CULTURA

No mês do orgulho LGBTQIA+, conheça os ícones da diversidade na atualidade

O mês de junho celebra e propõe reflexões sobre o amor e sua diversidade de manifestações em todo o mundo

A coragem de existir e amar é um dos principais motes do Mês do Orgulho LGBTQIA+ deste ano, que chega ao seu ápice amanhã, data internacional da celebração do movimento. O marco evidencia a diversidade e a luta por direitos da comunidade LGBTQIA+. Conheça alguns dos representantes dessa bandeira no país:

Gil do Vigor
Gilberto Nogueira, mais conhecido como Gil do Vigor e Rei da Cachorrada, é o nome do economista pernambucano, de 29 anos, que conquistou o Brasil e tem feito história com seus bordões e alegria. Depois de realizar vários sonhos, entre eles participar do Big Brother Brasil 21 e obter a aprovação no tão sonhado PHD em economia nos Estados Unidos, Gil explica, por meio do livro Tem que vigorar, lançado pela Globo Livros este mês, como foi seu processo de aceitação. A obra traz à tona a história de uma infância marcada por “brigas, sofrimento e fome”, passando pela adolescência de muito estudo e conflitos religiosos, chegando à emancipação do economista ao participar do BBB. Foi na edição de maior audiência da emissora que Gil protagonizou o primeiro beijo entre dois homens no reality — com o ator Lucas Penteado — e empolgou o público com a sua festa do líder: “Quando entrei com aquele figurino, vi aquelas cores representando quem eu sou, meu Nordeste representado na comida… Deus também está no arco-íris. Tudo fazia sentido. Foi um rito de passagem. De aceitação”, destaca Gil no livro.

Pabllo Vittar
“Tudo vai ficar bem, e as minhas lágrimas vão secar/ Tudo vai ficar bem/ E essas feridas vão se curar (...) Se recebo dor / Te devolvo amor…”. Esses são os versos de uma das maiores divas pop do Brasil: Pabllo Vittar, a drag queen mais seguida do mundo nas redes sociais. Pabllo Vittar é o nome artístico de Phabullo Rodrigues, de 28 anos, que nasceu do interior do Maranhão e conquistou espaços inimagináveis para os artistas da expressão drag. Completando cinco anos de carreira, em essência, a drag mistura os ritmos regionais nordestinos ao pop. Em Batidão tropical, seu quarto álbum de estúdio lançado na última quinta-feira, Pabllo retorna às origens. “Essas canções me deixavam poderosa. Eu me sentia forte, e é isso que eu quero para as pessoas nesse trabalho, que se sintam fortes, revigoradas e felizes. Precisamos nos orgulhar das nossas origens e de quem somos”, reforçou Pabllo à imprensa.

Gloria Groove
“A Gloria Groove foi o ápice da minha expressão artística e pessoal”, é o que sempre reforça Daniel Garcia, multiartista, de 26 anos, e criador da drag. Antes de ter o nome artístico Gloria, Garcia já era ator, dublador, rapper, cantor e compositor. Ele explica que por meio desta forma de arte, que está nas bases do movimento do Orgulho LGBTQIA+, pôde transcender como artista. Inspirado por Gloria Gaynor e pela própria mãe, Gina Garcia, que também é cantora, Daniel se consolidou como um dos maiores nomes do pop nacional.

Linn da Quebrada
Cantora, performer e ativista trans, Linn da Quebrada faz do próprio corpo um ato político. Em 2017, ao lado de Jup do Bairro, lançou seu primeiro álbum musical, o Pajubá, com letras que misturam humor ácido com críticas sociais. Em 2019, roteirizou e estrelou o documentário Bixa travesty. Nele, em uma estética libertária, a artista defende que gênero é uma questão de identidade e não de genitalidade. O longa foi aplaudido de pé quando exibido no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Pela obra, Linn recebeu o prêmio Saruê, concedido pela equipe do Correio, e quatro estatuetas do prêmio Candango. Com humor, Linn da Quebrada define a sua identidade: “Esse lugar que eu estou, essa invenção, é o lugar que eu chamo de bixa travesti. É uma travesti, é feminino, mas também tem um lugar de bixa, que não é uma mulher. É um lugar de bixa travesti”.

