Crítica

Bergman é celebrado e criticado em filme de Mia Love: leia a crítica

Por meio da dinâmica de personagens fictícios, a diretora francesa Mia-Hansen Love comenta a obra do imortal Ingmar Bergman

Ricardo Daehn
postado em 24/02/2022 14:11 / atualizado em 24/02/2022 14:11
Cena do filme 'A Ilha de Bergman' -  (crédito:  Pandora/Divulgação)
Cena do filme 'A Ilha de Bergman' - (crédito: Pandora/Divulgação)

Crítica / A ilha de Bergman ###

Esforçada homenagem

Tal qual o desdobrar de um roteiro turístico, com dicas preciosas, a diretora francesa Mia-Hansen Love investe nas ações descritas em A ilha de Bergman, que tem por pano de fundo a obra de um dos reais mestres do cinema: o sueco Ingmar Bergman (morto em 2007). Antes de mais nada, vale salientar que não se trata do documentário homônimo, realizado em 2004. Tal qual nos longas Liv & Ingmar: Uma história de amor (2012) e Bergman — 100 anos (2018), o novo filme, que tem entre os produtores o brasileiro Rodrigo Teixeira, trata a famosa ilha do Mar Báltico (Faro, na qual o diretor fixou residência) quase como personagem.

No centro do enredo, Vicky Krieps (de Trama fantasma) interpreta Chris, uma cineasta casada com Tony (Tim Roth). Ambos abraçam itinerário sonhado por cinéfilos e por artistas que pretendem sorver inspiração repassada pela casa do imortal diretor Bergman, responsável por obras-primas do cinema, entre as quais Através de um espelho, Luz de inverno e O silêncio. A crença em fantasmas era constante na obra do diretor, daí a cineasta revolver passados mortos, ao criar um enredo paralelo, no plano da imaginação de Chris: Joseph (Anders Danielsen Lie) volta a conviver com Amy (Mia Wasikowska), incapaz de superar a posição de virtual amante.

Na trama central, a perspectiva de uma espécie de crendice que cerca separações de visitantes é bastante sugerida. Emulando cenas de clássico como Vergonha (1968) e Mônica e o desejo (1953), Mia-Hansen Love aproveita para trazer relíquias do universo de Bergman, reafirmar impressões acerca dele (por vezes, desfavoráveis) e, igualmente, prestar reverência a Ingmar Bergman. Instigar, como no lapso de tempo descrito na cena do escritório (e que dá margem ao preceito de realidade adormecida, já usado por Bergman, em filmes e na vida), é dos méritos do filme que ainda abusa de fusões temporais, de jogos dramáticos e de encenações, vagamente, constituídas de teor bergmaniano.

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Cinquentão revigorado

 (crédito:  Paramount/Divulgação)
crédito: Paramount/Divulgação

Em homenagem aos 50 anos de sucesso de O poderoso chefão, clássico vencedor de três prêmios Oscar (filme, ator e roteiro adaptado), o Espaço Itaú trará de volta o filme, em sessões às 13h30, 17h e 20h30. Adaptado da obra de Mario Puzo, o longa conta a saga da família de mafiosos comandados, num primeiro momento, por Don Vito Corleone (Marlon Brando). O longa ainda competiu em outras oito categorias do Oscar.

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