Cinema

O longa "Fervo" mistura comédia, horror e aventura na abordagem de temas atuais

O longa Fervo estreia nos cinemas explorando diversos gêneros para entregar uma mensagem relevante numa mixagem de horror, comédia e aventura

Pedro Ibarra
postado em 23/01/2023 06:00
 (crédito: Fotos: Cesar Alves)
(crédito: Fotos: Cesar Alves)

Alguns acreditam que pessoas que morrem com assuntos inacabados na terra precisam permanecer neste plano até resolverem o que restou. Na maioria das vezes, esses fantasmas eram humanos que deixaram arrependimentos, que buscavam aceitar-se ou serem aceitos. Em Fervo, estreia da semana nos cinemas, esta antiga história de assombração ganha um tom cômico para transmitir uma mensagem essencial.

No longa nacional, um casal de arquitetos (Felipe Abib e Georgianna Góes)  compra uma mansão antiga e decide reformá-la. Porém, o lugar era uma antiga casa de festas, chamada Fervo, que vive mal-assombrado por três fantasmas (Rita Von Hunty, Gabriel Godoy e Renata Gaspar). Os dois humanos e as três assombrações precisam resolver os assuntos inacabados para que possam se desvencilhar uns dos outros e ter finalmente paz nas vidas e na casa.

Além dos cinco protagonistas, o filme  tem um elenco estrelado, formado por grandes talentos da televisão e do cinema brasileiro. Paulo Vieira, Joana Fomm, Suely Franco, Julia Lemmertz, Marcelo Adnet, Tonico Pereira e Dudu Azevedo são alguns dos grandes nomes que animam a ficção. A direção é de Felipe Joffily enquanto o roteiro é assinado por Thiago Gadelha.

A história tem uma originalidade que chama atenção na mescla de gêneros cinematográficos. Com uma temática que lembra o terror, o filme apresenta traços da comédia, mas em determinados momentos se torna uma aventura. "É um pouco original no nosso cinema, talvez. Eu não consigo me lembrar de outro filme nosso recente que passe por tudo isso em um longa só", afirma o diretor Felipe Joffily. "Eu sou muito orgulhoso deste filme, por ele se manter da maneira que é sem precisar de artifícios de conquistas de público. Ele é orgânico e natural, ele é o desejo de entrarmos para isso tudo sem medo, assumindo a responsabilidade do tema e dos personagens. Sem querer fazer discurso, sem querer panfletar. Nós contamos uma boa história", complementa.

Esse formato do filme agrada o público que pode ter um misto de sentimentos vendo uma só obra, mas também agradam os atores, que são capazes de explorar mais de uma maneira de atuar. "Esse é o prato mais gostoso que pode ter para o ator, eu sou do tipo de atriz que gosta de ter o elástico muito esticado entre a comédia e o drama", afirma Georgianna Góes. "É maravilhoso dentro de um mesmo filme passear por tantos lugares diferentes", acrescenta.

Estreante na película, a drag queen Rita Von Hunty faz uma análise  sobre a importância de Fervo ser como é. Para ela, o cinema passa mutações. "De certa forma, essa metade do século 21 vai marcar uma dissolução da teoria do gênero para o cinema. Na literatura, a gente já está vendo isso acontecer, mas no cinema ainda está no processo", explica a atuante, como prefere se referir a si mesma, afinal atua como Rita e como Guilherme Terreri, nome por trás da montagem de drag. "Como atuante é um prato cheio, o Felipe foi muito generoso em entregar para gente tantas possibilidades. É um presente e ainda é a minha estreia no cinema, alegria para dar e vender", conclui.

Ideal para o momento

O filme toca em temas mais do que necessários da atualidade. Família, comunidade LGBTQIA+, aceitação e acolhimento são alguns dos assuntos que permeiam o longa brasileiro. "Fervo é um filme à altura do próprio tempo", classifica Von Hunty. "É tudo que a gente precisa depois desses quatro anos no Brasil. Em especial, quatro anos de desmonte do cinema nacional", adiciona. "Este filme é um monumento, tem muitas chaves de leitura para ele", finaliza.

A obra é lançada em um momento oportuno para o discurso que se propõe. "Tem uma palavra que é muito importante a gente lembrar por tudo que vivenciamos e pelo que estamos vivendo agora: resistência", diz Góes. "Este é um filme que fala sobre resistência, resistência do cinema, dos artistas, da população LGBQIA+, da democracia. Então ele vem com esse vento de esperança e resistência", comenta.

A oportunidade também diz respeito ao ano de 2023 ser o primeiro que já começa sem restrições da pandemia, com o público lotando salas de cinema novamente. "Esse momento é muito importante, porque a gente está retomando as salas e estamos retomando o cinema brasileiro. Estamos nesse processo por razões humanitárias, por tudo que a gente viveu, principalmente em 2020 e 2021. A gente ainda sofre os ecos desta questão sanitária de proporções globais", diz o diretor do longa. "Por mais que Avatar esteja ocupando muito as salas, esperamos que isso sirva de força motriz para que a gente venha a rebote", espera Joffily. "Que ele possa marcar uma boas vindas ao público ao cinema, nesse período que marca o retorno do público aos cinemas para valer", encerra Rita Von Hunty.

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  • Cena do filme 
Fervo: mixagem 
de vários 
gêneros
    Cena do filme Fervo: mixagem de vários gêneros Foto: Cesar Alves
  • Cena do longa Fervo
    Cena do longa Fervo Foto: Cesar Alves
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