Cinema

Amor, sexo, e nada de compromisso no filme A porta ao lado

Uma ciranda de sentimentos dá encadeamento ao roteiro do filme de Julia Rezende que explora e relativiza o descaso com sentimentos

Ricardo Daehn
postado em 10/03/2023 09:44
 (crédito:  Morena Filmes/Divulgacao)
(crédito: Morena Filmes/Divulgacao)

Crítica // A porta ao lado ###

Roteirista do sucesso Meu passado me condena, Patricia Corso, em colaboração com L.G. Bayão (Um suburbano sortudo) baliza o enredo algo tenso de A porta ao lado. Filme de Julia Rezende, sempre à frente de filmes envolventes como Depois a louca sou eu (2019) e Ponte aérea (2015), conduz o drama em cartaz com inesperado tom grave. Julia sempre imprimiu críticas aos modelos de comédias românticas, e com este filme ela, na mesma linha, desestabiliza padrões e expectativas.

No enredo, Rafa (Dan Ferreira, de Pixinguinha) mora com Mari (Letícia Colin, sempre luminosa) num apartamento que, com a ação descompromissada do casal Isis (Bárbara Paz) e Fred (o brasiliense Túlio Starling, nunca menos do que eficiente), se torna ruidoso. Colocando o pé na porta do excesso de tradição que sufoca Mari e Rafa, os novos vizinhos bagunçam todo o coreto. Conceitos de divisão de sentimentos, relativizações de padrões sociais e ainda a derrubada de percepções de normalidade e do que "seja direito" entram em debate.

Até um grito libertador, o feminismo das personagens centrais vai ao encontro do companheirismo dos parceiros. O interessante é o nível de camadas e de desejos que se instauram entre o executivo Rafa, a chefe de cozinha Mari e o casal de endinheirados (e jovens) fazendeiros de ocasião. Com maturidade e boas interpretações, o longa desvia, com folga, do lugar comum projetado pelos espectadores. Subverter pontos de referência e até análise de machismo estão entre os tópicos interessantes do longa. Um dos elementos que ainda chamam a atenção está na discreta direção de arte a cargo de Marghê Pennacchi.

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