Cinema

Confira a crítica do filme que atualiza o mito da imperatriz Sissi

Melancolia é um dos elementos mais explorados no filme produzido por Vicky Krieps e dirigido por Marie Kreutzer

Ricardo Daehn
postado em 13/01/2023 07:22
Vicky Krieps interpreta uma nova Sissi nos cinemas -  (crédito:  Imovision/Divulgação)
Vicky Krieps interpreta uma nova Sissi nos cinemas - (crédito: Imovision/Divulgação)

Muito se fala da interpretação da atriz Vicky Krieps, em Corsage, vencedora de prêmio, no Festival de Cannes, pelo segmento Um Certo Olhar. Mas, acima dela, nos bastidores do drama situado em corte do século 19, está outra versão de Krieps: a de produtora executiva do longa assinado por Marie Kreutzer, e que se esforça para redefinir a representação de rainha húngara e imperatriz da Áustria Isabel. Morta de fome, diante das restrições para se manter esguia, na mesma medida, Isabel tem sede: pretende ir além do legado e da beleza, numa postura decorativa, ao lado do imperador austríaco Francisco José (Florian Teichtmeister). Atriz do icônico filme de Paul Thomas Anderson, Trama fantasma, Krieps pretende dar mais vivacidade à personagem histórica, isolada e desinteressada em traquejos sociais.

Corsage, que segue na trilha dos filmes internacionais pré-candidatos ao Oscar 2023, traz no título a peça de vestuário que tanto espreme a beleza de Isabel, por debaixo dos vestidos: um corpete. Com um impressionante desenho de produção (a cargo de Martin Reiter), o longa abraça um rigor nos elementos caros ao rei bávaro Ludwig II (Rubey Manuel, na pele do primo de Isabel, sua paixão eventual), que foi patrono das artes e da arquitetura. Voluntariosa, sem excessos, Isabel é retratada em momentos de prazer, cavalgando, visitando hospitais e hospícios, com atitudes nada convencionais, ou apática, cortando o cabelo e dependendo de drogas (a fim de amenizar dores físicas).

Considerada envelhecida, aos 40 anos, na trama, Isabel tenta eternizar a imagem pública, em retratos ou apostando em inovações, como modelo para Louis Le Prince (Finnegan Oldfield), um dos pioneiros da sétima arte. O filme de Marie Kreutzer aposta em alguns choques como o uso de músicas contemporâneas com uso de Kris Kristofferson, entre outros. Nada que Sofia Coppola não tenha feito em 2007, com Maria Antonieta. Melancólica, ainda que com ensejos de autoridade (afrontando o rei, ela chega a dar murro numa mesa), Isabel tem um grande momento de sabedoria, quando, pressentindo sua "reposição" na corte, ela determina e instrui a virtual, e jovem, amante do marido, azedando algo do gosto de pecado nutrido pelos amantes.

 

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