Depois de integrar a 55° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro Mostra Brasília de 2022, o filme Profissão livreiro, detido na nova lógica do mercado literário, sob impacto da tecnologia, chegou à recente 14ª edição do Festival de cinema Itinerante da Língua Portuguesa, em Lisboa. Encerrado em 7 de julho, o evento motivou profissionais como Pedro Lacerda, Alfredo Manevy, Marcos Frota e Karla Muga à redação de uma carta.
No documento aberto, há convocação ao fortalecimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e o ressaltar da necessidade para convocar tevês públicas ao fomento da produção lusófona, aém da articulação das políticas de regulação do streaming. A circulação de obras audiovisuais entre países lusófonos e a integração entre universidades e demais instituições de formação técnica e criativa também foram alvo de descrição.
Confira a íntegra do documento:
CARTA DE LISBOA
Lisboa, 7 de Julho de 2023
Nós, artistas, cineastas, produtores e produtoras, realizadores e realizadoras audiovisuais da comunidade de países lusófonos, aqui reunidos por ocasião da 14 edição do Festival de cinema Itinerante da Língua Portuguesa, o FESTIN, realizado entre os dias 29 de Junho e 7 de Julho de 2023, estamos vindo à público apresentar uma agenda que consideramos estratégica para a integração do nosso espaço comum de trocas culturais, artísticas, diplomáticas e apontamos as ações que consideramos essenciais para maior integração econômica, social e cultural das atividades audiovisuais e o futuro comum dos nosso povos.
Uma das premissas que nos move é o fortalecimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a CPLP, de seus objetivos e princípios, e do fortalecimento de sua institucionalidade, e da valorização da importância da língua portuguesa no mundo. E do papel da cultura e do audiovisual no desenvolvimento econômico e na redução das desigualdades.
1- Entendemos como necessário convocar as TVs públicas que são integrantes da CPLP a incluírem em sua grade de programação conteúdos audiovisuais produzidos de forma independente nos países de língua portuguesa, retomando e ampliando programas bem sucedidos como DOC-TV de fomento à produção lusófona, entre outras ações importantes
2- Articular as políticas de regulação do streaming, em favor dos conteúdos nacionais, com cotas e proeminência do conteúdo em língua portuguesa, buscando formas de integrar e circular esse conteúdo entre nossos países, criando assim um mercado comum.
3- Articular redes de salas de cinema e de outras janelas de exibição públicas para garantir a circulação de obras audiovisuais entre nossos países, criando corredores de distribuição.
4 - Rever, fortalecer a atualizar os acordos de coprodução, ampliando esses mecanismos para os países da África, incorporando a televisão, e criando editais específicos para estimular essas parcerias.
5 - Solicitar maior compromisso e apoio de governos e instituições aos eventos e festivais dedicados à circulação dos conteúdos de países de língua portuguesa, como o FESTIN, ampliando o alcance e estimulando espaços de debate e de negócios.
6- Articular uma ampla política de formação audiovisual, integrando no espaço lusófono universidades e outras instituições de formação técnica e criativa, com o apoio financeiro e logístico dos governos nacionais para bolsas, residências, intercâmbio, pesquisa e recursos de produção, valorizando assim a formação profissional audiovisual em língua portuguesa.
7- Facilitar vistos de entrada para artistas, realizadores e programadores culturais em trânsito nos países de língua portuguesa.
Por fim, reiteramos a importância do nosso compromisso com as artes, com a cultura, a diversidade e com o fortalecimento da democracia. Esta Carta de Lisboa será encaminhada aos Ministros de Estado da Cultura e das Relações Exteriores de todos os países de Língua Portuguesa, bem como entregue na próxima reunião da CPLP, de forma a acompanhar esta agenda proposta no próximo período. Muito obrigado!
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