CINEMA

‘Invocação do mal 3’ está entre as estreias da semana: Confira

O nacional Cine Marrocos também está entre as estreias, que contam ainda com o amor juvenil de Verão de 85 e a fábula da literatura em Alice e Peter

» Ricardo Daehn
postado em 03/06/2021 06:00
 (crédito: Warner/Divulgação)
(crédito: Warner/Divulgação)

 A tentativa de atribuir a responsabilidade de um crime à hipotética possessão sobrenatural está no centro das polêmicas descritas em Invocação do mal 3 — A ordem do demônio, atração do gênero do horror que, pelos dois filmes anteriores, capitaliza mais de US$ 640 milhões.

Água benta, cenas em funerária, exorcismo e símbolos atribuídos a rituais de bruxaria infestam o enredo do longa-metragem dirigido por Michael Chaves e que conta com produção de James Wan (espécie de talismã da franquia Invocação do mal, criada em 2013) e Peter Safran (Aquaman).

O novo filme chega aos cinemas passados cinco anos desde o lançamento da segunda parte da jornada dos estudiosos de paranormalidade Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga), personalidades na mídia norte-americana e que dão margem à expressão “filme baseado em fatos reais”, presente na abertura do blockbuster. Toda a ação tem início com o empenho de o casal expulsar um agente malévolo infiltrado na personalidade do pequeno David (Julian Hiliard), nos emergentes anos de 1980.

O caso de expulsão satânica desemboca em uma questão judicial que pode definir a vida ou morte de Arne (Ruaire O´Connor), o namorado de Debbie (Sarah Catherine Hook), que é irmã de David. O ineditismo da proposição de um caso ligado à existência do diabo invade os tribunais, com o aval de representantes da igreja, em Invocação do mal 3. Ninhada de ratos e propostas de sacrifícios em altares tomados por velas pretas, além de súbitas (e inesperadas) aparições em cena, formulam a atmosfera do longa que tem direção de fotografia de Michael Burgess (Annabelle 3 — De volta para casa).

Óbvio que, em se tratando de enredo derivado apenas de relatos verídicos, Invocação do mal 3 deita e rola em liberdades artísticas; numa das melhores tiradas a macabra boneca Annabelle (outra à frente de franquia milionária) é citada como sendo digna de ser apresentada para quem duvide de sua existência. Uma das dificuldades inciais, aliás, traz à tona a credibilidade da capacidade do diretor Michael Chaves gravitar entre o plágio e a mera homenagem, nas citações cinematográficas que, de um só golpe, incluem O exorcista; Carrie, a estranha; O iluminado e Psicose.

Fábulas sedutoras — Nova roupagem para dois clássicos da literatura britânica, Alice e Peter: onde nascem os sonhos investe em rever tanto Peter Pan (desenvolvido, em 1911, por J. M. Barrie) quanto Alice no País das Maravilhas (escrito por Lewis Carroll, em 1865). O filme assinado por Brenda Chapman, reconhecida pelo roteiro de O Rei Leão e pela aventura animada de Valente, trata de abordar questões de fundos lúdicos e trágicos para os irmãos Alice (Keira Chansa) e Peter (Jordan A. Nash).

Filhos de Jack (David Oyelowo) e Rose (Angelina Jolie), as crianças alcançam universos adultos e infantis, numa trama que, de modo inclusivo, retrabalha arquétipos étnicos na composição da fabulação presente nos contos de fadas. A partir de uma tragédia, o roteiro é desenvolvido na produção que conta com a presença de Michel Caine e Gugu Mbatha-Raw (Versões de um crime).

Houve uma vez, no verão — “Somos todos mortais”, dispara o jovial David (Benjamin Voisin), na trama do mais recente filme (Verão de 85) de um dos maiores talentos do cinema francês contemporâneo: François Ozon, capaz de transitar entre a denúncia de abuso infantil (Graças a Deus), um thriller inspirado (O amante duplo) e um drama sólido sobre doença (O tempo que resta).

Durante seis semanas na vida do já citado David e Alexis (Félix Lefebvre), Ozon descreve a relação febril entre o filho de um proprietário de loja de produtos náuticos e o rebento de um simplório estivador francês. Nutrido por músicas marcantes de Rod Stewart e The Cure, Verão de 85 projeta pactos juvenis e retrata impulsos hedonistas, num mix que lembra O talentoso Ripley e Me chame pelo seu nome.

O cinema dá vida — Partiu de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e da equipe de cinema comandada por Ricardo Calil a disposição de reformular a realidade a ser mostrada no documentário Cine Marrocos, vencedor do Festival É Tudo Verdade, e de prêmios em países como México e Alemanha. Enquanto a prefeitura de São Paulo batalhou pela reintegração de posse, os marginalizados moradores do cinema, abandonado por mais de 20 anos, absorvem estímulos propiciados pela interferência da arte (com a chegada da equipe de cinema) e revalidam suas próprias existências.

Calculada, entra no filme a sonoridade Nine out of ten, música em que Caetano Veloso celebra a influência de astros da sétima arte na reafirmação de emoções diárias. No interior do prédio abandonado, no centro paulistano, pessoas simples como a cabo-verdiana Dulce, separada dos filhos; o senegalês Yamaya, apropriado da voz do rap e a bailarina Volusia Gama, sob a carga da depressão, são tocados pelo teor humanista de filmes assinados por Ingmar Bergman e Jean Renoir ou estrelados por Gina Lollobrigida e Vitorio de Sica. A reprodução de algumas cenas de clássicos do cinema empolga os desassistidos.

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