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Djavan celebra 50 anos de carreira com show no Centro de Convenções

Djavan apresenta hoje no Centro de Convenções o show Vesúvio, em que reúne composições novas e clássicos de uma carreira de quase 50 anos de estrada

Irlam Rocha Lima
postado em 26/03/2022 06:00
 (crédito:  Nana Moraes/Divulgação)
(crédito: Nana Moraes/Divulgação)

Artista de grande popularidade entre os brasilienses, Djavan está distante dos palcos da cidade desde abril de 2019, quando se apresentou no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O espetáculo Vesúvio fez tanto sucesso que ele o traria de volta em março de 2020. Com a pandemia, cancelou toda a agenda de shows que, só agora, está sendo retomada. O cantor e compositor alagoano reinicia pela capital federal, hoje às 22h, a turnê interrompida.

Três anos depois, Vesúvio volta a ser apresentado no mesmo local e, segundo Djavan, com algumas pequenas mudanças, inclusive na formação da banda, na qual Marcelo Mariano substitui o baixista Arthur de Palla. Ele se junta a Torquato Mariano (guitarra), Paulo Calazans e Renato Fonseca (pianos) e Felipe Alves (bateria), da formação original. Suzane Queiroz assina o cenário, enquanto Binho Schaefer é o autor do projeto de luz. O cantor, responsável pela direção musical, usa figurino criado por Roberto Stamato.

"Vesúvio é um show com canções marcadas pelo amor, pelo poder da natureza e que focaliza também questões sociais", destaca Djavan. "Volto a fazê-lo no período em que estamos vivendo um momento nebuloso, de muita incerteza no Brasil e no mundo. Gostaria que minha mensagem musical chegue às pessoas de forma cristalina, sempre buscando novas motivações", acrescenta.

No repertório do show foram reunidas canções do álbum homônimo, lançado em 2018, entre as quais Solitude, Cedo ou tarde, Orquídea e a que dá título ao trabalho; e clássicos da importância de Flor de liz, Eu te devoro, Samurai, Se e, claro, Linha do Equador, parceria de Djavan com Caetano Veloso, que traz na letra referência a Brasília.

Com carreira iniciada em Maceió, Djavan se tornou conhecido após radicar-se no Rio de Janeiro, onde em 1973 passou a cantar em casas noturnas. Dois anos depois lançou o primeiro LP. Da obra que construiu em quase 50 anos constam 28 discos e incontáveis sucessos. Músicas de sua autoria foram gravadas por grandes nomes da MPB, de diferentes gerações como Maria Bethânia, Gal Costa, Ivete Sangalo, Arnaldo Antunes, Seu Jorge e Criolo. Em setembro ele participa pela primeira vez do Rock in Rio, apresentando-se no palco principal.

Vesúvio

Show de Djavan e banda hoje, às 22h, no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Ingressos: setor superior R$ 120, setor especial R$ 160 e setor vip R$ 200 — referentes a meia entrada. Ponto de venda: site Eventim e na Central de ingressos do Brasília Shopping. Obs: Quem adquiriu ingresso para a apresentação de 2020 terá acesso ao show. Não recomendado para menores de 16 anos.

Durante a longa quarentena, determinada pela pandemia, conseguiu ocupar o tempo com atividade produtiva?

Muito Pouco. Produzi muito pouco, cantei algumas canções, postei algumas canções cantando voz e violão, mas, em geral, eu fiquei paralisado por esse estado de loucura que foi a pandemia e que está sendo ainda, mas estamos no final, graças a Deus, se é que podemos realmente chamar de final já. Só a partir de junho, julho do ano passado é que eu comecei a pensar em um disco novo e comecei a trabalhar nisso, me animei e comecei a escrever as canções. Mas realmente a minha produção na pandemia foi pequena.

Com Vesúvio, em 2019, você se apresentou no Brasil — inclusive Brasília — e em países da América do Sul. Quando a turnê foi interrompida?

A pandemia, infelizmente, interrompeu a turnê Vesúvio que estava muito bem. Eu estava curtindo muito fazer aquele show e tivemos que interromper. A última apresentação foi em 14 de março de 2020 e, agora, eu estou voltando. Estou com um disco novo quase pronto, quer dizer, estou com a cabeça já no futuro, mas tendo que voltar ao passado para cumprir o restante da turnê. Agora nos ensaios para essa retomada, eu me senti feliz em voltar a cantar aquele repertório. Estou animado e vai ser uma final de turnê maravilhosa.

Já havia agenda para prosseguir com o show em 2020?

Sim, o show continuaria e iria até o meio do ano. Em abril, faríamos apresentações nos Estados Unidos e, em julho, encerraríamos a turnê na Europa. A gente teve que interromper correndo porque todo mundo precisou parar tudo o que estava fazendo.

Qual é o sentimento ao retomar a excursão, a partir de Brasília?

É um sentimento de voltar a vida, né? Voltar à normalidade e isso alegra a todos. Eu estou muito feliz de poder subir no palco de novo. Estou há dois anos sem cantar, isso foi difícil porque cantar é um ato físico, mexe com o corpo inteiro, mais que tocar, mais que dançar, mais que tudo, e a gente enferruja. As cordas vocais se recolhem, até para você trazer de volta toda aquela potência que você tinha, todo esse modo de usar o recurso humano com naturalidade, demora porque você precisa exercitar-se em todos os níveis para trazer o corpo, para trazer tudo. Você paralisa, quase que atrofia. É um processo louco, eu nunca tinha vivido isso. Nunca tinha ficado mais que um mês sem cantar, e fiquei dois anos. Foi difícil.

Houve mudanças no roteiro do espetáculo?

Algumas pequenas mudanças. Tirei algumas coisas, coloquei outras, tudo do repertório que o público conhece, portanto, não são mudanças relevantes. Eu queria, na verdade, poder mostrar algo do trabalho novo, mas, infelizmente, não houve tempo, não há como você atropelar as coisas, os fatos. A gente teve que voltar a ensaiar todo o show, todo mundo enferrujado, todo mundo tinha esquecido de tudo. Mas, mesmo assim, no primeiro ensaio deu para perceber exatamente o que se passava, trazer as canções, trazer os arranjos, trazer tudo de volta. E foi uma alegria para todos, porque Vesúvio sempre foi um show que todos adoravam fazer.

Há clássicos de sua obra que são recorrentes no set list? Por que?

Um roteiro de show é feito de músicas novas, músicas antigas de todas as épocas, que não foram tão exitosas, de tanto sucesso, mas que são de algum modo conhecidas e os grandes clássicos. Porque o objetivo de um show é produzir uma interação entre palco e plateia que justifique a pessoa sair de casa para ir ali ver o artista cantar as suas músicas preferidas. Então, é difícil até fazer um roteiro de show porque você tem de equilibrar esses elementos que citei para gerar um roteiro que tenha um show com a ligação do público, desde o início até o fim. Mas a gente faz isso há algum tempo e tem uma certa prática.

Aqui, onde ocorre a reestreia, o público sempre fica na expectativa de ouvir Linha do Equador, em que na letra há citação do "céu de Brasília". Agrada a você cantá-la na capital?

É quase que um dever cantar Linha do Equador em Brasília e, sem dúvida, está no repertório. As pessoas que gostam dessa música, não por viver em Brasília, mas porque simplesmente gostam, vão ouvi-la sim.

Que avaliação faz da maneira como o governo tem tratado a cultura brasileira.

O governo não tem a menor noção do que representa a cultura de um povo, por isso esse descaso.

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