Encerra-se, hoje, em Brasília, a Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (Cilpe), organizada pela Organização dos Estados Ibero-americanos. Luis García Montero, diretor da rede do Instituto Cervantes da Espanha no mundo, compareceu ao evento, que visa reforçar a cooperação entre as línguas, discutindo temas como cultura, ciência e inovação.
Em conversa com o Correio, o diretor lembrou a importância da união dos dois grandes idiomas ibéricos, não só em virtude da cooperação entre diferentes culturas, mas também pelo compartilhamento de valores. "A língua é um espaço de valores, e a união entre português e espanhol pode configurar um espaço importante para valores importantes como a democracia", destaca o diretor.
Estimativas apontam que 850 milhões de pessoas no mundo falam português (260 milhões) e espanhol (590 milhões). Entretanto, Montero ressalta que é preciso ter o cuidado com a diversidade cultural que existe entre os países falantes desses idiomas. "As línguas majoritárias não podem representar um perigo para as menores de desaparecerem, como é o caso das línguas indígenas".
A conferência serve de palco para discussões sobre os desafios importantes acerca do lugar que as línguas ibéricas ocupam no mundo. Um deles é o perigo delas perderem espaço global no futuro, já que a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê uma explosão demográfica na África Subsaariana nas próximas décadas, em contraste com a estabilização populacional nos países ibero-americanos. Por isso a necessidade do uso maior do espanhol e do português nos âmbitos da ciência e da tecnologia.
Potencializar o ensino dessas línguas mundo afora, a inserção delas na linguagem dos maquinários como forma de eliminar padrões linguísticos existentes, as linguagens usadas nas redes sociais como forma de mitigar a disseminação de fake news são outros assuntos debatidos na Cilpe 2022.
Na última quarta-feira, Montero teve um encontro com a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão Moura, para uma conversa sobre cooperações. "Queremos estimular a vinda de personalidades da literatura e da ciência de países hispanófonos como forma de aprofundar as relações com a instituição", afirma Luis.
Em Brasília, o Instituto Cervantes promove eventos culturais que envolvem desde literatura, até dança e música clássica, além do ensino da língua espanhola. Segundo Luis García, a retomada das atividades presenciais deve ocorrer aos poucos, mas destaca que, mesmo à distância, os eventos promovidos pelo instituto não perdem o seu valor. Ele lembra também do papel desempenhado pelas embaixadas no cenário cultural da capital. "Mais da metade das atividades culturais do Cervantes são feitas pelas embaixadas dos países latino-americanos".
*Estagiário sob a supervisão
de José Carlos Vieira
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