Morre Remo Usai, maior compositor do cinema brasileiro

Um dos principais nomes do Cinema Novo, mas também responsável por comédias como filmes dos Trapalhões, Usai morreu no Rio de Janeiro aos 93 anos

Jéssica Gotlib

postado em 10/02/2022 10:26 / atualizado em 10/02/2022 10:32

Maestro Remo Usai foi homenageado pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2011 pelo conjunto da obra - (crédito: Remo Usai/Facebook/Reprodução)

Morreu aos 93 anos de idade, no Rio de Janeiro, o maestro e compositor Remo Usai, considerado o maior músico do cinema brasileiro. Um dos principais nomes do Cinema Novo, Usai foi responsável pela música de filmes como O Assalto ao Trem Pagador (1962) e O Caso Cláudia (1979). Este último, rendeu a ele o prêmio de Melhor Trilha Sonora no 12º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Três edições antes, Usai já tinha sido indicado ao prêmio pela trilha de Pecado na Sacristia (1975).

Mas o músico também deixou sua marca em sucessos conhecidos pelo grande público, como O trapalhão nas minas do Rei Salomão (1977), O trapalhão na arca de Noé (1983) e As aventuras da Turma da Mônica (1982). Ao longo da carreira, ele compôs trilhas para mais de 120 filmes e incontáveis programas de televisão. Usai é ainda hoje o compositor com mais trabalhos da história do cinema brasileiro e chegou a ser o único profissional especializado na área no mercado nacional entre as décadas de 1960 e 1970.

"A música é arte. Ela não é ditatorial, a música. Ela não impõe condições, ela propõe emoções" Remo Usai, 2008

A importância do músico é tamanha que ele foi tema de trabalhos acadêmicos por estudantes de cinema e um documentário intitulado Remo Usai - Um Musico para o Cinema. A produção, de Bernardo Uzeda, conta com entrevista do próprio Remo e de pessoas que acompanharam os 40 anos de carreira dele. O documentário foi vencedor do Festival É Tudo Verdade, edição de 2008, na categoria melhor curta metragem.

Remo Usai - Um Musico para o Cinema - PT.mp4 from Bernardo Uzeda on Vimeo.

Ele também foi protagonista de uma disputa judicial por direitos autorais que se arrastou de 1983 até 2021. O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) fez um depósito judicial determinado em cerca de R$ 3,5 milhões ao compositor, que já estava com 93 anos de idade e saúde debilitada, pela reprodução de suas músicas.

Crematório

A morte foi informada pela família ao jornal O Globo na quarta-feira (9/2). As informações dão conta de que ele sofreu uma broncoaspiração no domingo (6/2) e chegou a ficar internado no hospital, mas não resistiu.

O compositor deixa a esposa, Antonia Colacicco Usai, dois filhos e quatro netas. O velório será no Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju, na capela nº 5, nesta quinta-feira (10/2), a partir das 12h30. Em seguida, o maestro será cremado.