música brasileira

Novo livro mergulha na história e grandeza do grupo Clube da Esquina

Márcio Borges e Chris Fuscaldo lançam, hoje, no Feitiço das Artes, o livro De tudo se faz canção, com memórias do grupo que mudou a música brasileira. Em seguida, Ventos Solares faz show com o repertório da trupe mineira

Irlam Rocha Lima
postado em 29/03/2023 06:00
 (crédito: Arte: Quinho)
(crédito: Arte: Quinho)

Um dos principais nomes do Clube da Esquina, o letrista e escritor Márcio Borges é co-autor de clássicos do LP homônimo, gravados por Milton Nascimento e Lô Borges. Em 1996, ele lançou o livro Os sonhos não envelhecem, que, basicamente, focaliza o movimento musical deflagrado na segunda metade da década de 1970 em Belo Horizonte. No ano passado, ele retomou o tema com De tudo se faz canção, em parceria com a jornalista e pesquisadora carioca Chris Fuscaldo.

Nessa obra, que será lançada, hoje, às 19h, no Feitiço das Artes (306 Norte), foram reunidos textos de quem, direta ou indiretamente, participou da produção do LP gravado por Milton Nascimento e Lô Borges em 1972. Recentemente, o álbum foi eleito o melhor disco lançado no Brasil, segundo ranking preparado pela equipe do podcast Discoteca Básica, com base em listas enviadas por críticos, artistas e pesquisadores. Após o lançamento, se apresenta o grupo Ventos Solares, que revisita clássicos do Clube da Esquina e da música mineira.

Editado pela Garota FM Books, De tudo se faz canção reúne depoimentos de Milton Nascimento, Lô Borges, Alaíde Costa, Ana Maria Bahiana, Patrícia Palumbo, Charles Gavin, Leandro Souto Maior e Renato Vieira. E, obviamente, do autor, entre outros, além de, obviamente, Márcio Borges e uma biografia escrita por Chris Fuscaldo.

O prefácio e posfácio contam como foram as comemorações em 2022, com depoimentos de atores do musical Os sonhos não envelhecem; e de Marcos Sabino, produtor do Festival Marazul, realizado em Niterói, onde o Clube da Esquina foi pré-produzido, entre 1971 e 1972. O livro traz, ainda, imagens históricas de Milton como crooner do grupo W'Boys (que tinha Wagner Tiso na formação), até a despedida do cantor dos palcos, durante a turnê A Última Sessão de Música.

Chris Fuscaldo, que além de pesquisadora musical é jornalista, doutora em literatura e fundadora e diretora da Garota FM Books e imortal da Academia Niteroiense de Letras, conta que foi conjunta a ideia de ela e Márcio Borges produzirem o livro. "Eu havia escrito uma biografia sobre o Clube da Esquina; e Márcio tinha vários textos sobre o movimento armazenados. Sentamos para conversar e decidimos produzir o livro".

Entrevista com Márcio Borges

Como viu a repercussão do seu livro de Os sonhos não envelhecem, lançado em 1996?

Lançado em 1996, Os sonhos não envelhecem tem sido um sucesso de vendas desde então. Ele jamais saiu do catálogo da editora Geração Editorial e tem vendido milhares de exemplares. Continua sendo muito procurado e estou sempre assinando autógrafos dele nos shows e programas de que participo. A carreira do livro foi recentemente impulsionada pelo musical baseado nele, que fez grande sucesso. Agora, está sendo lançada em filme dirigido pelo Denys Carvalho, para ser exibido gratuitamente nos cinemas das cidades do interior que não têm teatro.

O que o levou a produzir De tudo se fez canção?

Em 2022, o disco Clube da Esquina completou 50 anos do seu lançamento. Coube a mim, que já havia escrito a biografia dessa minha história com o Bituca, a gênese do Clube, escrever as continuações, em 2012 na comemoração dos 40 anos, e, depois, agora em 2022, a dos 50. O título De tudo se faz canção foi retirado de um verso da mesma música que já havia inspirado Os Sonhos Não Envelhecem, ou seja, a canção Clube da Esquina 2, composta por Milton e Lô Borges, com letra minha. Como já disse, o cinquentenário de lançamento do disco foi o principal motivador para que eu e Chris Fuscaldo nos dispuséssemos a escrever. Coincidiu que exatamente em 2022 o disco foi eleito o melhor disco brasileiro já gravado. A gente ia escrever de qualquer maneira, mas isso foi, como se diz lá em Minas, juntar a fome com a vontade de comer.

A celebração dos 50 anos do Clube da Esquina influenciou, em que medida, a organizar esse livro?

A escolha Clube da Esquina como melhor disco brasileiro já gravado foi motivo de grande alegria para todos nós que construimos aquele monumento. Ficamos emocionados e até algumas lágrimas de satisfação foram vertidas, com certeza.

Na sua avaliação a letra desta canção supera as que você escreveu para outras músicas feitas por Milton Nascimento e Lô Borges?

Eu tenho mais de 300 músicas gravadas por centenas de artistas brasileiros e internacionais, até em japonês e catalão. E, desde que compusemos a nossa primeira, em 1964, eu e Bituca consideramos cada uma delas as nossas filhas. Portanto, fica difícil para o pai apontar de qual filha ele gosta mais, com a agravante que depois de fazer tantas maravilhas com o Bituca eu ainda arrumei cerca de outros 40 parceiros, ou mais. Mas é óbvio que a letra de Clube da Esquina 2 tem um lugar especial na nossa afetividade.

Qual foi a contribuição de Chris Fuscaldo para a obra?

É claro que a Chris Fuscaldo tem a maior importância no processo deste livro. Primeiro, porque ela é a editora da Garota FM, foi ela quem me procurou e iniciou o processo de lançar este livro. Eu já tinha grande parte do material recolhido das minhas experiências passadas, nós nos juntamos e falamos "vamos fazer este livro dos 50 anos". Eu trouxe os artistas do Clube da Esquina, reuni os músicos e ela juntou os jornalistas. Foi uma parceria que calhou super bem.

Você já esteve no Feitiço Mineiro, agora Feitiço das Artes, o lugar onde o livro vai ser lançado, com direito a show do grupo brasiliense Ventos Solares, que toca clássicos da música mineira. Que expectativa faz?

Conheço o Feitiço das Artes de longa data, antes Feitiço Mineiro. Eu morei em Brasília por um período e fui muito amigo do Jorge Ferreira, de saudosa lembrança. Voltar a casa neste momento é um grande prazer. Configura uma homenagem ao meu amigo, ao mesmo tempo em que me sinto também homenageado. Sinto-me muito alegre e orgulhoso deste evento estar acontecendo desta forma, com o grupo Ventos Solares interpretando nossas canções de forma muito comprometida. Brasília me acolhe muito bem. Sinto-me em casa na cidade como também no Feitiço das Artes, um ambiente nosso mesmo.

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