CINEMA

Diretor japonês Hamaguchi vai fundo na alma com "Evil does not exist"

O filme narra o impacto em uma pequena comunidade rural japonesa de um projeto de camping de luxo, que representa oportunidades e ameaças para seus habitantes

O diretor japonês Ryusuke Hamaguchi posa durante o tapete vermelho do filme
O diretor japonês Ryusuke Hamaguchi posa durante o tapete vermelho do filme "Aku Wa Sonzai Shinai (Evil Does Not Exist)" - (crédito: AFP)
Agence France-Presse
postado em 05/09/2023 14:07 / atualizado em 05/09/2023 14:07

O diretor japonês Ryusuke Hamaguchi, vencedor do Oscar no ano passado por Drive My Car, aprofunda-se ainda mais nos mistérios da alma humana com Evil Does Not Exist, em competição no 80º Festival de Cinema de Veneza.

Evil Does Not Exist ("Aku Wa Sonzai Shinai", no título original em japonês) narra o impacto em uma pequena comunidade rural japonesa de um projeto de camping de luxo, que representa oportunidades e ameaças para seus habitantes. 

O filme se concentra, em particular, na relação entre um misterioso morador da aldeia e dois relações públicas escolhidos pelo investidor para convencer os habitantes. 

A obra recria as paisagens e a forma como aquela natureza selvagem modifica, ou reforça, o comportamento de cada um. 

"Eu realmente não queria fazer nada por um tempo depois do Oscar, mas... senti que poderia fazer isso", disse o diretor à AFP em Veneza. 

Drive My Car fez de Hagamuchi o primeiro diretor japonês a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme (2022). Acabou ganhando o prêmio de melhor filme internacional. 

"Não foi necessariamente pressão o que senti, só precisava de um descanso", explica o diretor. 

Evil does not exist surgiu como uma história quando o compositor Eiko Ishibashi pediu a Hamaguchi para filmar imagens na região remota para alguns concertos.

O diretor acabou criando um roteiro completo.  "Como sou uma pessoa da cidade, posso falar sobre como é para estas pessoas penetrarem nestes ambientes naturais", afirmou. 

O final do filme é enigmático, reconhece o diretor.  "Não tenho certeza se gosto desse tipo de final, ou não", comenta. 

"Mas quando escrevo um roteiro, sempre me interessa ter certeza de que não fique chato. Esse final veio naturalmente", acrescenta. 

"É assim que costumo representar as pessoas: não é necessariamente preto e branco", explica. 

"Muitas vezes represento pessoas que talvez façam algo terrível, mas há ações e razões por trás disso", completou.

Evil does not exist concorre ao Leão de Ouro (23 filmes no total), que será anunciado no próximo sábado.

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