Tantas Palavras

Correio Braziliense
postado em 23/08/2021 21:02


O tempo do amor

Não tenho âncora no passado,
nem como pão requentado na mesa do amanhã.
As fotografias não doem.
Esvaziadas todas as palavras prometidas ao eterno.
O tempo lava os ponteiros dos segundos,
atualiza dores, desejos, e desbota mágoas.
Aportam-se e partem tantos personagens
no cais do amor!
Ninguém preso aos meus passos,
sob meus pés, pisoteando meu prumo.
Passado não tem fôlego para seguir alegria:
É terra dos mortos.

Carmen Moreno

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