Livros e fotografias

Livraria diversa e troca de fotos em destaque na Feira de Arte

Lucas Gehre comanda espaço alternativo com publicações de autores locais e nacionais. "O digital serve como ferramenta, mas o impresso tem a sua importância", destaca

Ricardo Daehn
postado em 29/06/2022 06:00
 (crédito: Joao Almeida Neto/Divulgacao)
(crédito: Joao Almeida Neto/Divulgacao)

Fiel à perspectiva de valorização dos livros impressos e do culto a objetos físicos, o pesquisador Lucas Gehre não deixa de publicar no meio digital, mas enfatiza, vez por outra, a perda de materiais. Na FBAC, ele ganhou a missão de estabelecer uma espécie de livraria temporária, por cinco dias, no mezanino da Praça Central do Espaço Renato Russo. "Funciona bem para pessoas interessadas em comparar arte e para estudantes. Haverá um pequeno circuito de palestras. Além da minha área de publicações alternativas (zines, ensaios, serigrafias e quadrinhos)", sintetiza Lucas Gehre.

Lembrado como idealizador da Feira Dente (com circuito de palestras, debates e oficinas), Lucas se entusiasma com o potencial da FBAC. "Acho importante que exista um esquema de se juntar as galerias e reforçar traços do sistema das artes, criar integração entre galeristas e os artistas", observa.

A visão panorâmica do cenário local promete chamar a atenção. "Numa palestra, vou compartilhar minha experiência tanto como autor, publicador e editor, quanto como organizador de eventos. Quero sublinhar uma perspectiva histórica dos últimos 15 anos, em que se consolidaram circuito de eventos focados na publicação da arte impressa", conta.

O autor terá em estande a representação de publicações de 13 projetos, na maioria com artistas do DF. "Hoje, muitos publicadores, em especial dos quadrinhos, usam bastante a internet e as mídias sociais. O digital serve como ferramenta, mas o impresso tem a sua importância. Além de durar muito mais, livros ganham perninhas, quando alcançam diferenciados leitores", pontua.

Particularmente, Lucas centra foco de interesse nas obras alternativas. Vistas como independentes junto a mercados mais consolidados, e, nada massificadas, as publicações, por vezes, abraçam informalidade e traçado de resultados mais pessoais.

Leia o especial completo

O entusiasmo virá com a interação do público com as publicações. "São um tipo de produto um pouco mais acessível, com faixa de preço menor", explica. "A feira têm dispositivos de distribuição e circulação fortes. Nessa minha pequena curadoria, tentei agrupar um pouco da diversidade de temas e materiais que são publicados. Quando se nota este mundo underground, é possível acessar um universo", resume.

Uma troca

Numa proposta de escambo, a artista Dani Estrella comandará, no âmbito da Feira Brasília de Arte Contemporânea, a chamada Feira Livre de Troca de Fotografia (também na 508 Sul). Há 20 anos produtora (lembrada pela Bloco A Artes e Projetos), Dani Estrella conta que, em parte, o evento atual faz lembrar iniciativas como o Foto Escambo (atividade do artista Hans Georg) e se assemelha a evento de livro, na Feira Livre de Livros Usados (no extinto Café Cobogó). "Queremos que as pessoas que integrem o evento tenham um olhar para além dos aspectos comerciais", pontua Dani. As atividades de troca serão em 2 e 3 de julho, entre 12h e 20h.

Fotógrafos profissionais e artistas, além de criadores amadores, estão convocados a — "sem expectativa de venda" — se aproximar do exercício da troca. "A moeda vai ser seu próprio trabalho, e a tudo se atribui a valorização do olhar do outro", simplifica a artista. Na ação programada pela FBAC, haverá relevância para uma vontade de mobilização de caráter educativo. "Entre artistas e fotógrafos, teremos a convocação de escolas e do segmento de alunos de fotografia", comenta Dani Estrella. Sem restrições ou curadoria, todos estão convidados à adesão ao modo de aquisição de fotografias ao modelo "varal de trocas". Mesas acomodarão as obras, (cuja participação no evento seguirá a norma de se limitar a cinco fotografias, por pessoa, e acatar a medida de 20cm, na menor dimensão.

Com a temática livre prevalecendo no evento, Dani Estrella, formada em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (UnB), destaca a vontade de "botar para jogo a própria produção". Com experiência em projetos apoiados pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), e, no passado, integrante das equipes do Mercado Fotoarte, ela prepara novas ações. "Na pandemia, fotografar foi a melhor maneira de expressão dentro de casa. Terei um material repleto de sombras e criei muitas imagens internas de residência", conta.

 


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

  • Dani Estrella (E) comandará a Feira Livre de Troca de Fotografia
    Dani Estrella (E) comandará a Feira Livre de Troca de Fotografia Foto: Joao Almeida Neto/Divulgacao
  • Lucas Gehre, palestrante do FBAC
    Lucas Gehre, palestrante do FBAC Foto: Acervo pessoal/ Lucas Gehre
  • Dani Estrella comandará a Feira Livre de Troca de Fotografia
    Dani Estrella comandará a Feira Livre de Troca de Fotografia Foto: Divulgação/Agenda KB Comunicação
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação