Ações da Oi disparam 25% na Bolsa com disputa pela operação móvel

Depois que a americana Highline fez uma proposta, o grupo formado por Claro, Vivo e Tim informa que está disposto a pagar R$ 16,5 bilhões. Companhia avalia ofertas e papéis sobem

Simone Kafruni
postado em 29/07/2020 14:06 / atualizado em 29/07/2020 21:45
 (crédito: Miguel Schincariol/AFP)
(crédito: Miguel Schincariol/AFP)

As ações da operadora Oi, em recuperação judicial e com ativos à venda, estão disparando 25% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nesta quarta-feira (29/7). O movimento é uma resposta à disputa pela operação móvel da companhia. Além das três maiores empresas concorrentes terem feito uma proposta, Algar Telecom e a norte-americana Highline fizeram ofertas. Após a controlada pela gestora americana Digital Colony dar seu lance, Claro, Tim e Vivo aumentaram a proposta.

Segundo o BTG, o ativo foi avaliado em R$ 20 bilhões. O preço inicial era de R$ 15 bilhões e as três companhias que já operam no país e pretendem fatiar a operação da Oi ofereceram R$ 16,5 bilhões. Em comunicado, a Oi reafirmou o acordo com a Highline e disse que a empresa tem “exclusividade para, observados os termos e condições previstos no acordo e mantidos os termos econômicos da proposta vinculante apresentada, negociar os documentos e anexos relativos à oferta”. A operadora tem até 3 de agosto para cobrir a oferta das concorrentes.

Além da operação móvel em disputa no mercado, a Oi quer vender parte da rede de fibra ótica. O plano da companhia é criar uma nova empresa, a InfraCo, e vender de 25% a 51% das ações, arrecadando, pelo menos, R$ 6,5 bilhões. As torres de radiofrequência também serão vendidas e a Highline ofereceu R$ 1,076 bilhão. O negócio pode ser fechado ainda este ano. A Oi também está colocando no mercado os seus data centers localizados em Curitiba, Porto Alegre, São Paulo e as duas unidades de Brasília, com valor inicial de R$ 325 milhões.

A operação móvel, no entanto, é o ativo mais atrativo. Para a mineira Algar Telecom, seria uma forma de deixar o patamar de operadora intermediária para alcançar as outras três grandes prestadoras. Para as três principais concorrentes, seria uma forma de manter o mercado concentrado, sem novos players, com fatiamento das operações da Oi. Já a estratégia da Highline, que no Brasil tem infraestrutura de telecomunicações, seria comprar a operação móvel e vender os 34 milhões de clientes da empresa em leilão. Um acordo com a Algar não estaria descartado.

Especialista

Segundo Thiago Cardoso Henriques Botelho, mestre em Economia, especialista em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações e Ouvidor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), do ponto de vista do consumidor, se a venda for para fatiar a parte móvel entre as três maiores operadoras do mercado, a concentração é menos positiva. “Como será fatiado, não vai ter uma dominante, ou seja, do ponto de vista do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), não teria maiores problemas, desde que respeitados os limites de espectro de cada uma”, explicou. “Aumentar o número de competidores, no entanto, é saudável”, acrescentou.

Botelho assinalou que a escolha vai ficar nas mãos dos credores da Oi. A dificuldade, segundo o especialista, é que, entre os credores da Oi, houve quem aceitasse redução dos débitos em troca de ações e deságios. “O acordo partirá dos credores”, disse.

A Anatel acompanha, mas não está inserida nas negociações, a não ser como credora das multas, com representação pela Advocacia-Geral da União (AGU), de acordo com Botelho. “Depois de fechada a venda da telefonia móvel, a Anatel vai avaliar a aprovação, toda a parte regulatória, fazer anuência, checar se a operação não vai ferir concorrência e se certificar que empresa habilitada tem condições de assumir o serviço”, enumerou o ouvidor do órgão.

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