Diversão e Arte

System of a Down quebra o silêncio sobre futuro da banda

Daron Malakian lamenta pausa da banda no auge da criatividade, enquanto o System of a Down revive glórias

Mesmo sem lançar um disco novo há duas décadas, o System of a Down provou que ainda tem poder de fogo. Em maio de 2025, a lendária banda armênio-americana desembarcou na América do Sul com a turnê WAKE UP! South American Stadium Tour e arrastou multidões. Só no Brasil, a passagem incluiu apresentações arrebatadoras em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo — esta última, no Autódromo de Interlagos, reuniu impressionantes 70 mil pessoas.

Mas a euforia dos fãs contrasta com um sentimento pessoal do guitarrista Daron Malakian. Em uma entrevista recente ao podcast Talk Is Jericho, ele quebrou o silêncio sobre o motivo pelo qual o grupo ainda não lançou um novo álbum — e expôs um arrependimento que carrega até hoje.

“Poderíamos lançar algo novo, e talvez até fosse bom. Mas quando olho para os cinco discos que já temos, vejo uma evolução. E lamento que essa evolução tenha sido interrompida”, desabafou. “Não queríamos fazer o mesmo álbum várias vezes. Nosso som estava indo para lugares diferentes. É isso que me incomoda: não tivemos a chance de continuar esse caminho.”

Apesar do hiato criativo, o fenômeno System of a Down segue vivo — e crescendo. A recente turnê foi um marco: dez anos após sua última passagem pela América Latina, o grupo esgotou ingressos em todas as cidades por onde passou, incluindo Bogotá, Lima, Santiago e Buenos Aires. Ao todo, a série de shows reuniu mais de meio milhão de pessoas.

Daron também comentou sobre esse impacto duradouro. “O que mais me impressiona é que os fãs continuam se importando. Voltamos da América do Sul com estádios lotados. Foi insano”, afirmou. “O mais louco? A maioria das pessoas ali tem 18, 25 anos. Muita gente que nasceu depois dos nossos últimos álbuns. E mesmo assim, estão lá, cantando tudo. Isso é surreal.”

Para ele, o segredo da longevidade está no timing — e na verdade das composições. “Talvez seja porque paramos no auge. Criamos essa dúvida: ‘Será que eles voltam?’. Não foi algo planejado, mas funcionou. As músicas ficaram. Viraram parte da vida das pessoas.”

System of a Down arrasta multidões e faz história na América do Sul

Em tempos de algoritmos e playlists apressadas, há algo mágico quando uma banda como o System of a Down decide romper o silêncio dos palcos com uma turnê digna de lenda.

E foi exatamente isso que aconteceu com a “Wake Up! South America Stadium Tour”, que passou por cinco países latino-americanos e levou impressionantes 500 mil pessoas a nove apresentações de pura catarse sonora.

O Brasil, como sempre, foi território fértil para esse furacão musical. Das nove datas, cinco aconteceram por aqui — e o público respondeu com entusiasmo proporcional.

Só no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, 70 mil fãs se espremiam em uma massa sonora que vibrava ao som de “Chop Suey!”, “Aerials”, “B.Y.O.B.” e, claro, a explosiva “Toxicity”, que praticamente redefiniu o que é um momento coletivo de libertação.

O show em São Paulo foi mais que um espetáculo, foi um ritual. Foram quase 40 músicas em um setlist que percorreu todas as fases da banda e entregou do início ao fim o que os fãs queriam: peso, política e poesia em doses cavalares.

Ninguém saiu ileso nem mesmo o público que, entre rodas punk e coros ensurdecedores, parecia ter voltado aos anos de ouro do nu metal, com a consciência política de 2025.

O CEO da produtora 30e, Pepeu Correa, resumiu bem o impacto da turnê: “A turnê do System of a Down foi a perfeita tradução do compromisso que temos com os artistas e com o público. Estamos certos de que este é um passo importante para a nossa contínua expansão.”

Mas para os fãs, a frase poderia ser bem mais simples: foi histórico.

System of a Down: Mais que um show, um manifesto sonoro

É preciso dizer que o sucesso da turnê não se resume aos números. Há uma atmosfera única nos shows do SOAD, que vai muito além da música. Cada apresentação parece um grito coletivo contra a apatia, um soco poético no estômago do sistema, embalado por guitarras cortantes e a voz sempre provocadora de Serj Tankian.

O palco virou arena de insanidade criativa, com direito a personagens surreais como Pikachu, homens cuspindo fogo e bananas gigantes  porque com System of a Down, o caos é sempre bem-vindo, desde que coreografado com genialidade.

E assim, em meio a guitarras distorcidas, letras afiadas e um público em transe, a banda encerrou sua passagem pela América do Sul deixando um recado claro: eles podem até demorar a voltar, mas quando voltam, fazem história.

A depressão pós-show é real, o “come to Brasil” já está ecoando novamente pelas redes e, se depender dos fãs, o próximo encontro com o SOAD será ainda maior. Porque caos, consciência e rock de verdade nunca saem de moda  e o System of a Down segue como prova viva disso.

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