Crítica

O particular cinema de Wes Anderson desponta no DF: confira a crítica

Conduzindo registro de cinema que trata das artes, Asteroid City traz bons resultados como diversão para os cinéfilos

Ricardo Daehn
postado em 11/08/2023 07:03
Jason Schwartzman e Tom Hanks em Asteroid City -  (crédito:  Universal)
Jason Schwartzman e Tom Hanks em Asteroid City - (crédito: Universal)

Quem assistiu aos longas Ilha dos cachorros (2018) e Os excêntricos Tenenbaums (2001) tem a medida do quão inventivo seja o cinema do diretor Wes Anderson. Com narração sempre repleta de dados inesperados e criativos, ele não decepciona, com o vistoso Asteroid City. Todo um universo coeso cabe na exótica cidade adepta do tom ora mecânico, ora preciso — e sempre colorido (aqui, entre reluzente tonalidades pastel estampadas nas fachadas dos prédios) — cinema orquestrado por Wes Anderson.

No roteiro de Asteroid City pairam hipóteses e relatos autênticos de toda a sorte de personagens que ocupam a cidade, repleta de jovens estudantes candidatos a astrônomos, metidos numa isolada convenção no deserto. Um drama em particular cerca um dos personagens centrais, o fotógrafo Augie (Jason Schwartzman) que, ao lado do filho Woodrow (Jake Ryan) e das filhas Cassiopeia, Andromeda e Pandora, acoberta os sentimentos de um luto em nada resolvido. Para piorar, terá que deparar com o sogro (Tom Hanks), capacitado a disparar: "Eu nunca adorei você". Com uma atmosfera entre Não! Não olhe! e Dogville, Wes Anderson aplica uma sutil ironia e uma tênue linha entre encenação e acontecimentos inusitados, no filme que remete aos anos de 1950.

"Você não desperta, se você não dormir" é um dos mantras usados (coletivamente) pelos personagens que incluem núcleos como os do dramaturgo Conrad Earp (Edward Norton) e do diretor artístico Schubert Green (Adrien Brody). De certo modo, eles fazem um chamamento para o conteúdo de parte do filme que deve muito à presença de Scarlett Johansson, que interpreta uma diva das artes cênicas. Num registro visual repleto de simetria e visão panorâmica, o diretor Robert D. Yeoman (colaborador regular de Anderson) dá as caras.

Diversão leve e descompromissada deriva do longa. O espetáculo, entretanto, não deixa de tratar de temas pesados como restrições à individualidade, contestação religiosa e exame da história e do repasse de eventos históricos. Rindo da formalidade do episódio que cerca o destino de um mero asteroide, em meio ao deserto,  Anderson defende, no fundo, a capacidade de cada um sonhar.

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