Diversão e Arte

Kesha dá “ponto final” ao passado e renasce no pop

Kesha retorna ao pop com autenticidade radical em seu primeiro disco independente

Kesha está de volta — mais intensa, honesta e livre do que jamais foi. Aos 38 anos, a cantora estreia nesta sexta-feira (5) seu novo álbum . (pronunciado literalmente como “ponto final”), o primeiro lançado de forma totalmente independente, via Kesha Records. A novidade marca mais do que uma virada profissional: é um renascimento artístico de alguém que passou anos lutando para reconquistar o próprio corpo, a própria voz e, sobretudo, a própria história.

Criada por uma mãe solo e compositora, Pebe Sebert, em um lar modesto onde música era essencial para sobreviver, Kesha aprendeu desde cedo o poder curativo da arte. “Usávamos vale-alimentação. E eu pensava: o que faz as pessoas sorrirem em momentos difíceis? Músicas felizes fazem isso”, contou à People. Essa filosofia moldou sua trajetória — e agora, retorna com força total.

Após o estrelato meteórico com “TiK ToK”, que a levou dos porões punk ao palco da turnê de Rihanna, vieram os altos e baixos: conflitos criativos, internação por distúrbios alimentares, e a longa batalha judicial contra o produtor Dr. Luke, encerrada só em 2023. Em meio a tudo isso, Kesha lançou Rainbow (2017), com o hino “Praying”, e seguiu com High Road (2020) e Gag Order (2023), agora rebatizado de Eat the Acid.

Mas foi só com . que ela se sentiu, de fato, solta das amarras. “Por muitos anos, eu não podia dizer que era livre. Hoje, estou reaprendendo a dançar, cantar e existir como uma mulher livre”, afirmou. O projeto retoma a irreverência de seus primeiros hits com a maturidade de quem passou pelo inferno — e sobreviveu.

Com o single “Joyride”, que ultrapassou 119 milhões de streams no Spotify, e faixas como “Boy Crazy” e “Red Flag”, o disco abraça o que os fãs chamam de “pop de recessão” — um som leve e escapista em meio ao caos do mundo. “Talvez as pessoas precisem de música boba quando tudo está pegando fogo”, brinca ela.

Mais do que hits, Kesha oferece acolhimento. “Meu papel como artista é fazer as pessoas se sentirem vistas e seguras — e dançarem como se não houvesse amanhã”, resume. Isso inclui mudanças simbólicas, como a troca da icônica letra de “TiK ToK”, que mencionava P. Diddy, após as acusações de abuso contra o rapper. “Não tolero abusos na minha casa. Minha forma de dizer que estou ouvindo foi mudar aquela frase. Ponto.”

Livre de contratos com gravadoras, ela também ressignificou o álbum Warrior, que durante anos evitou cantar. Agora, na turnê Tits Out, revive faixas do disco como um gesto de reconciliação consigo mesma. “Por muito tempo tive vergonha. Hoje vejo: você foi uma guerreira. E merece estar orgulhosa.”

Quando questionada se tem arrependimentos, ela é direta: “Claro. Mas cada dor e cada vitória me trouxeram até aqui. É isso que me faz acreditar em algo maior”.

Hoje, mais do que popstar, Kesha é um manifesto de resistência e liberdade. “Já ouvi tudo o que poderiam dizer de horrível sobre mim: ‘velha’, ‘gorda’, ‘acabada’. Mas isso me tornou imune. Talvez esse seja o meu superpoder: não me importar mais. Isso, sim, é liberdade.”

Kesha retoma o controle: novo álbum marca era independente da artista

Nesta sexta-feira, a cantora norte-americana Kesha lançou seu mais novo álbum de estúdio. Intitulado “.” (Period), o trabalho marca o primeiro lançamento feito de forma independente pela artista, sob o selo da Kesha Records, gravadora que ela própria fundou após o encerramento de seu contrato com a Sony Music — rompimento conquistado por meio de uma longa disputa judicial. O disco é o sexto de sua carreira e simboliza uma nova era de liberdade criativa.

