Numa era em que valores de mercado da gigante Nike eram modestos, o CEO Phill Knight (nas telas, vivido por Ben Affleck, também diretor de Air: A história por trás do logo), em meados dos anos 1980, teve decisões fundamentais a tomar. Cortes em verbas e de pessoal rondavam a equipe de ouro dele, formada pelo designer Peter Moore (Matthew Maher), pelo encarregado de marketing Rob Strasser (Jason Bateman) e ainda pelo audacioso executivo Sonny Vaccaro (Matt Damon), que estabelecia o nascente vínculo entre uma empresa de artigos esportivos e eminentes atletas.
Com dilemas como privilegiar forma ou função de um tênis, o personagem de Maher será fundamental ao longa que coloca Michael Jordan num verdadeiro pedestal. As maquinações industriais de uma empresa ocupam boa parte do roteiro do estreante Alex Convery. Como esperado, a exemplo dos anteriores filmes de Affleck, diretor de Medo da verdade (2007), Armação perigosa (2010) e Argo (2012), o clima do filme é agitado, e repleto de personagens coadjuvantes.
Chris Messina é um dos que brilha na pele do desbocado agente David Falk e Chris Tucker esbanja carisma interpretando o vice-presidente de marca interna da Nike Howard White. Numa era de preponderância de homens no comando, é um colírio ver a influente mãe de Jordan, Deloris Jordan, ganhar o talento de Viola Davis.
Entre boas piadas que alcançam a juventude hitlerista (colada à concorrente Adidas) e ainda o slogan (Just do it), na propagação de um folclore, associado a ressignificação frente a paredões de execução. Com a nítida inspiração nas cenas de negociação do pai das tenistas do longa King Richard, Air trata de negociações de patrocínio, se valendo da credibilidade de Matt Dammon, com estratégia válida, já que o personagem serve para acender a competitividade, diferenciando oportunidades para o personagem de Jordan (que praticamente não aparece em cena).
A missão do personagem de Damon é a de que "Jordan seja o tênis (a ser vendido)", numa artimanha de personificação muito excêntrica, dentro de uma realidade em que tênis era um produto com popularização consolidada. Entre elementos de riscos (comerciais) e protótipos de calçados o universo do filme consegue ser palatável, e o roteiro ainda traz observações sagazes como a teoria de subversão para o entendimento da letra de Born in the USA, ainda em construção como um clássico de Bruce Springsteen. Mas tudo é tão pouco para justificar um longa-metragem.
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