Ellen Oléria
Escolhida pela música, a cantora, atriz, e musicista brasiliense Ellen Oléria entregou-se à vocação e elevou ao cenário nacional a arte do cerrado, feita com todo o repertório cultural e diversidade que cabe em uma mulher negra, lésbica, da periferia. Tornou-se referência e é seu próprio padrão. Por isso, a artista acredita que a desconstrução da ideia de hegemonia é uma forma de pensar um futuro melhor para todos. “Acho que haver grandes representatividades em um cenário nacional é entender que deixamos um legado e que estamos escrevendo a história juntos. É importante humanizar a ideia de que há outras possibilidades de ser e que isso não precisa ser hierarquizado”. A cantora afirma que celebrar as diferentes formas de amar é revolucionário, especialmente para as mulheres, historicamente inferiorizadas. “É reescrever essa história prevista para nós, nos colocando num lugar de glória, de luz”, finaliza.

Pikineia
Quem já foi para a Victoria Haus, uma das casas noturnas voltadas para o público LGBTQIa+ mais conhecidas de Brasília, deve ter ouvido o famoso “boa noite, Victoria Haaaus”, que virou jargão entre os frequentadores do local. Quem dá voz ao cumprimento é a drag queen Pikineia, apresentadora da casa há cinco anos. Digital influencer, a artista lançou singles nas plataformas digitais e tem clipes divulgados no YouTube. Aos 36 anos, Piky destaca: “Eu me orgulho do que sou, porque eu e muitas pessoas semelhantes a mim dão a cara a tapa para existir. Não só no mês do orgulho, mas a vida toda”.

As Baías
Falando sobre coragem e apresentando 100 anos de história LGBTQIA+, a banda As Baías realiza hoje a Live Show Orgulho, às 18h, no YouTube, com performances de nomes como Gloria Groove e MC Rebecca. Além delas, se apresentam a cantora e compositora Tássia Reis e o cantor MC All Ice. O trio é formado por Assucena Assucena e Raquel Virgínia, duas mulheres trans, e por Rafael Acerbi, um homem cis hé tero. Raquel explica as parcerias do evento. “Todas as pessoas que estão trabalhando neste projeto foram pensadas para que a gente consiga de alguma forma simbolizar o que de fato é uma parada LGBT+, que precisa contemplar outros recortes também, como o racial e o periférico”.


Live Show Orgulho

Por meio do YouTube no canal As Baías.
Hoje, às 18h.
Show do trio com participação de Rapper All Ice, Mc Rebecca, Gloria Groove e Tássia Reis.

O livro Tem que vigorar, lançado pela Globo Livros este mês, conta a trajetória de superação do economista Gilberto Nogueira, um dos destaques do BBB 21.

 

História de orgulho

Cantar, atuar, performar e escrever são alguns dos vários talentos de Valéria Barcellos. Mulher trans negra, ela descreve ao Correio sua relação com a arte e a trajetória como multiartista. “Eu preciso ser multi, eu preciso ficar em todos os campos, eu preciso mostrar para as pessoas a maneira pela qual eu gostaria de ser vista”, comenta sobre os estereótipos que ainda perpetuam as narrativas da existência trans.

A artista lembra como surgiu a ideia de colocar a própria história nas páginas de um livro. Na autobiografia Transradioativa, que ganhou uma versão em audiolivro, no último mês, Valéria traz depoimentos sobre a negritude, a transexualidade e a vivência com um câncer: “A palavra câncer ainda tem um peso muito forte. Com a escrita, veio essa vontade, inclusive para mim, de falar, de comentar, de trocar ideias, de explicar sobre.”


* Estagiários sob a supervisão de Juliana Oliveira