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Gilberto Gil em nova fase: terceira temporada estreia amanhã, no Canal Brasil

"O peso e a leveza são uma caracterização legítima do meu modo de estar no mundo", diz o compositor sobre nova fase do programa Amigos, Sons e Palavras, que reestreia amanhã

Davi Cruz*
postado em 22/01/2023 06:00
 (crédito:  Delins/Divulgação)
(crédito: Delins/Divulgação)

"Não é a temporada mais Gil, é temporada mais de todos nós, é um programa que é meu, mas é de todo mundo, que todos fazem e desfrutam", Gilberto Gil, compositor e cantor.

Gilberto Gil  tem tamanha grandeza, que até quem diz não conhecer, o conhece. É um nome com peso e a leveza. Com essa mira, o Canal Brasil, mais uma vez, concede a oportunidade do público experimentar um lado pouco explorado do compositor e dos convidados consagrados que participam ao lado do músico.

O terceiro ano de Amigos, sons e palavras, programa comandado por Gilberto Gil no Canal Brasil, reestreia amanhã , às 20h45. Segundo a produção, “essa é a temporada mais Gil”, porém, o cantor pensa diferente. "Não é a temporada mais Gil, é temporada mais de todos nós, é um programa que é meu, mas é de todo mundo, que todos fazem e desfrutam".

Composto por 13 episódios inéditos, serão exibidos dois programas por dia, sempre às segundas-feiras. Durante algumas semanas, o público terá a oportunidade de assistir a conversas descontraídas guiadas pelo cantor, com convidados como Fernanda Montenegro, Liniker, Marcelo Adnet, Demétrio Magnoli, Gabriela Lemos, Laymert Garcia, Hermano Vianna e Ronaldo Lemos. O programa é dirigido por Letícia Muhana e Patrícia Guimarães, com direção de produção de Flora Gil e direção musical de Bem Gil.

Os episódios mantêm o mesmo moldes das temporadas anteriores, Gil realiza a abertura do programa com uma música escolhida especificamente para o convidado e as prosas se desenrolam após a canção. “As pautas são trazidas para iniciar a conversa, mas nós fluímos o assunto e gosto de brincar que repautamos as conversas com os conversadores”, destaca Gil. Cada capítulo tem duração de, aproximadamente, 25 minutos, as conversas intimistas e recheadas de afeto passeiam por assuntos como as relações familiares, sustentabilidade, alimentação, velhice e arte.

Gilberto Gil brinca que gosta muito de conversar e, para ele, o programa é um espaço de suma importância. "Como eu sou conversador, acho que por isso sou como uma âncora para todos esses barcos e Bahias, que é um lugar típico dessa conversa contemporânea moderna. As conversas são modos de estabelecer entre nós esses lugares que dão pé pra gente, como areia no fundo do mar”, refuta Gil.

Mulheres que inspiram Gil

A estreia de Amigos, sons e palavras marca o encontro dos “imortais” Fernanda Montenegro e Gil. Para o ato de abertura do capítulo, o cantor dedica a música Palco para a atriz. “Em minha conversa com Fernanda Montenegro, eu escolhi a canção Palco, por termos esse lugar comum em nossas vidas”, comenta.

O músico destaca o tamanho e a importância de Fernanda para o mundo das artes. “O aprendizado dela é muito vasto e o que fica de resíduo da pessoa dela é uma coisa muito grande, um aprendizado possibilitado com a conversa com ela. Ela tem uma experiência enorme”. Durante o episódio, os dois falam sobre como foi o “batismo” das respectivas profissões em um palco.

Ainda amanhã, logo na sequência, às 21h15, Gil recebe Liniker em uma conversa profunda e inspiradora iniciada ao som da canção “Raça Humana”. O cantor aponta Liniker como um dos grandes destaques do cenário musical do país. Liniker se apresenta como uma herdeira, uma sucessora da música popular.

Gilberto Gil ainda enaltece a representativa da cantora. “É único o modo dela de cantar, utilizar o instrumento dela que é a voz. Ela simboliza essa variedade de modos de ser artístico. Ela é muito representativa e isso aparece na conversa”, afirma.

Duas perguntas para//Gilberto Gil

Gil, como você acolhe o público jovem que não viveu grande parte da sua carreira, mas que é apaixonado por você e vai acompanhar essa temporada?
São os feitiços da história cultural, um personagem como eu acaba numa certa dimensão virando fetiche, especialmente para esses meninos de 10 ou 12 que os pais apresentaram a minha música. Os jovens vem trazidos por todas essas formas de sedimentação das imagens, dos sons, é isso que eu chamei de fetiche, eles se aproximam e se achegam nesse aspecto fetichizante, da personalidade pública, artística e cultural que eu represento. Esse é o modo natural da sucessão, as gerações, os personagens, o significado de cada época. Os meninos, as crianças e os jovens, são caracterizados pela passagem do bastão, um fenômeno naturalmente importante.

Como a música, a arte e a cultura podem ajudar a criar pontes nesse país tão fragmentado?
A arte, a cultura e a possibilidade de juntar linguagens e essas várias formas de expressão, e essas condensações feitas pela música, pelo drama escrito pela televisão por meio da novela e das várias encenações. Tudo isso é a liga, é a possibilidade das pessoas se aproximarem. Então, no momento em que as máquinas, as políticas e as ideologias tendem a esparramar as pessoas e fazer com que elas, de certa forma arrisquem suas condições próprias e individuais para este grande modo moderno contemporâneo. O fato de poderem estar associados através de linguagens, que são exatamente o modo de operação das artes e das comunicações é muito importante, elas têm essa possibilidade de exorcizarem seus males sociais cada vez maiores no mundo inteiro. Essa sociedade que é cada vez mais abstrata, ela tem que se valer da concretude do encontro entre as pessoas que cantam, dançam, que recitam, que exercitam as linguagens e isso é fundamental. Falar através do corpo, da fala e da inteligência. A arte é a liga e o objeto da conversa.

Serviço:


Amigos, Sons e Palavra
hoje, às 20h45, no Canal Brasil. Classificação: Livre

Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco

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