasília, e pedi que ele me desse algumas aulas. Ele disse que não topava dar aulas, mas acabou que nos encontramos, e ele me transmitiu muita coisa legal. Foi com o Coringa que passei a entender melhor o fraseado do jazz. Isso foi no início dos anos 1990.

Em 2010, você gravou o seu primeiro CD, o My Way. O que mudou na sua carreira depois disso?

A partir do CD, muitas portas se abriram para mim. Eu decidi gravar porque muita gente que me acompanhava nas redes sociais, incluindo estrangeiros, perguntavam recorrentemente se eu tinha algum material gravado, até que em 2010 vendi o meu carro para pagar os custos da gravação. Depois que lancei o My Way, passei a tocar em festivais como BB Seguridades, Cavalcante e Porto de Galinhas. Também tive a oportunidade de tocar em São Paulo onde fui muito bem recebida pelo público.

As lives em comemoração aos 35 anos da sua carreira não foram a ideia inicial, certo? O que você planejava?

Íamos fazer o mesmo show em diferentes regiões administrativas do Distrito Federal. Mas, com a evolução da pandemia, decidi fazer lives e como não posso tocar o mesmo repertório em todas as apresentações on-line, preparei shows diferentes para as seis datas. Eu vou mostrar as músicas de que eu gosto e as que eu fiz.

Lives da guitarrista Marlene Souza Lima
Canal do YouTube e redes sociais da artista. Neste sábado e dia 27; dias 3, 10, 17 e 24 de abril, às 20h. Apresentações em comemoração aos 35 anos de carreira de Marlene Souza Lima. Gratuito. Livre para todas as idades

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

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