Crítica

O encantamento é recorrente, na terceira aventura do pequeno Nicolau

Filme francês conquista pela naturalidade das traquinagens do clássico personagem sessentista

Ricardo Daehn
postado em 23/12/2022 07:20
O tesouro do Pequeno Nicolau: mais uma caçada rumo ao sucesso -  (crédito:  California Filmes/Divulgação)
O tesouro do Pequeno Nicolau: mais uma caçada rumo ao sucesso - (crédito: California Filmes/Divulgação)

Crítica // O tesouro do Pequeno Nicolau ###

Num ciclo, desde 2009, a cada cinco anos, o sucesso consumado da adaptação dos populares livretos de aventuras do personagem francês Pequeno Nicolau para a telona ganha vida. Na terceira criação, o novo filme vem agora sem a participação do cineasta Laurent Tirard (um influente crítico de cinema, autor de Grandes diretores de cinema), precursor no comando das produções que deram desdobramentos ao universo registrado na obra da dupla René Goscinny e Jean-Jacques Sempé, entre meados dos anos de 1950 e 1960.

Depois de testemunhar as férias de Nicolau, no filme de 2014, os espectadores são convidados a testemunhar os dilemas de Nicolau, agora vivido por Ilan Debrabant, terceiro menino a assumir o personagem. O tesouro do Pequeno Nicolau, que estreia em mais de 80 cópias no Brasil, chega ao Cine Brasília, programado para exibição hoje, às 10h (com demais sessões, a partir de segunda-feira).
Muito do roteiro, a cargo do novo diretor — Julien Rappeneau, que recentemente apresentou Meu filho é um craque — e do parceiro Mathias Gavarry, encampa temas como amizade, fantasiosas expedições infanto-juvenis e o despertar do conhecimento dos jovens nos estudos de arquelogia e astrologia, além do foco na importância das memórias de infância.

O filme revela as características peculiares dos colegas que cercam o dia a dia de Nicolau, entre eles o sempre faminto Alceu, o geniozinho Agnaldo, e Rufino, que se diz filho de policial, quando, na verdade, o pai é guarda de trânsito. A profissão paterna também é dado fundamental para Nicolau que, a partir da ambição do progenitor (interpretado por Jean-Paul Rouve), passa a temer a ida compulsória a Aubagne, ao sul da França, por causa de uma promoção na carreira do pai. Num mundo infantil, em que até escritórios adultos são visualmente estilizados, pesa o senso impreciso de realidade projetado por Nicolau e os amigos dele.

Na galeria de tipos que desfilam na tela está o vizinho enxerido, a viúva rabugenta e dois personagens leves para experientes atores franceses (Jean-Pierre Darroussin e Pierre Arditi): o do diretor da escola e o Sr. Dubon, constantemente engambelado pelos pequenos. Professores cativantes, a atriz Audrey Lamy dando vida a uma amável mãe (decisiva para a trama) e a suposta caçada a um tesouro (motivada pela lenda de Olaf e os vikings) trazem pontos altos para o filme. Da precipitada e descabida aquisição de um carro (feita pelo pai de Nicolau), às investidas dos meninos na biblioteca escolar, passando pela abertura (que faz referência às edições dos pequenos livros originais) — tudo reclama charme e graça.

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