Quando o rock era rock

Roteiro turístico marca a trajetória de bandas da cidade principalmente nos anos 1980 em que tomaram o país e marcaram a música brasileira

Irlam Rocha Lima
postado em 23/05/2021 22:12
 (crédito: Reprodução/Arquivo DF)
(crédito: Reprodução/Arquivo DF)

Colina, Rádio Center, Ginásio Nilson Nelson, Estádio Mané Garrincha, Parque da Cidade, Teatro Garagem, Cafofo, Gilbertinho, Rolla Pedra são alguns dos espaços que fazem parte do imaginário de roqueiros brasilienses. Esses e outros 30 locais tidos como marcos históricos do gênero, que se tornou responsável pela inclusão de Brasília no mapa da música popular brasileira, em breve, vão se tornar pontos turísticos da capital federal.

Decreto nº 42.074, de 6 de maio último, assinado pelo governador Ibaneis Rocha, criou a Rota do Rock, que destaca 39 pontos no Plano Piloto, Lago Norte, Lago Sul e nas cidades de Taguatinga, Guará e Gama, considerados emblemáticos para manter viva a memória desse estilo musical entre os brasilienses e atrair turistas. Nos locais mapeados vão ser instaladas placas de sinalização, conforme padrão determinado pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur).

A ideia da Rota do Rock é de Philippe Seabra, vocalista e guitarrista da Plebe Rede, uma das bandas icônicas do movimento BSB Rock. “Isso era algo que tinha em mente há muito tempo, sob a inspiração do que existe em Cleveland, nos Estados Unidos. Aí procurei um amigo, o Leonardo Brant, professor e diretor do Departamento de Turismo da Upis, que se entusiasmou com a ideia”, relata Seabra.

“Como sou ligado a esta área há bastante tempo, percebi que a iniciativa do Philippe era algo bem interessante. Adaptei o esboço do projeto criado por ele para a linguagem do turismo. Em seguida, o levei ao vice-presidente e diretor administrativo da Upis, Rui Montenegro, que decidiu apoiar a Rota do Rock”, conta Brant. “Logo depois, em fevereiro, ele recebeu aqui na Upis, a secretária de Turismo, Vanessa Mendonça, a quem apresentou o projeto, que o abraçou de imediato”, acrescenta.

Na avaliação da secretária, a Rota do Rock é um novo marco para a capital. “Tenho certeza que vai aguçar a memória de muitos que, como eu, estiveram presentes nos primeiros shows da Legião Urbana aqui na cidade; e que sempre amou a Plebe Rude”, ressalta Mendonça. “Acredito que irá atrair, cada vez mais visitantes, contribuindo para consolidar a capital como destino turístico, além de impulsionar toda a cadeia produtiva”, complementa.

Vocalista e guitarrista dos Raimundos, Digão esteve no Palácio do Buriti, ao lado de Philippe Seabra, no dia da assinatura do decreto de criação da Rota do Rock. “Quem ama o rock de Brasília, ao passar pelos pontos da rota, vai tomar conhecimento onde as coisas aconteceram. A casa da minha familia, na QI 9, do Lago Sul é um desses pontos. Era, lá, onde Rodolfo, Canisso e eu ensaiávamos e criamos o power trio, que veio a ser conhecido nacionalmente como Raimundos”, lembra.

O Mel da Terra, que antecedeu o boom do rock do DF, surgiu no Projeto Cabeças. O flautista e vocalista Paulo Mattos elogia a ação. “Vejo com grande alegria a criação desse roteiro que faz o link de espaços que acolheram as bandas brasilienses, em diferentes épocas. Fico feliz ao saber que locais em que nos apresentamos tenham sido incluídos na rota”, celebra.


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