Como já dizia o grande compositor Toquinho na canção Aquarela, em uma folha qualquer é possível explorar uma imensidão de possibilidades. Esse é o lema principal de Reinaldo Dimon, Janaina Coe e Vanessa Navarro, designers e idealizadores do Rabiscão Ilustrado, iniciativa voltada para os apaixonados por artes em Brasília. O projeto, que começou em bares e cafés de Brasília, reúne artistas profissionais e amadores desde 2009. Na 7ª edição do Rabiscão Ilustrado, a ação chega para desfilar ilustrações e diversidade no Museu da República. A feira funcionará entre 5 e 6 de agosto, das 11h às 19h, com entrada franca. O evento terá as participações do designer e ilustrador Dnego Justino, da ilustradora Yasmin Hassegawa, do multiartista Daniel Carvalho (Ilustroide), do quadrinista Caio Gomez, da ilustradora Clarissa Paiva, da multiartista Dona Dora, entre muitos outros nomes que enriquecem a cena criativa do DF.
Os dois dias de evento são uma oportunidade para quem deseja adquirir peças únicas e conhecer o trabalho produzido por artistas locais em um dos cartões postais da cidade. Durante o encontro, os ilustradores venderão prints, adesivos, bottons, camisetas e outros produtos. O encontro apresenta as mais diversas formas de atuação do mercado de ilustração e criatividade como aquarelistas, ilustradores digitais, quadrinistas, colagens, artesanato, grafites, tatuadores e pintores tradicionais. Além disso, o Rabiscão traz a dinâmica tradicional de reunir adultos e crianças em uma mesa colaborativa de desenhos e com Flash Day feito por duas tatuadoras do Estúdio Vespa, Micaele Caratti e Nikita
O trio de idealizadores comemora a chegada da 7ª edição do evento em um momento que marca o levante cultural e artístico do DF. O encontro traz o importante marco de 60% de participação e representatividade feminina entre artistas que estarão presentes na feira. Com a cidade cada vez mais ocupada culturalmente e o retorno com grande força da economia criativa, segundo Reinaldo, o clima é de retomada. O ilustrador relembra que, há mais de uma década, o Rabiscão tem como objetivo principal dar visibilidade e atuação aos profissionais de ilustração.
O Rabiscão Ilustrado é um evento pioneiro da cidade quando se trata de ilustração, design e criatividade. O projeto nasceu de forma espontânea a partir de encontros entre ilustradores amadores e profissionais que se encontravam por bares e cafés da cidade para desenharem em conjunto, prática conhecida como drink and draw. Desde 2019, o projeto se consolida como feira que reúne artistas de peso do DF e de todo país em um espaço de vendas que leva ao público trabalhos de diversos gêneros e uma programação recheada de ações divertidas e formativas.
Ao Correio, Reinaldo Dimon, designer e idealizador do Rabiscão, destaca o significado que tem para eles chegarem ao Museu. "É muito importante para o projeto e para os ilustradores estarem dentro de uma meca das artes como é o Museu Nacional. Durante o crescimento do Rabiscão, vimos a necessidade de dar oportunidades para os artistas terem um espaço para comercializarem seus produtos. Levar o evento para o museu abre a chance de maior visibilidade e acesso, contato com outros artistas, profissionais ou amadores, a espaços de fomento da cultura local e da profissão de ilustração que por longos anos foi vista de maneira inferior", destaca. O artista observa que há uma movimentação mais forte e positiva de projetos de incentivo à cultura neste ano. "A sensação é de que a cultura voltou", adiciona Reinaldo.
O ilustrador explica que o objetivo do Rabiscão sempre foi oferecer oportunidade e visibilidade para os artistas independentes. "O evento potencializa o acesso a esses artistas e a abertura de um leque de possibilidades de mercado, e contatos com eles. É necessário a desconstrução desse mito do artista enfurnado em casa no seu mundinho e levá-lo para o acesso ao público. Alguns deles se apresentam para o consumidor que só o conheceu através de rede social ou de algum projeto realizado na cidade", afirma.
Dimon avalia que a feira contribui diretamente na fomentação da carreira dos artistas e na cena cultural da cidade. "Aquele artista que está iniciando e, às vezes, informalmente por suas redes sociais a tanto terem contato direto com o consumidor de arte mas também em uma construção de uma rede de artistas para a troca de feedbacks, dicas de mercado, e eventuais pontos de contato para novos projetos. Para os artistas conhecidos da cena, o Rabiscão promove sempre a vivência entre as mais variadas formas de arte e um espaço acolhedor para a comercialização de produtos, troca de contatos, e essa aproximação entre o iniciante e o veterano", relata o ilustrador.
Reinaldo enfatiza que a relação de Brasília com a ilustração é muito forte e acolhedora, porém, não há ainda a devida valorização. "Brasília respira a inovação, a arquitetura e arte em todos os cantos, modernista de natureza, mas plural em segmentos artísticos. Somos acolhedores, mas ainda pouco valorizados. Promover o Rabiscão há tantos anos é uma afirmação da força cultural do DF. Com muita diversidade artística. Sem oportunidade, não se promove a diversidade. O evento foi, para muitos, a porta de acesso ao mercado criativo, porta de acesso de artistas ao mercado da ilustração publicitária e do design gráfico", conclui.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
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