Música e monarquia

Revelação do pop britânico, Freya Ridings canta no show da coroação

Uma das cantoras mais promissoras do pop britânico, Freya Ridings entra para história e canta hoje na coroação do Rei Charles

Pedro Ibarra
postado em 07/05/2023 06:00
Cantora Freya Ridings -  (crédito: Charles Gall/Divulgação)
Cantora Freya Ridings - (crédito: Charles Gall/Divulgação)

O sábado (6/5) foi um dia que entrou para os livros de história. Rei Charles III foi coroado o monarca líder do Reino Unido. Entre os festejos do evento histórico estão shows da cantora Kate Perry, da banda Take That e do cantor Lionel Ritchie. Um nome menos conhecido no Brasil, no entanto, chama atenção entre os gigantes. Freya Ridings, cantora britânica formada pela escola de artes performáticas Brit School cantará uma música acompanhada por uma orquestra de 74 músicos.

Nascida em Londres, a artista tem 29 anos, recém-completos em abril e, apesar de ser muito mais popular em terras britânicas, é uma artista de sucesso global. Os dois maiores hits da carreira da artista, Lost without you e Castles, juntos alcançaram mais de 500 milhões de reproduções no Spotify, apenas no primeiro disco, autointitulado, que alcançou quase 700 milhões de reproduções no mesmo streaming. Essas marcas, somada ao lançamento do segundo álbum, Blood orange, levaram a artista para o castelo de Windsor, onde se apresentará. "É muito louco que eu recebi essa oportunidade", comemora Freya Ridings em entrevista exclusiva ao Correio.

A cantora destaca que vive uma possibilidade única. "É uma coisa que só acontece uma vez na vida. Essa é a primeira coroação das nossas vidas e pode ser a última, nós não sabemos", reflete. Ela tem consciência de que estará nos livros de história a partir de hoje. "Poder ir para o Castelo de Inverno, cantar em um espaço aberto, com orquestra em algo visualmente surpreendente e com mais de 40 milhões de pessoas assistindo pelo mundo, traz bastante pressão", pontua a artista que agora dividirá as páginas com pessoas que estudou a vida inteira. "Eu sou uma fã da história da realeza britânica, não muito da era moderna, mas nomes Elizabeth I e a Rainha Victoria eu sempre li muito sobre. Sempre gostei de história e a história da monarquia é minha favorita".

A coroação está prevista como o evento televisionado de maior audiência deste fim de semana e, provavelmente, deste mês. Estar em um palco como este para uma artista jovem e em franca ascensão é uma possibilidade de ganhar ainda mais visibilidade do que ela poderia ter em qualquer um dos grandes festivais que já tocou ou tocará, considerando que já está confirmada na lineup do Glastonbury. "É uma oportunidade incrível para as pessoas saberem quem eu sou", pontua a artista que contou que não tocará nenhuma faixa do novo disco na coroação.

Culpada por amar

Vivendo o lançamento do novo disco, Freya canta em 2023 as dores que sofreu em 2020. O álbum é fruto de um término dolorido, um coração partido que foi sendo curado aos poucos durante a pandemia. "Eu passei pelo fim de um relacionamento, em 2020, e imediatamente depois estourou a pandemia, então eu não tinha como me distrair, arranjar adrenalina para reduzir a dor do coração quebrado. Eu me senti em um momento de ciclo completo, pois fui parar no piano da casa dos meus pais", explica a artista. "Eu não sabia que era capaz de fazer um segundo álbum. Ele veio porque percebi que precisava ser corajosa, sentir a dor e aproveitar o processo. Assim fiz um disco que eu realmente amo", complementa.

A artista leva a sério o ditado popular: "Quem canta os males espanta". "Durante toda a minha vida, sempre que eu estou passando por dores emocionais eu me virava para o piano. Quando estava deprimida, de coração partido, ou em momentos em que eu estava passando por dificuldades, conforme eu crescia, sempre era para o piano que ia", lembra. Esse amor pela música vem, literalmente, do útero. "Recentemente, eu até li que cantar ajuda em dores físicas, como um analgésico mesmo. Achei interessante, porque minha mãe cantou durante todo processo de dar luz para mim, para se distrair da dor. Acho que a música está impregnada nos meus ossos", observa.

Esse escoamento de sentimentos ganhou uma roupagem setentista em Blood orange, e a jovem, que antes escrevia apenas baladas de piano, viu que poderia alcançar mais os fãs levantando os ânimos. "Meu primeiro álbum foi mais melancólico, então nesse eu decidi que também poderia ser eufórica, sem tirar o espaço para a melancolia também", comenta. "Sempre escrevi baladas de piano porque minha vida tinha essa tendência mais triste. Porém, conforme fiz sucesso, de uma hora para outra ficou tudo animado. Eu estava no Glastonbury vendo 20 ou 30 mil pessoas cantando comigo as minhas músicas. Isso é incrível", acrescenta. "Depois dessa experiência e com o sucesso da música Castles, vi que era capaz de escrever músicas que conversassem com estes momentos. Era como se eu tivesse me dado permissão para ser os dois lados de mim mesma", completa.

Um dos fatos que facilitaram ela achar essa nova forma de expressão foram os próprios fãs. "Não sabia o que fazer, estava com a dura tarefa de fazer meu segundo álbum e não tinha ajuda dos meus fãs. Então comecei a fazer lives no Instagram tocando músicas no piano dos meus pais e conversar com o meu público", recorda. Os espectadores da live, portanto, se tornaram muito mais do que ouvintes. "A resposta foi ótima, os retornos foram muito específicos e acabou que esse álbum foi praticamente uma curadoria do meu público. Um disco que tem muito mais a ver com as escolhas deles do que com qualquer indústria ou mercado", adiciona. O resultado foi uma mistura de confiança e auto aceitação. "Agora quando eu estiver nos grandes palcos de novo me sentirei mais preparada. Porque terei músicas que sinto em que poderei compartilhar o momento melhor com o público", acredita a artista.

Freya chegou onde chegou por sentir demais. "Eu sinto as coisas muito intensamente, ou é alegria, ou dor e eu não sei explicar o motivo. Eu sinto muito tudo. Existem uns estudos que dizem que ruivos têm mais receptores de dor, talvez seja esse o motivo", brinca a artista, que agora se reconhece no próprio sentimentalismo. "Quando eu era pequena, sofria e questionava: 'Por que eu preciso sentir tanto por tudo?' Mas agora sinto isso como uma das minhas maiores qualidades. Eu sinto e mostro para as pessoas, tomara que outros possam se sentir assim", conclui.

Tocar no Brasil

Apesar de não ser febre no país, Freya se prepara para desembarcar em terras sul-americanas. "Eu adoraria tocar no Brasil, honestamente é um dos meus objetivos há muitos anos", afirma. O motivo já é conhecido: os pedidos dos fãs. "Tem um monte de gente nas minhas redes sociais comentando 'come to Brazil' em tudo que eu posto", diz a cantora, que faz piada. "Me disseram que pediram tanta gente para ir para o Brasil, que agora todos estão indo e não tem mais lugar disponível para todo mundo tocar". Brincadeiras à parte, ela dá certeza de que tocará em terras tupiniquins. "Eu dou 100% de certeza que vou em um futuro próximo."

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