Obituário, Paulo Diniz, 82 anos

Alma boêmia

Ele tinha alma boêmia, foi um dos precursores da soul music brasileira e é autor de uma série de composições que continuam a ser cantadas nos bares mais anônimos do Brasil. Assina os clássicos Um chope para distrair, Pingos de amor, Quero voltar à Bahia e Canoeiro, entre outros.

O cantor e compositor Paulo Diniz morreu, ontem, por volta das 7h, na Zona Sul do Recife, em decorrência de causas naturais.

Paulo Lira de Oliveira, nome de batismo do músico, nasceu em 24 de janeiro de 1940, na cidade de Pesqueira, Pernambuco. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1960, para trabalhar em uma rádio, lançando o primeiro disco, O chorão, em 1966.

O destaque no mundo da música veio nos anos 1970, na época ainda morava no Rio de Janeiro, onde compôs e lançou algumas de suas obras mais populares.

Pelas redes sociais, Caetano Veloso se manifestou: "Conheci Paulo Diniz no Solar da Fossa, no Rio. Quando eu estava exilado me comovi com I wanna to go back to Bahia. Algum tempo depois, num show de turnê, cantei, sempre emocionado, "O meu amor chorou". E nunca ninguém se esquecerá de Pingos de amor.

Diniz havia dado uma pausa na carreira desde de 2016, mas, segundo seu produtor, Saulo Aleixo, Paulo estava se programando para lançar um EP com músicas inéditas. "Ele transformou a vida das pessoas com músicas de discoteca, que trazem boas lembranças, o que Paulo deixou para gente nem o tempo pode apagar", afirma o produtor.

A cantora Cristina Amaral tinha um projeto, em execução, para homenagear o músico. Ela havia regravado a música Pingos de amor e tinha planos para regravar outras 13 canções, algumas teriam participações especiais de Paulo. A cantora afirma que o projeto continua e que, em agosto, vai gravar Um Chope pra distrair com Zeca Baleiro. " Paulo Diniz faz parte da minha história, ele me deu a certeza que eu queria cantar, sempre esteve presente no meu dia a dia, tem legado superimportante, que quero homenagear", conta Cristina Amaral ao Correio.

O crítico musical e amigo pessoal, José Teles, frequentava a casa de Paulo antes da pandemia recolhendo depoimentos, para escrever um livro sobre sua história, mas, com a pandemia, o projeto precisou parar. José conta que o Paulo deixou uma obra vasta. " Ele foi um dos precursores do soul brasileiro, teve um sucesso imenso na década de 70 e deixou uma obra muito boa, que sempre vai estar nos repertórios", enfatiza Teles.