MÚSICA

Brasiliense consegue bolsa na prestigiada Julliard School, em Nova York

Cantora lírica, Manuela Korossy passou pelas três etapas necessárias para conseguir uma bolsa de 90% na instituição de ensino superior. Agora, ela tenta arrecadar o necessário para completar a matrícula e conseguir viver na cidade norte-americana

Nahima Maciel
postado em 08/04/2021 06:00 / atualizado em 08/04/2021 10:03
Manuela Korossy foi aprovada aos 19 anos -  (crédito: Laycer Tomaz/Divulgação)
Manuela Korossy foi aprovada aos 19 anos - (crédito: Laycer Tomaz/Divulgação)

Foi durante uma participação no coro lírico infantil de uma apresentação de Carmem, no Festival de Ópera do Teatro Nacional, que Manuela Korossy teve a certeza de que queria seguir a carreira de cantora lírica. Aos 11 anos, ela percebeu que o palco e a música lírica eram as coisas com as quais mais se identificava. Na época, a menina estudava canto há quatro anos e integrava uma das turmas de musicalização infantil da Escola de Música de Brasília (EMB). “Foi a primeira vez que participei de uma montagem de ópera profissional e essa experiência me fez decidir que queria seguir carreira na ópera”, conta.

Os passos seguintes seriam de muito estudo, mas o talento de Manuela fez com que pulasse algumas etapas. Fez prova para o curso básico de canto aos 15 anos e foi aprovada. Uma vez matriculada e com três semestres cursados, metade da formação básica completa, a jovem cantora decidiu fazer prova para um nível superior e passou para o curso técnico, que também não terminou, porque foi aceita na Universidade de Brasília (UnB). Agora, aos 19 anos, Manuela se deparou com a possibilidade de realização de um sonho para muitos estudantes de canto lírico: foi aprovada nas três etapas de seleção da Julliard School, a escola superior de música de Nova York, uma das mais prestigiadas no mundo quando se trata da formação em música.

A brasileira conseguiu aprovação com bolsa de 90%, que paga quase todas as despesas de mensalidade e matrícula na escola, mas, mesmo assim, precisa de ajuda para conseguir se manter na cidade americana durante os quatro anos do curso de canto lírico. Para realizar o sonho, Manuela está montando uma vaquinha e começou uma campanha, pelas redes sociais para receber doações. Em duas contas no Instagram (@manuela_korossy_soprano e @primobaciodaprile), ela apresenta o próprio trabalho e conta como foi a seleção para a Julliard. As contribuições podem ser feitas pelo pix manuelat.korossy@gmail.com. Manuela precisaria de R$ 180 mil para completar a matrícula na escola e viver em Nova York.

O caminho para a Julliard apresentou-se pelas redes sociais. Após fazer uma aula pelo Facebook com a professora Rachel Willis Sorensen, a brasiliense foi procurada por uma das alunas, que ficou encantada com a performance da menina, e ouviu que devia se candidatar à escola americana. Daí em diante, foi uma correria para preparar repertório com os professores de Brasília, Vilma Bittencourt e Irene Bentley, e com o americano Darrell Babidge, professor na Julliard. Manuela também teve ajuda do professor Franklin Sagredo Martinis, que mora em Bruxelas. Ela gravou peças de Claudio Santoro, Johann Sebastian Bach, Edward Elgar e Georg Friedrich Haendel. “Mandei, morrendo de medo, mas chegou a notícia de que tinha passado”, lembra.

A segunda etapa também foi um vídeo gravado no estúdio da UnB, mas foi a terceira e última fase que trouxe o desafio para a cantora. Em recuperação, após contrair a covid-19 e sentir muita dor de garganta, ela não sabia se conseguiria segurar a voz em uma performance ao vivo, em chamada de vídeo. “Achei que não teria sintomas, mas tive dor de garganta e outros que afetam a capacidade respiratória”, explica. Depois de acompanhamento fonoaudiológico no Hran e com a ajuda dos professores, Manuela realizou a prova e acabou aceita.

A concorrência na carreira e a entrega corporal do cantor lírico são semelhantes à do bailarino: há muitas sopranos como Manuela no mercado que aspiram aos palcos internacionais, mas poucas chegam lá. A exigência vocal é uma demanda física que, se não for bem cuidada e trabalhada, pode inviabilizar a voz. A brasiliense sabe disso, mas não se intimida: “A carreira de cantor lírico é semelhante à de um bailarino, você vai dedicar sua vida para isso”.

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