Histórias bem contadas

Em comemoração ao Dia Nacional do Livro Infantil, o Correio entrevista autores brasilienses, que destacam a importância da leitura neste momento tão difícil

» Fernanda Gouveia*
postado em 16/04/2021 22:30
 (crédito: Paulo Araujo/Divulgação)
(crédito: Paulo Araujo/Divulgação)

O Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado amanhã, celebra esse gênero da literatura e todos os aspectos que envolvem a criação de um livro para as crianças, e também homenageia o escritor Monteiro Lobato, o pai da literatura infantil brasileira, nascido em 18 de abril de 1882.
Contar histórias, dialogar com as crianças, apreciar a arte ilustrativa e explorar a imaginação estão entre as paixões dos autores de livros infantis. Em Brasília, são diversos os profissionais que trabalham com esse tipo de escrita, cada um com a sua particularidade, mas todos com o mesmo objetivo: incentivar a literatura infantil como uma forma de lazer e aprendizagem.
A pandemia da covid-19 mudou drasticamente a rotina das crianças, com a necessidade das aulas on-line e a impossibilidade de sair de casa para praticar atividades e brincadeiras com outras pessoas. Assim, o livro físico entra como um importante aliado, tanto para as crianças quanto para os pais, e proporciona um momento de qualidade criativa/pedagógica nesse contexto difícil. O Correio entrevistou autores de livros infantis da capital para compartilhar sentimentos e ideias em torno de uma literatura tão fundamental.

*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

Lucília Garcez
A autora é doutora em linguística aplicada ao ensino de línguas e professora aposentada do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (UnB). Entre as obras infanto-juvenis, Lucília possui 18 títulos, nos quais procura despertar valores humanos e o gosto pela língua portuguesa. “Geralmente os livros infantis devem agradar também aos adultos, pois procuram se constituir como arte literária propriamente dita. Antes de ter qualquer objetivo edificante, educativo ou estar a serviço de uma causa muito evidente, os livros devem proporcionar o prazer da leitura em si, encantar e emocionar”, explica Lucília. Ela destaca também que “os livros ilustrados podem significar o primeiro contato da criança com as artes plásticas. Nossos ilustradores são excelentes e estão entre os melhores do mundo”. Sobre a importância do Dia Nacional do Livro Infantil, a autora percebe a presença do assunto em diversos tipos de veículos. “Assim a literatura infantil não passa despercebida e entra na pauta de discussões do momento, o que pode repercutir na sua valorização e difusão para um público mais amplo. Esse movimento pode estimular os pais a buscarem livros mais interessantes para os filhos, garantir o acesso a eles e planejar horários de leitura compartilhada”. Lucília Garcez faz parte do Instituto Casa de Autores, uma confraria de artistas com a missão de tornar o Brasil um país de leitores.
Site do instituto: https://casadeautores.com.br/#autores-da-casa

Alessandra Roscoe
Com 47 livros publicados, Alessandra procura ser verdadeira nas histórias que cria. Para a autora, o mais interessante é que o livro abra um diálogo. “Não tenho assunto proibido, tenho livro que trata de morte, de temas considerados desconfortáveis para os adultos”, explica Alessandra. A escritora também cita a importância do Dia Nacional do Livro Infantil. “Em um país que não é leitor, é fundamental falarmos de livros o tempo todo. Acho muito importante ressaltar que o lugar da leitura é o lugar do prazer” e completa ao dizer que “a leitura literária é um direito de todo cidadão e muitos não têm esse direito. Uma data como essa vem como um grito para que essa realidade seja mudada”. Alessandra Roscoe possui o projeto Uniduniler, que realiza diversas atividades envolvendo a leitura para pais e crianças de várias idades, além de promover o Festival Itinerante de Leitura, que está na 7ª edição.
Site do projeto: www.uniduniler.com.br

Ana Neila Torquato
A brasiliense Ana Neila é professora de educação básica e é também apaixonada pela educação infantil. Com oito livros publicados, ela defende a ideia do protagonismo infantil nas suas obras. No primeiro livro, Minha cidade, a autora convidou a filha de 7 anos para ilustrar a obra e procurou criar histórias que estimulem conversas após a leitura. Além disso, Ana Neila ressalta a importância do livro impresso. “Quando falamos de literatura infantil, o livro impresso tem a sua importância pela materialidade. Para a formação do leitor quando criança, é importante o ato de passar as páginas, então é essencial que o livro impresso sobreviva a toda essa crise”. Ana Neila Torquato também encoraja os pais a lerem mais com as crianças: “Afinal, as crianças que não têm acesso não vão poder fazer a leitura sozinhas”.
Site oficial da autora: https://ananeilatorquato.com.br/

Bito Teles
Escritor, jornalista, especialista em fotografia e comunicação digital, Bito Teles escreveu o primeiro livro ainda criança, mas fez a sua primeira publicação em 2018, com a obra O menino que aprendeu (e ensinou) a olhar. Bito costuma abordar a memória em seus livros, as chamadas histórias memorialistas, que resgatam um sentimento de nostalgia no leitor. “Elas resgatam o sentimento das relações com os avós, com os objetos, então, as minhas histórias estão sempre convidando o leitor a olhar para o livro com esse encantamento da nostalgia e da saudade e a perceber esses detalhes à sua volta”, explica. Além disso, o autor ressalta a importância do livro para as crianças como um primeiro contato com as artes e como uma criação de vínculo entre a família. Segundo ele, principalmente no momento da pandemia, o livro funciona como um meio para viajar e abrir os horizontes.
Site oficial do autor: https://bitoteles.com/

Tino Freitas
O autor cearense, morador de Brasília, além de ser escritor, é músico e jornalista. Seus livros já estiveram entre os finalistas do Prêmio Jabuti de Literatura Infantil (2011, 2013 e 2014) e ganharam o Selo Altamente Recomendável para Crianças pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Para Tino, é mais importante trazer arte em suas obras do que didatismo. “Busco sempre colocar uma pitada de arte nos livros que escrevo. Isso vem em primeiro lugar. Mas quando se produz algo para criança, não podemos negar que haja um viés pedagógico, no sentido de ensinar algo, pois a criança está aprendendo com tudo o que seus sentidos captam no ar”, explica o escritor. Tino Freitas possui a biblioteca Roedores de Livros, sediada na Torre A do Shopping Popular da Ceilândia, que neste ano completa 15 anos de atuação como projeto. Atualmente, por conta da pandemia, a biblioteca está fechada. Além disso, o livro mais recente de Tino Freitas, Tapete vermelho, escrito com Ana Paula Bernardes e ilustrado por Sandra Jávera, conta um pouco da história do projeto Roedores de Livros, a partir de uma linha do tempo sobre a cor vermelha, destacando o trabalho dos mediadores de leituras.
Site oficial do autor: https:// www.tinofreitas.com.br/

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