A brilhante vida de Tatá

Estrela de Sai de baixo, Luis Gustavo, o ator que era conhecido como Tatá, morreu em São Paulo ontem. A última aparição do artista na TV foi em 2018

» Giovanna Fischborn » Ronayre Nunes
postado em 19/09/2021 22:50
 (crédito: Globo/Reprodução)
(crédito: Globo/Reprodução)

Dos bastidores para o humor em cena. O ator Luis Gustavo começou trabalhando na TV como contrarregra, auxiliar de iluminação e cinegrafista. Quando migrou para a parte artística, realizou papéis inesquecíveis. Personagem popular, o ator foi Vavá, do programa Sai de baixo. Ele morreu ontem, aos 87 anos, em Itatiba, São Paulo, onde morava. Conforme comunicado da Rede Globo de Televisão, foi vítima de complicações de um câncer no intestino.

Filho de espanhóis, Luis Gustavo nasceu em Gotemburgo, Suécia, em 2 de fevereiro de 1934, e migrou para São Paulo ainda criança. Ele deixa dois filhos, Luis Gustavo Vidal Blanco, da união com Cris Heloísa Vidal, e Jéssica Vignolli Blanco, da relação com Desireé Vignolli. O ator era casado com Cris Botelho. Deixa, ainda, uma neta e dois sobrinhos.

Tatá, para os mais íntimos, foi assistente de direção de vários programas, entre eles o teleteatro TV de Vanguarda, produção que rendeu a estreia dele como ator. Na época, Walter Avancini havia adoecido e faltava um ator para Mas não se matam cavalos, de Horace McCoy. Luis Gustavo, então, o substituiu. Depois disso, não parou mais de interpretar.

TV e teatro

A estreia no mundo das novelas veio com Se o mar contasse, de Ivani Ribeiro, na TV Tupi, em 1964. Também na emissora, fez diversos trabalhos nos anos 1960: O sorriso de Helena (1964), O Direito de nascer (1964), O Amor tem cara de mulher (1966) e Estrelas no chão (1967).

Na época, além da TV, Luis Gustavo dava início à carreira no teatro. Com a atuação em Quando as máquinas param (1967), de Plínio Marcos, ganhou o prêmio de melhor ator da Associação Paulista de Críticos de Teatro (APCT).

Um ano depois, participou da telenovela brasileira, Beto Rockfeller, de temática urbana e linguagem moderna, que influenciou a produção de telenovelas da época. Depois de um ano no ar, Beto Rockfeller foi adaptado para o cinema por Olivier Perroy, em filme protagonizado por Luis Gustavo. A imagem de Tatá ficou bastante associada à do anti-herói espertalhão.

Contratado pela TV Record, atuou em Editora Mayo, bom dia (1971), de Walther Negrão. Em seguida, novamente na TV Tupi, esteve em Os inocentes (1974), de Ivani Ribeiro, e O sheik de Ipanema (1975), de Sérgio Jockyman.

Após uma pequena participação no filme Amada amante, Luis Gustavo, de volta à Globo, interpretou o detetive Mário Fofoca, em Elas por elas (1982), de Cassiano Gabus Mendes. O sucesso foi tamanho que a trama foi reestruturada para explorar mais as cenas de humor envolvendo o detetive. Quando a novela terminou, e ainda com a popularidade de Mário Fofoca em alta, estrelou o filme As aventuras de Mário Fofoca (1982), de Adriano Stuart, e o seriado Mário Fofoca (1983), com textos de Luis Fernando Verissimo.

Na série, Mário Fofoca era um detetive confuso e desastrado, que solucionava os casos aos trancos e barrancos; mas, desta vez, se mudara para o Rio de Janeiro para viver na casa da mãe, Raquel (Ana Ariel), uma senhora que não aprovava a profissão do filho. Ele contracenava com Osmar Prado e Evandro Mesquita.

Em 2010, Luis Gustavo pôde reviver Mário Fofoca, que ressurge como personagem da segunda versão da novela Ti-ti-ti.

Eterno Vavá

Foi nos anos 1990 que um novo humorístico entrou na agenda de trabalhos de Luis Gustavo: seria feito ao vivo e com plateia, e dava espaço para todo tipo de improviso que surgisse. Com essa dinâmica, criou-se o Sai de baixo, que foi ao ar, com sucesso, de 1996 a 2002.

Era difícil segurar o riso. O programa explorava os erros de gravação, e a plateia e o próprio elenco se divertiam muito. Em Sai de baixo, Luis Gustavo deu vida ao Tio Vavá, patriarca de uma louca família. Os outros personagens da trama eram Cassandra (Aracy Balabanian), Magda (Marisa Orth), Caco (Miguel Falabella) e os empregados João Canabrava (Tom Cavalcante) e Edileusa (Claudia Jimenez).

Em 2013, Sai de baixo ganhou uma temporada extraordinária, em parceria com o canal Viva, exibido também na Globo. O humorístico retornou aos palcos — o Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo —, com elenco e equipe técnica originais e quase completos.

No mesmo ano, o ator participou da novela vencedora do Prêmio Emmy Internacional de 2014: Jóia rara, de Duca Rachid e Thelma Guedes. Os últimos trabalhos de Luis Gustavo na TV Globo foram Brasil a bordo e Malhação: vidas brasileiras, ambos em 2018.

Repercussão

Marcados pela grandiosidade dos papéis que ganharam vida com Luis Gustavo, artistas, e personalidades brasileiras comentaram a morte do ator. Miguel Falabella, colega do Sai de baixo, postou em uma rede social: “Meu amado Tatá, eu confesso que não estava preparado para me despedir de você. Sequer sonhava com esse momento, pois, além de meu ídolo, você foi uma das melhores pessoas com quem tive a oportunidade de cruzar neste plano. Que linda existência! Que vida animada!”

Letícia Spiller, o autor Walcyr Carrasco, Lúcio Mauro Filho e Marcelo Médici também deixaram mensagens de carinho na internet.

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