Lamen, bibimbap, chicken masala... A culinária oriental vai muito além de sushis e sashimis. O Divirta-se mais desta semana traz uma seleção especial de restaurantes que contemplam iguarias desde Istambul, no fimzinho da Europa, até o mais extremo da Ásia, com o Japão.
Em comum, eles trazem o gostinho de quem veio de longe e tenta trazer a Brasília o conforto de um lar, mas sempre mantendo as raízes e o contato com as origens, estabelecendo laços a partir da culinária e da cultura dos países de onde vieram. "A nossa comida japonesa tem raízes nipônicas, pois muito do que a chef aprendeu foi com a sua mãe, que imigrou para o Brasil na década de 1950, e também com a comunidade japonesa local", conta o sócio e diretor da franquia de restaurantes Miwa Co-Kitchens Donburi, Nowan Takematsu.
Todo o processo envolve, além de muito esforço, "busca de conhecimento e resgate das lembranças das refeições com nossos pais e familiares". É o que enfatiza o criador da franquia Katsu Lamen House, Edson Kato. "Por isso chamamos nosso restaurante de casa de massas japonesas, pois é uma extensão da nossa própria casa."
Para o proprietário do Restaurante New China, Jackson Yang, é importante se adaptar ao que o cliente pede, porém sempre mantendo a tradição: "Nós prezamos por manter as raízes chinesas, os pratos não sofreram muitas alterações, e continuamos fazendo nossas próprias massas, mantendo a tradição".
No Soban Korean Kitchen, a história é parecida. O dono, Paula Yang, conta como a esposa, chef Patrícia Lee, prepara os pratos: "A família dela, já desde da época da bisavó dela, passou de geração para geração muito dos ingredientes". Foi assim que surgiu o espaço, ao pensarem que Brasília precisava de um restaurante que trouxesse as raízes da cultura coreana. "A culinária oriental, além de ser milenar, tem muito sabor, e isso agrada demais ao paladar eh brasileiro", finaliza.
Cozinha Nikkei
"Uma história das raízes japonesas em Brasília." É assim que Nowan Takematsu define o Miwa Co-Kitchens, ou Donburi. Se você procura "comida caseira japonesa, encontra muito carinho e dedicação", não há outro lugar para encontrar que não nas especialidades preparadas pelas mãos da chef Rosa Takematsu.
"Nossa família preza muito pela cultura japonesa e culinária, é muito bom oferecer a culinária de nossa casa para cada cliente que vem visitar nossas casas ou pedir no conforto da sua", conta Nowan. "Muitos clientes descendentes de japoneses dizem que se lembram de sua casa ou avós quando provam nossas comidas."
Ele acredita que representar a culinária japonesa em Brasília desde 2014, quando foi fundada a franquia, é um prazer, mas que ainda há muito a mostrar: "Em nosso restaurante, por exemplo, temos pratos bem famosos no Japão, mas que muita pouca gente conhece".
A quem ficar curioso, Takematsu recomenda começar com o takoyaki (R$ 24,90), entrada de massa frita recheada com polvo, à base de cará, gengibre e cebolinha; passar para o prato principal katsu karê don (R$ 39,90), donburi — tigela de arroz japonês — com lombo de porco empanado e curry com batata, cenoura e cebola; e finalizar com o choux cream (R$ 8), sobremesa feita com farinha de amêndoas, recheada com creme de baunilha, chocolate ou matchá.
Ele avisa que o prato do mês é o toshikoshi soba, macarrão do ano novo japonês. Que tal começar 2023 por lá?
Mantendo as raízes chinesas
Fundado em 1978 por Yang Chung Chi, o restaurante New China traz o melhor da culinária chinesa tradicional ao coração do Brasil. Quem prepara pratos como frango xadrez, porco agridoce e camarão empanado é uma equipe com mais de 20 anos de casa, oriunda do Nordeste e capacitada por um chef chinês.
"A cozinha oriental sempre acaba tendo que se adaptar ao paladar do cliente, mas mantendo as raízes", afirma Jackson Yang, filho do fundador e quem comanda o negócio agora. Ele conta que, desde o início, as receitas permanecem quase as mesmas: "Nesses 45 anos de casa os pratos não sofreram muitas alterações, e continuamos fazendo nossas próprias massas e o nosso pão, isso mantém um padrão e a quantidade".
O carro-chefe é o yakisoba tradicional. "Serve muito bem duas pessoas e custa R$ 51", recomenda Yang. "A massa artesanal dá um toque especial."
Provisoriamente na 205 Sul — enquanto não se conclui a reforma no ponto da 114, que pertence ao negócio desde 1992 —, o restaurante New China promete trazer delícias chinesas aos brasilienses por ainda mais tempo.
Tempero árabe
O restaurante Istambul Cozinha Bar foi inaugurado há dois anos, mas tem muito o que contar. O foco, segundo o proprietário Nader Abdel Hadi, é "oferecer uma gastronomia diversificada, tanto da cozinha oriental, árabe, como da ocidental". Assim surgiu o nome do espaço: "Istambul, uma cidade dividida entre oriente e ocidente".
