Cinema

Filme sobre boxeadores rivais, Creed III aposta ainda na amizade

Longa dirigido por Michael B. Jordan, Creed III segue foma convencional dos filmes de boxe, sem decepcionar

Ricardo Daehn
postado em 03/03/2023 06:45
 Creed III: um acertado incremento na carreira de Michael B. Jordan -  (crédito:  Warner)
Creed III: um acertado incremento na carreira de Michael B. Jordan - (crédito: Warner)

Crítica // Creed III // ###

Até que o festival de músculos e de ações apareça em Creed III, muito drama de bastidor estará em jogo, na estreia Michael B. Jordan como diretor. O esportista personagem central se diz "domesticado", enfiado num terno, aposentado, mas atuante como pai de Amara (Mila Davis-Kent). "Construa seu próprio legado" é um dos enunciados do filme, que aposta num exame deste legado de Adonis Creed (B. Jordan) que comporta passado de pugilista acusado de ser "covarde" e fraudulento.

Toda a trama se inicia na Los Angeles de 2002, com ringue cercado por disputas e apostas clandestinas. A competição da era seguinte à iniciada nos anos 2000, entre os pesos-pesados, traz a "fera" Félix (Jose Benavidez), detentor de 14 vitórias por nocaute, no bom (e convencional) roteiro escrito por Ryan Coogler (Pantera Negra), Zach Bailin (de King Richard, o filme com histórico de virtual decadência para Will Smith) e ainda de Keenan Coogler (de Space Jam 2). Deste último, muito provavelmente, desponta a originalidade gráfica e sombria de uma luta vital para o filme, toda afirmada na igualdade e equiparação dos oponentes. Por três anos sem lutar, dado como "velho e fraco", Creed carrega medo e culpa, na vida anterior à do casamento com a produtora musical Bianca (Tessa Thompson). Na maré crítica na qual se encontra, Creed ainda encara a debilidade física da mãe, vivida pela atriz Phylicia Rashad (da série This is us).

Vivendo entre um "massacre ou conto de fadas", como um narrador esportivo da trama destaca, o debutante no ringue, na condição de não ser nem profissional, Diamante Dame Anderson rende bom co-protagonismo para Jonathan Majors (o Kang do MCU). Cheio de raiva, ele desvia do conceito atrelado de que boxe seja resultado de "tempo e foco", e se aplica na violência. Preso por 18 anos, Anderson vive um período de condicional, ainda em plena adaptação.

Com um jeito arrogante, Anderson intriga o treinador Duke (Wood Harris), mas nutre uma afinidade forte com Creed. Vínculo forte associado ao passado de ambos, e que gera muito interesse na trama, e que vai sendo desvendado no decorrer da fita. Mas o terceiro capítulo da história de vida de Adonis contempla também uma inesperada carga de animosidade. Sem dúvida o melhor da sucessiva franquia à la Rocky se concentra nas cenas de luta, em que desafios, provocações e tensão se afirmam, a cada frame.

 

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