Para celebrar o lançamento, Kesha compartilhou uma mensagem emocionada em seu perfil no Instagram, refletindo sobre a importância pessoal e simbólica desse momento. A artista destacou o orgulho de, pela primeira vez, ter total autonomia sobre sua obra:

“O PRIMEIRO ÁLBUM QUE EU POSSO DIZER QUE É MEU. NA MINHA PRÓPRIA GRAVADORA. É TODO MEU.”

Em entrevista à revista People, Kesha revelou que o novo álbum foi pensado para capturar emoções verdadeiras, positivas e libertadoras. A cantora explicou que, depois de anos lidando com dores profundas e desafios pessoais, ela quis fazer um trabalho que refletisse o bem-estar e a plenitude que finalmente encontrou:

“Para este capítulo, eu realmente queria capturar os momentos em que me senti livre, segura, feliz, brincalhona, gostosa, excitada — mas tudo isso vindo de um lugar completo; eu me sinto muito inteira.”

Kesha também falou sobre o sentimento de retomar o controle de sua carreira e da própria narrativa. Segundo ela, esse renascimento artístico está diretamente ligado ao desejo de impactar positivamente a vida das pessoas por meio da música:

“Agora, toda a minha energia pode se concentrar novamente no meu verdadeiro propósito — ajudar as pessoas a se sentirem vistas, amadas, seguras e extremamente entretidas. Meu poder está todo de volta às minhas mãos, e isso me empolga.”

As palavras da cantora ecoam com ainda mais força ao serem contextualizadas com sua luta pública contra o produtor Dr. Luke, a quem ela acusou de abuso emocional, físico e sexual. A batalha judicial se arrastou por anos e mobilizou a opinião pública e a indústria musical. “Period”, nesse sentido, representa não apenas uma conquista artística, mas um marco de superação.

Kesha relembra performance no Grammy 2018: “Eu realmente precisava de apoio”

Durante a mesma entrevista, Kesha comentou sobre um dos momentos mais marcantes de sua carreira: a apresentação da música “Praying” no palco do Grammy Awards 2018. A performance — considerada uma das mais emocionantes da história recente da premiação — ocorreu enquanto a cantora ainda enfrentava judicialmente Dr. Luke, e simbolizou sua dor e força diante da adversidade. A faixa foi indicada à categoria Melhor Performance Pop Solo, e o álbum “Rainbow” disputou o prêmio de Melhor Álbum de Vocal Pop.

Kesha descreveu o quanto foi significativo dividir o palco com outras grandes artistas como Cyndi Lauper, Julia Michaels, Andra Day e Bebe Rexha. Mais do que uma apresentação musical, para ela, foi um momento de acolhimento, empatia e união entre mulheres que a fizeram sentir-se segura em um momento de vulnerabilidade:

“Estar cercada por aquelas artistas icônicas e me sentir tão apoiada pela minha comunidade de mulheres naquele palco foi algo muito poderoso. Não apenas para mim, mas para qualquer outra pessoa que se identifique com qualquer parte da minha história.”

Ela também relembrou um gesto simbólico e afetuoso de Cyndi Lauper, que lhe tocou profundamente e ficou gravado em sua memória como um ato de amparo:

“Eu realmente me senti muito apoiada naquele momento, num momento em que eu realmente precisava de apoio.”

Ao refletir sobre a apresentação, Kesha reforçou que, embora o momento tenha sido marcante e transformador, também foi emocionalmente desafiador, já que ela ainda estava no centro da turbulência legal e pessoal:

“Eu ainda estava no meio da confusão. Então, cantar sobre isso enquanto tudo estava acontecendo foi realmente uma loucura, porque era lindo, mas também muito difícil.”

Apesar de não ter levado os prêmios naquela edição, a performance de Kesha no Grammy 2018 se tornou um símbolo de resiliência e sororidade, consolidando-se como um dos pontos altos de sua carreira e da luta por justiça dentro da indústria musical.

Mais Lidas

Tags