O carro-chefe é um prato que pode ser compartilhado: o combo árabe (R$ 79,90). Nele, vem um pouco de cada iguaria: homus, baba ghanoush, coalhada seca, berinjela Istambul, tabule, quibe cru e pão árabe.
Além de todas as especialidades culinárias árabes, o ambiente sempre busca manter um ambiente confortável para os clientes, então além de poderem degustar do tempero árabe ainda são brindados com entretenimento, pois o restaurante oferece uma agenda musical diversificada.
O favorito dos animes
A franquia de restaurantes Katsu Lamen House surgiu do sonho da família Kato de constituir um restaurante de comidas quentes japonesas. Tudo começou em 2015, com uma pequena loja em Águas Claras. A proposta era trazer a Brasília "uma cozinha mais voltada à simplicidade dos pratos servidos nas refeições diárias dos lares japoneses, onde o macarrão tem destaque", conta o criador, Edson Kato.
"Sentimos que Brasília era muito carente em restaurantes voltados apenas a pratos quentes", relembra. "E mais ainda, não haviam casas especializadas em lamen, prato hoje mundialmente conhecido."
O que mais faz sucesso por lá, como se pode perceber, é, claro, o lamen, que vai de R$ 45 a R$ 68, a depender dos acompanhamentos: "É um prato que, dizem, acalenta, que abraça, nada como um bom lamen para iniciar ou finalizar um dia puxado". Kato conta como ele é preparado: "composto de massa caseira e artesanal, de um caldo de cozimento super lento, levando até 12 horas de cocção, e dos toppings, coberturas tradicionais como carne de porco finamente fatiados, alga nori, massa de peixe, carne de frango frita, verduras, ovos marinado no shoyu, cebolinha, dentre outros".
Não é atoa que é o prato favorito dos personagens de anime, "principalmente do Naruto", complementa.
Cem por cento indiano
Completando dois anos de inauguração, o Namaste Indian Restaurant traz, literalmente, um pedaço da Índia para o planalto central. Todos os ingredientes são trazidos diretamente do país oriental para os pratos produzidos na loja na Asa Norte: "A gente traz todo o tempero da Índia, porque aqui não tem", afirma o indiano Ankit Rawat, proprietário do restaurante.
"Aqui, a gente tem comida cem por cento indiana", assegura. "A mesma comida que você come na Índia, aqui é a mesma coisa, não muda nada." Mas adverte, bem-humorado: "Só que aqui a gente não coloca [tanta] pimenta igual na Índia".
Além dos ingredientes, quem os manuseia também veio de além-mar: dois chefs indianos profissionais produzem os pratos mais famosos do país para os brasileiros. Rawat também é chef, mas ultimamente trabalha do lado de fora da cozinha, orientando clientes sobre as iguarias: "A gente explica para eles como é a nossa culinária, com pimenta, com temperos e essas coisas".
Os pratos indianos mais famosos podem ser encontrados no cardápio. "A gente tem várias opções aqui, de [pratos] veganos, vegetarianos, frango, cordeiro, camarão", afirma. Mas o que faz mais sucesso por lá é o butter chicken (R$ 49,90) — frango cozido em molho de tomate com castanha de caju, creme de leite, manteiga e especiarias — e o chicken tikka masala (R$ 50,90) — frango cozido em molho de tomate, alho, manteiga, creme de leite, gengibre e especiarias —; além das famosas samosas (R$ 13,90), um tipo de pastel indiano, recheado de frango ou legumes.
Tradição e cultura pop
Quem também tem dificuldades para encontrar ingredientes por Brasília é Paulo Yang, dono do Soban Korean Cuisine. "Muitas das coisas a gente que tem que preparar, a gente tem que fazer do zero", afirma.
Inaugurado em abril de 2019, o restaurante busca oferecer o mais tradicional da culinária e da cultura coreanas, da forma mais fiel possível: "A gente até cogitou fazer algumas fusões". Baseados em uma pesquisa, porém, eles perceberam que a maioria dos brasilienses queria mesmo era comer o tradicional. "As pessoas que vêm pro restaurante vão provar mais ou menos como vai ser lá na Coréia também."
As receitas vêm da família esposa de Yang, Patrícia Lee, chef do Soban. "A gente queria trazer o aspecto familiar", acentua o dono. Apesar disso, o fenômeno da cultura pop coreana, que está em alta atualmente em dramas no streaming, cinema e música, não fugiu do interesse dos que procuram o local para conhecer mais sobre o país: "[As pessoas] começaram a assistir e atiçou aquela curiosidade pela comida coreana". Ele garante, porém, que o sucesso que o restaurante tem feito não é devido ao modismo: "A comida coreana em si é muito muito saborosa, então brasileiros gostam; brasilienses gostam de comidas saborosas".
Entre os principais pratos, estão o bibimbap (R$ 52 - R$ 57) — conhecido como mexidão coreano, trata-se de arroz com legumes, ovo e carne — e o bulpan bulgogui (a partir de R$ 185) — churrasco coreano com carne bovina ou de porco, preparado na mesa do cliente, com acompanhamentos —, que serve de três a quatro pessoas.
Estagiárias sob a supervisão de José Carlos Vieira
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.