Crítica // Creed III // ###
Até que o festival de músculos e de ações apareça em Creed III, muito drama de bastidor estará em jogo, na estreia Michael B. Jordan como diretor. O esportista personagem central se diz "domesticado", enfiado num terno, aposentado, mas atuante como pai de Amara (Mila Davis-Kent). "Construa seu próprio legado" é um dos enunciados do filme, que aposta num exame deste legado de Adonis Creed (B. Jordan) que comporta passado de pugilista acusado de ser "covarde" e fraudulento.
Toda a trama se inicia na Los Angeles de 2002, com ringue cercado por disputas e apostas clandestinas. A competição da era seguinte à iniciada nos anos 2000, entre os pesos-pesados, traz a "fera" Félix (Jose Benavidez), detentor de 14 vitórias por nocaute, no bom (e convencional) roteiro escrito por Ryan Coogler (Pantera Negra), Zach Bailin (de King Richard, o filme com histórico de virtual decadência para Will Smith) e ainda de Keenan Coogler (de Space Jam 2). Deste último, muito provavelmente, desponta a originalidade gráfica e sombria de uma luta vital para o filme, toda afirmada na igualdade e equiparação dos oponentes. Por três anos sem lutar, dado como "velho e fraco", Creed carrega medo e culpa, na vida anterior à do casamento com a produtora musical Bianca (Tessa Thompson). Na maré crítica na qual se encontra, Creed ainda encara a debilidade física da mãe, vivida pela atriz Phylicia Rashad (da série This is us).
Vivendo entre um "massacre ou conto de fadas", como um narrador esportivo da trama destaca, o debutante no ringue, na condição de não ser nem profissional, Diamante Dame Anderson rende bom co-protagonismo para Jonathan Majors (o Kang do MCU). Cheio de raiva, ele desvia do conceito atrelado de que boxe seja resultado de "tempo e foco", e se aplica na violência. Preso por 18 anos, Anderson vive um período de condicional, ainda em plena adaptação.
Com um jeito arrogante, Anderson intriga o treinador Duke (Wood Harris), mas nutre uma afinidade forte com Creed. Vínculo forte associado ao passado de ambos, e que gera muito interesse na trama, e que vai sendo desvendado no decorrer da fita. Mas o terceiro capítulo da história de vida de Adonis contempla também uma inesperada carga de animosidade. Sem dúvida o melhor da sucessiva franquia à la Rocky se concentra nas cenas de luta, em que desafios, provocações e tensão se afirmam, a cada frame.
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