Uma carta foi o ponto de partida de Aline Mohamad para criar o espetáculo Jorge pra sempre verão, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil até 21 de maio. Um dia, ao voltar de uma festa na qual sentiu enorme afeto por uma travesti, Aline escreveu um texto destinado ao primo, morto em 2003. O material serviu como uma espécie de cura e acabou por servir de base para criar o espetáculo.
Aline escreveu a carta como uma espécie de cura e é essa ideia que propõe no palco. Dirigido por Rodrigo França, Jorge pra sempre verão não chega a ser uma biografia, embora traga alguns elementos biográficos. "Na verdade, são muitas realidades. Esse espetáculo é uma autobiografia, uma biografia de uma sociedade, biografia de bichas pretas urbanas, de mulheres trans, até mesmo do Jorge", avisa Aline. "A carta foi uma forma de me encontrar com ele, a gente diz que é um teatro de cura, e uma possibilidade de a sociedade se curar por ele."
Aline não conheceu o primo e atribui esse fato ao preconceito que a própria sociedade desenvolve em relação às pessoas LGBTQIA . Hoje, ela encara o espetáculo e a carta como uma forma de encontro, mas também de celebrar a figura de Jorge. "Ele tinha uma força grande pelo simples fato de estar. A militância dele sempre foi muito mais presença. Ele não falava sobre o assunto, mas ele existia e isso por si só bastava", diz.
A figura longilínea de Jorge Laffond, com quase dois metros de altura e uma presença marcante, visitava boa parte dos lares brasileiros diariamente. Seja em novelas como Sassaricando ou Kananga do Japão, seja em programas humorísticos como Viva o Gordo ou A praça é nossa, no qual vivia Vera Verão, Jorge era personalidade conhecida da tevê brasileira, mas isso não evitou que fosse vítima do preconceito e do racismo. No espetáculo criado por Aline, três personagens dividem o palco: Jorge, Vera e a prima. "A montagem tem uma parte que traz a biografia, sempre costurando a do Jorge com a da prima e da Vera."
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