Para quem não dispensa o conforto do sofá nas últimas horas do fim de ano, há opções para todos os gostos na seleção do Correio para um bom aproveitamento dos serviços de streaming e vídeo on demand. Filmes premiados, franquias de sucesso, produções saídas de inspirações literárias e a mais absoluta e descompromissada diversão figuram na lista. Confira!
Bardo — Falsa crônica de algumas verdades
Liberto das redes sociais, e, como ele mesmo reflete, distanciado de gatilhos e do testemunho de preconceitos e do amontoado de histórias rasas, o cineasta mexicano Alejandro G. Iñárritu assume muito da carga autobiográfica do mais recente filme dele, Bardo, exibido em festivais como os de Veneza e de San Sebastián, além de ter sido selecionado para representar o México numa possível vaga a finalista como melhor filme internacional no terreno do Oscar. Com roteiro coescrito por Nicolás Giacobone (o mesmo parceiro em filmes como Birdman e Biutiful), Bardo assimila um conceito budista, de uma existência em suspenso. Citado na trama, Octavio Paz, o poeta da memória, é um dos eixos para o entendimento do filme que apresenta a trajetória do jornalista e cineasta Silvério (Daniel Giménez Cacho), visivelmente associado a Iñárritu, uma figura renovadora do audiovisual, ao lado de compatriotas como Guillermo del Toro e Alfonso Cuarón.
Ao lado de Lucia (Griselda Siciliani), a esposa com quem encarou a morte de um filho (fato, na vida de Iñárritu, há 25 anos), Silvério, no filme, atravessa viagens que estratificam informações e colaboram para embaralhar ficção e realidade na vida do cineasta. Tudo se mistura, desde a aquisição de terras mexicanas por força do imperialismo norte-americano, passando por heranças de violências seculares (há registro da ditadura e ainda um empilhamento de vítimas de uma cultura mutilada pelo conquistador do século 16 Hernán Cortés) e o deslocamento de imigrantes, no meio do deserto. Para além da cena de dança monumental, num registro inspirado do diretor de fotografia Darius Khondji, parceiro de gênios como Bernardo Bertolucci, Woody Allen e Bong Joon Ho, Bardo impressiona pelos discursos de tomada de poder por parte dos marginalizados e o desassossego gerado na elite. Incômodo e risos brotam ainda das cenas que contemplam a grandeza do pai de Silvério, o distanciamento da mãe adoentada e a falta de identidade definida do personagem Íker Solano, filho do protagonista. Disponível na Netflix.
Pinóquio por Guillermo del Toro
Barbada na lista do Oscar, a animação que retrabalha a versão do conto de Carlo Collodi leva a marca do mexicano Guillermo del Toro que, num requinte, chega a assinar parte de Ciao Papa, uma das emotivas canções do filme da Netflix. Há quase três décadas, produzido por Tim Burton, o longa O estranho mundo de Jack redefiniu muito da técnica da animação em stop-motion, empregada por del Toro, no atual filme, igualmente soturno e divertido.
Apenas três anos passados, desde que o italiano Matteo Garone se rendeu a recolocar Pinóquio no mapa da sétima arte, del Toro buscou inspiração nas aterrorizantes ilustrações de Gris Grimbly para o longa encantador, pré-selecionado para quatro categorias do Oscar 2023, entre as quais a de som trilha de Alexandre Desplat.
Na animação que trata de controle, obediência, mentiras e mortes sucessivas, Guillermo, que como produtor de A origem dos guardiões (2012) desmistificou Papai Noel e o Coelho da Páscoa, investe num cenário de rito de passagem de um boneco de madeira que abraça uma trajetória de desamor e redenção, em meio ao cenário fascista instaurado por Mussolini.
Consagrado por O labirinto do fauno, em que explorou pesadelos do regime de Francisco Franco, del Toro, em Pinóquio, acopla números musicais, circenses e se vale da sombria colaboração do diretor de fotografia de Frank Passingham (técnico de Coraline e de A fuga das galinhas). No filme em que o audaz Pinóquio chega a se comparar, inocentemente, com Cristo, despontam personagens inesquecíveis como o sofrido serviçal Spazzatura, quase escravo de Volpe, dono de um circo itinerante, e a Fada da Floresta, além do consagrado grilo Sebastian. Conduzido pelo esteta de A forma da água e de O beco do pesadelo, o longa leva a assinatura de Mark Gustafson, codiretor. Disponível na Netflix.
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Tudo em todo lugar ao mesmo tempo
É praticamente um produto inédito — dado o grau de criatividade —, este filme assinado pela dupla Daniel Kwan e Daniel Scheinert, que tem tudo para se destacar na futura lista de candidatos ao Oscar. A existência de uma filha lésbica poupada do confronto com conservadores é apenas uma vírgula na trajetória de Evelyn (Michelle Yeoh), imigrante chinesa cujos impostos não estão nada em dia, e que ainda arrasta um casamento periclitante com Waymond (Ke Huy Quan).
Ao estilo do filmes do roteirista Charlie Kaufman (dos amalucados Brilho eterno de uma mente sem lembranças e Adaptação), os parceiros cineastas subvertem as expectativas, incessantemente. Sobrepondo mundos, eles mesclam, dentro da lógica expandida pelos multiversos, elementos de ficção científica, artes marciais e muita sátira. Inesquecíveis no dinâmico jogo proposto são os tantos momentos num elevador e numa repartição pública em que a veterana Jamie Lee Curtis dá um show na pele da caxias Deirdre. Disponível na Amazon Prime, YouTube, Apple TV e Google Play.
A mulher rei
Não há como deixar de lembrar de Mulher-Maravilha, de Patty Jenkins, nos primeiros momentos deste filme que projeta as conquistas e as estratégias da General Nanisca, representada com magnitude pela estrela negra Viola Davis. Nesta dramática aventura conduzida por Gina Prince-Bythewood e estrelada ainda por John Boyega, entretanto, o destaque é para um campo pouco fantasioso, na reprodução aproximada de dados e costumes do reino africano do Daomé, imperante no século 19. Num primeiro momento da trama, pesa a preparação das guerreiras Agojie, uma ativa unidade bélica feminina que fundamenta o vigor das mulheres africanas. Disponível na Apple TV, Google Play, Claro TV , Oi Play, Prime Video, SKY e Vivo Play
Eu, um outro
Entre os três homens apresentados no documentário Eu, um outro, Lucas Scarpelli é o mais conhecido não apenas por ser influenciador digital, mas ainda por servir como mestre de cerimônias no programa Querer Eye Brasil. No filme criado por Silvia Godinho, Lucas expõe o desejo de reencontrar o primeiro amor. À trama dele se juntam outras duas vidas: a do segurança Thalles Rocha, que almeja emprego diferente e enfrenta percalços para o uso do nome social, e Raul Capistrano, também nascido mulher biológica, que pretende ser professor de filosofia. Por seis meses, a equipe de filmagens esteve com estes homens que vislumbram a possibilidade de um mundo mais empático e humano. Além de mostrado no 52 Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o longa esteve no Outfest Los Angeles, no 27 Mix Brasil e no Melanin Pride Festival (Boston). Disponível no YouTube, Apple TV e Google Play.
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