Ao lado de músicos amigos que deram importante contribuição para a revitalização da Lapa, o bairro boêmio no centro do Rio de Janeiro, Pedro Miranda migrou para a Gávea, na Zona Sul carioca, transformando-a no mais novo polo musical daquela cidade, produzindo e protagonizando projetos ligados ao samba, choro e forró, deixando clara a identificação com diferentes estilos da MPB.
O cantor, compositor e instrumentista, anteriormente, brilhou como integrante do
grupo Semente, acompanhando a cantora Teresa Cristina, em bar homônimo da Lapa. Em seguida, deu início à carreira solo, lançando três CDs. No final de 2017, ao lado de Alfredo Del Penho, João Cavalcanti, Luis Filipe de Lima e outros músicos e cantores, passou a ocupar a panificadora Na Casa da Tatá, às segundas-feiras, com uma concorrida roda de samba.
Além do Samba na Gávea, logo depois ele passou a comandar, às quartas-feiras, o Forró da Gávea, no Dumont Art Bar, e o Choro na Rua, na Praça Santos Dumont. O caldo desses projetos desaguou no Da Gávea para o mundo, o quarto CD desse artista e agitador cultural, que chegou recentemente às plataformas digitais. Esse é o primeiro trabalho em que é o autor da maioria das músicas — sete das 10 das faixas foram compostas com diferentes parceiros.
Três delas, ele fez com amigos do dia a dia. João Cavalcanti é coautor de Pó pará, que abre a lista; Alfredo Del Penho e Moyseis Marques assinam Pedro Desengaiola e a autorreferencial Meu pecado é sorrir, respectivamente. Em outras ele se junta a Cristovão Bastos (Vontade de sair), Ricardo Linares (Comboinhos), Ricardinho Matos (De mirada em mirada) e Jean Grafunkel (Remanso). E há as não autorais: Umbigo, que César Mendes e Arnaldo Antunes fizeram para o neto mais novo de Caetano Veloso; Da Gávea para o mundo, parceria de Luiz Filipe de Lima (produtor do disco) e Joyce Moreno; e Samba da Gávea (João Batista de Oliveira e Oswaldo Lobo), única regravação do álbum — lançada originalmente por Aracy de Almeida, na década de 1940.
» Entrevista //Pedro Miranda
O Samba da Gávea que você criou com cantores e compositores de sua geração influenciou na construção do disco que está lançando?
Sem dúvida, influenciou muito! O Samba da Gávea além de roda de samba, foi virando também uma espécie de sarau de compositores e estimulou muito, em todos nós, a produção de um repertório autoral e novas parcerias e isso, com certeza, ajudou muito no meu desabrochar para a composição. Esse álbum é, em grande parte, fruto da grande inspiração que todos esses encontros musicais na Gávea me trouxeram.
O fato de o álbum ter um número maior de composições suas faz dele o mais autoral de sua obra?
Das 10 faixas do álbum, sete são de minha autoria com parceiros. Em algumas eu sou o letrista, como Desengaiola, parceria com João Cavalcanti, e Vontade de sair, com o mestre Cristóvão Bastos. Pó pará, melodia minha que ganhou letra de João Cavalcanti; e Meu pecado é sorrir, letra de Moyseis que eu musiquei.
Vontade de sair soa como um desabafo em relação à interminável e indesejável, embora necessária, quarentena? Com a letra, quis fazer uma reflexão sobre o momento de agora?
Pois é, sorte a nossa termos a música e a arte para poder desabafar e externar toda essa angústia com um futuro de tantas incertezas e a claustrofobia, mas necessária quarentena, a saudade dos amigos e familiares, enfim, tempos difíceis. Mas, em plena pandemia, tive a alegria de ganhar esse presente, uma melodia do grande Cristóvão Bastos e a oportunidade de virar seu parceiro.
Da Gávea para o mundo
Álbum de Pedro Miranda com 10 faixas. Lançamento da Biscoito Fino e diponível nas plataformas digitais
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