Lançamento

Cantor Silva celebra a paz em novo disco, 'De lá até aqui'

Capixaba Silva comemora 10 anos de carreira com o terceiro projeto desenvolvido durante a pandemia

Em comemoração aos 10 anos de carreira, o músico capixaba Silva lança o álbum De lá até aqui, terceiro projeto do artista durante a pandemia. O disco reúne releituras dos trabalhos anteriores do cantor, incluindo um cover de Marisa Monte, que fez parte do trabalho Silva canta Marisa, e uma interpretação de Amantes, faixa da banda de axé Araketu, presente nos shows carnavalescos do Bloco do Silva. O álbum foi gravado na casa que o músico construiu com Lucas, irmão, empresário e parceiro de composições, na região serrana do Espírito Santo, local onde também foi registrada a parte visual do projeto.

"O meu irmão é meu melhor amigo", afirma Silva em entrevista ao Correio. “É muito importante ter na nossa vida quem bota a gente para frente e ele tem essa função para mim, de alavancar as coisas”, explica. Ao lado dos irmãos, o produtor André Paste fecha o trio que existe por trás do sucesso de Silva. “Qualquer coisa que vá fazer na carreira eu pergunto para o André, o que ele acha, se ele está gostando, o que ele está ouvindo”, conta o músico. “Sempre fomos nós três, desde sempre, e hoje virou uma coisa oficial. É um trabalho de seis mãos e eu gosto muito disso, acho que fica menos solitário”, assume.

Para o cantor, o processo de revisitar as músicas que marcaram os 10 anos da carreira foi emocional. “Eu tive vontade de chorar, mas não de tristeza, e sim aquele choro que você fala: ‘caramba, olha isso’. A música que mais me emocionou enquanto eu fazia esse álbum foi Ainda, que é uma faixa só no piano e que eu fiz quando eu tinha 19 anos. Então, lembrei de muita coisa, de como eu era novo e não imaginava que nada disso aconteceria comigo”, relembra.

“Embora a gente esteja num momento triste como país, eu tinha muita coisa para comemorar da minha carreira, acho que não podia passar em branco. Foram muitas coisas. A gente olhou para trás e falou: ‘Quantos lugares a gente já visitou, quantas coisas a gente já fez, como foi aumentando o público nos
shows’”, pontua o cantor. “Foi uma coisa muito louca de se viver”, garante.

No entanto, Silva fez questão de comemorar a década de carreira da forma que mais se adequasse aos tempos atuais. “Eu senti que esse não era o momento de vir com uma festa dos 10 anos. Eu quis vir de um modo que dialogasse melhor com o que a gente está sentindo agora. Eu queria que esse disco trouxesse um pouco de paz para lidarmos com a melancolia”, explicou.

Acompanhada pelas releituras, Pra te dizer que tô feliz assim é a única faixa inédita do álbum. “Essa música é temática, e a gente não faz muito isso, não é uma coisa muito comum. Mas a gente precisava falar desse momento que a gente viveu até aqui. Ao mesmo tempo, ela fala de amor também, combina bastante com minhas histórias de amor pessoais”, admite.

Para os próximos 10 anos, Silva pretende focar no objetivo inicial da carreira, quando não tinha a pretensão de ser necessariamente cantor, e, sim, músico. “Eu estou sentindo que esses próximos 10 anos têm que ser de dedicação à música mesmo, voltar a tocar mais violão, arrasar no piano, fazer umas coisas lindas, cantar mais, estudar mais, para a coisa musical evoluir”, adianta o capixaba. “Eu quero, daqui a 10 anos, poder falar assim ‘nossa, eu evoluí muito musicalmente’. E não quero ser aquele artista que você ouve no futuro e fala ‘fulano envelheceu e nunca mais fez nada legal, né? Nunca mais saiu nada de bom musicalmente’. Isso é o que eu mais tenho medo na vida. Não tenho medo de ficar pobre, não tenho medo de morrer, não tenho medo de nada, só tenho medo de perder a mão com a música e não saber mais lidar com ela”, finaliza.

* Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

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