Uma programação feita de cinema, música, poesia e pílulas culturais do multifacetado continente africano integra Luz da África, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), exibida de forma on-line, até 19 de setembro. “O continente africano é diverso, potente e extremamente cultural. Dentro desse contexto há tantos símbolos e possibilidades criativas que avançam muito além dos nossos desejos”, enfatiza a atriz Maria Gal, uma das curadoras do evento que apresenta 13 filmes premiados no New York African Film Festival, afirmado desde os anos de 1990.
“O cinema nos permite entrar em novos e diferenciados mundos, muitas vezes sem julgamento ou preconceito. Há um espaço sensitivo que nos permite desfrutar e experimentar a vida. No cinema, noto a conexão humana dos nossos potenciais”, observa a diretora Phillippa Ndisi-Herrmann, que apresenta o longa New moon (qualificado para a seleção do Oscar de 2018), na plataforma (bb.com.br/cultura), no domingo (12/9).
A preocupação inicial, dada a construção de um grande porto perto de uma ilha sem carros, com risco ao ecossistema se confirmou, com poluição e rotina afetada para os pescadores; porém o filme extrapolou o relato de desequilíbrio ambiental. Crença e fé deram direções. “O filme é sobre confiar em sua vocação, e deixar o caminho fácil para encontrar uma vida com propósito, autêntica”, diz a cineasta.
Ciente da generalização, Phillippa alinha a energia feminina — destacada na mostra Luz da África — como altamente compassiva, generosa e intuitiva, e percebe essas qualidades como indispensáveis, na “comunidade e na governança local e global”.
Os trabalhos de colegas como a cineasta indiana (há mais de 20 anos moradora do Quênia) Ravneet Sippy Chadha, a etíope Amleset Muchie e a carioca Sabrina Fidalgo endossam perfeitamente a visão da realizadora de New moon. “Há milênios, as mulheres são as guardiãs das crianças. Mais receptivas e sensíveis do que os homens, acredito que a dor e as lutas de uma mãe são percebidas por seus filhos. Todas, como eu, mães, irmãs e amigas, precisamos apoiar mais mulheres em nossas comunidades, que elas possam ser ainda melhores protetoras e guardiães das crianças”, demarca Phillippa.
Ponte cultural
À dúvida do que seria da cultura brasileira sem a presença africana, a curadora de Luz da África, Carina Bini (em trabalho conjunto com Alissa Sanders), responde com a observação ouvida da embaixadora do Gana, Abena Busia: “A música brasileira é africana”.
Na análise da contribuição de 35 embaixadas africanas para Luz da África, Carina Bini encorpa o significado do evento, a depender de como cada indivíduo se relaciona com a presença africana no Brasil. “Filmes como O som das máscaras (coproduzido entre Moçambique, África do Sul e Portugal) trazem um olhar para a cultura africana ancestral e sua sobrevivência através dos tempos. Isso diz muito para nós brasileiros. Compreender o importante papel da África na formação da nossa cultura e a percepção de que ainda conhecemos muito pouco desta nossa ancestralidade, desperta a necessidade de nos aproximarmos da África e trazê-la cada vez mais perto de nós”, explica.
Luz da África
Centro Cultural Banco do Brasil — CCBB (Sces)
Mostra de filmes realizados por diretoras, com exibição on-line, até 19 de setembro
Sessões diárias, com disponibilidade dos filmes entre 19h e 23h59
Consulte: bb.com.br/cultura
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.