Se "Rebel Moon", novo filme épico de ficção científica de Zack Snyder na Netflix, parece um novo episódio de "Star Wars", é porque foi apresentado como um.
Desde os humildes cidadãos de uma galáxia distante lutando contra poderosos senhores imperiais que destroem planetas, até suas espadas superaquecidas ou até mesmo no título: as semelhanças com a criação de George Lucas são evidentes.
Há uma década, quando Snyder apresentou sua história para a Lucasfilm e a ideia não foi para frente, o diretor continuou por conta própria e criou seu próprio universo repleto de mitologia - algo visto agora como uma grande bênção.
"Quando ficou claro que não funcionaria, Deborah, minha esposa e parceira de produção, me disse, 'é a melhor notícia que poderia receber'", lembrou Snyder.
"O processo de criação deste mundo, embora exaustivo e que tomou muito tempo - e o nível de detalhe é realmente uma loucura -, tem sido incrivelmente recompensador", disse o diretor de "300" e "Watchmen".
"Pois te dá a capacidade de desconstruir os ícones da ficção científica e os temas que estão acostumados", descreveu o cineasta.
O resultado foi, talvez, um dos passos mais ousados na popular e polêmica carreira do diretor, que reinterpretou o clássico "Madrugada dos Mortos", e recapitulou queridos heróis, como Super-Homem e Batman, nos filmes "O Homem de Aço" e "Liga da Justiça".
"Rebel Moon" é uma rara aposta que custou mais de US$ 160 milhões (R$ 793,1 milhões na cotação atual), em um momento em que Hollywood depende cada vez mais de marcas e franquias estabelecidas - conhecidas como "propriedade intelectual", ou "IP", na sigla em inglês.
"A faca de dois gumes da IP é que, por um lado, é familiar, todo mundo sabe o que é", disse Snyder. "Por outro, é familiar, todo mundo sabe o que é", brincou.
- "O novo mundo de Zack" -
"Rebel Moon Parte Um: A Menina do Fogo" estreia no streaming da Netflix em 22 de dezembro, com previsão de uma sequência para abril.
O filme mostra a trajetória de Kora (Sofia Boutella), uma estranha misteriosa que choca sua nave espacial no canto mais distante do universo e se vê defendendo os pacíficos moradores do planeta, que a acolheram e protegeram, do imperador tirânico.
Ela e um inocente camponês, Gunnar (Michiel Huisman), juntam uma equipe de combatentes - desde um corajoso rebelde até um petulante mercenário (Charlie Hunnam), que é dono de uma nave espacial e valoriza sua própria segurança e fortuna acima do destino da rebelião.
Se alguns desses personagens soam familiares, membros do elenco insistem que estão muito, muito longe de certa famosa galáxia.
"Eu não acho que alguém tenha dito as palavras 'Star' e 'Wars' no set", disse Ed Skrein, que interpreta o vilão almirante Atticus Noble. "Nunca as mencionamos".
Snyder trabalhou detalhadamente no plano de fundo de cada história - seja dos personagens, dos planetas e até mesmo da maquinaria das naves especiais.
Os produtores criaram linguagens únicas para as diversas culturas e crenças do universo.
"Isto é um novo original. Este é o novo mundo de Zack", pontuou Huisman.
- "Perigo" -
Se existe uma característica de "Rebel Moon" que diferencia de "Star Wars" é o seu tom mais adulto, com o uso de mais violência e sensualidade. Uma das primeiras cenas do filme acontece em um bordel.
Na "director's cut", uma versão estendida que contém os cortes finais do diretor, irá abordar ainda mais esses temas, e será lançada no próximo verão do hemisfério norte (inverno no Brasil).
A Netflix anunciou que está trabalhando em um jogo de videogame, uma história em quadrinhos e um filme de animação sobre "Rebel Moon".
Snyder espera que a franquia possa se expandir e ganhar vida própria, assim como Lucas fez no passado.
"Meu sonho para este projeto é, de um lado, seguir a história até o final. É a principal questão que me motiva", indicou o diretor do filme.
"Sinto que existe todo um universo de história em quadrinhos que eu gostaria de criar para este mundo", disse Snyder, acrescentando que sua "esperança é que seja algo inesgotável".