Estreias

Salas de cinema exibem alternativas a 'Um lugar silencioso'

Além do blockbuster 'Um lugar silencioso — Parte II', o circuito recebe filmes ligados a temáticas juvenis

Ricardo Daehn
postado em 22/07/2021 12:01 / atualizado em 22/07/2021 12:07
"Música para quando as luzes se apagam': exibição no circuito, depois da seleção para o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro - (crédito: Zeppelin Filmes/ Divulgação)

Outras estreias, distanciadas das cifras estrondosas do sucesso hollywoodiano Um lugar silencioso — Parte II, que tem produção do midas Michael Bay, entram no circuito de cinema da cidade, a partir desta quinta-feira (22/7). Pesam, nas trêstramas que esteiam, os dilemas de adolescentes que adentram o universo adulto.


Em Slalom — Até o limite, filme dirigido por Charlène Favier, e que tem Marie Talon como corroteirista, o enredo mostra a disposição para a vitória da jovem Lyz (Noée Abita). Destacada para uma intensa formação como atleta de esqui, na comunidade francesa de Bourg-Saint-Maurice, ela vai entrar em choque com a futura profissão. O drama de Lyz reside em se ajustar às pressões excessivas do treinador interpretado por Jérémie Renier, que já foi um campeão exemplar.


Outra atração das telonas é o documentário, com traços de ficção, Música para quando as luzes se apagam. Melhor ator social: foi com esta premiação especial do júri do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro que Emelyn Fischer deixou o evento de 2107, protagonizando o longa. No filme de estreia do gaúcho Ismael Caneppele, o rapaz trans passa por intensa convivência com Júlia Lemmertz, que interpreta uma espécie de alter-ego do cineasta estreante. Emelyn assume aos poucos o papel de Bernardo, um menino que circula por regiões conservadoras do Rio Grande do Sul, entre as quais Estrela, Cruzeiro, Arroio do Meio e Lajeado. Mais de 300 horas de filmagem deram estofo para a produção.

"Irmãos à italiana': premiado pela melhor atuação masculina, no Festival de Veneza
"Irmãos à italiana': premiado pela melhor atuação masculina, no Festival de Veneza (foto: Pandora Filmes/ Divulgação)

Crítica // Irmãos à italiana ###

Uma prova de amizade

Idealizada na infância, é a perspectiva do menino Valerio (Mattia Garaci) que dita os rumos do desenvolvimento de Irmãos à italiana, filme com tons autobiográficos de Claudio
Noce, ambientado nos anos de 1970. Numa ligação estreita, de idolatria, mas reservada certa distância, Valerio tem noções dos percalços enfrentados pelo pai Alfonso Le Rose (Pierfrancesco Favino), tido como espécie de herói da comunidade, pela dedicação profissional de prender ou até mesmo executar criminosos.

O pai do diretor do longa-metragem, que foi selecionado para o Festival de Veneza, era vice-diretor de polícia. Muito disso e da ligação familiar de Noce é patente no filme. Afetado pela rotina áspera da família, dado o contato com armas e uma atmosfera tensa, pela sede de vingança de comparsas do crime, Valerio, na trama, cresce com uma deficiência no círculo de amizades, um fator que ele compensa criando até mesmo amigos imaginários.

A rotina solitária leva o menino, traumatizado por uma execução testemunhada na calçada da casa dele, a conduzir apertados laços de amizade com Christian (Francesco Gheghi), um rapaz que, ao acaso, entra na vida da família Le Rose.

Visto na série Marco Polo e no longa de coprodução nacional O traidor, o ator Pierfrancesco Favino acha uma maneira de roubar a cena, dada a forte presença e a aura de integridade e de devoção à família. O resultado foi ter a atuação reconhecida com a Taça Volpi de melhor ator em Veneza. Mesmo assim, há largo espaço para as descobertas juvenis dos personagens Valerio e Christian. Os excessos dramáticos do filme já chegam perdoados, uma vez que tudo passa pelo filtro nada ponderado da perspectiva de uma criança

 

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