CONJUNTURA

Indústria: expansão de 8,9%

Apesar do avanço significativo, resultado de junho ainda não foi suficiente para recuperar o nível de sprodução que o setor tinha antes da pandemia. No primeiro semestre, perda é de 10,9% em relação ao mesmo período de 2019

Marina Barbosa
postado em 06/08/2020 18:16
 (crédito: Gilson Abreu/FIEP)
(crédito: Gilson Abreu/FIEP)

A produção industrial brasileira cresceu 8,9% em junho, em relação a maio. O resultado veio melhor que o esperado pelo mercado. Porém, não foi suficiente para reverter todas as perdas sofridas na pandemia do novo coronavírus. Com isso, o setor fechou o segundo trimestre com saldo negativo de 19,4%, o maior recuo da série histórica.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria acumulou perda de 26,6% entre março e abril, quando diversas fábricas interromperam suas atividades devido às medidas de distanciamento social necessárias ao combate ao novo coronavírus. Mesmo crescendo 8,2% em maio e 8,9% em junho, o baque não foi superado.

“As taxas de aumento de maio e junho foram significativas, até um pouco mais fortes do que o esperado. Mas ainda estamos a uma certa distância do patamar anterior à pandemia. A queda registrada em abril foi histórica, muitas fábricas praticamente pararam de funcionar”, comentou o gerente de Análise Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marcelo Azevedo.

Os números do segundo trimestre mostram perdas generalizadas em todas as quatro grandes categorias econômicas do setor. O baque de março e abril foi tão grande que até o saldo do primeiro semestre foi comprometido. “Na comparação de junho deste ano contra junho de 2019, o setor industrial recuou 9%. E, no acumulado do primeiro semestre, teve uma perda de 10,9%”, calculou o gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, André Macedo.

O gerente do IBGE ainda afirmou que o recuo foi disseminado em todas as categorias econômicas e na maior parte das atividades industriais. Só a produção de bens de consumo duráveis, por exemplo, teve contração de 64,9% no segundo trimestre, influenciada, sobretudo, pela menor fabricação de automóveis, que desabou 83,2% no período.

Em junho, porém, houve altas taxas de recuperação em setores como o de automóveis (70%), móveis (28,5%) e têxteis (34,2%), diante da flexibilização da quarentena e da reabertura das fábricas. A CNI acredita que a produção industrial pode voltar ao nível pré-pandemia, caso esse ritmo de recuperação de 8% ao mês se mantenha em julho. Porém, admite que a retomada não deve continuar de forma acelerada por muito tempo.

“Boa parte dessa recuperação, que ocorre sobre uma base muito deprimida, é influenciada pelas medidas econômicas que reduziram a incerteza sobre a renda e o emprego. Mas ainda não sabemos até quando essas medidas vão e como a economia vai reagir após o fim desses estímulos. Além disso, algumas restrições do isolamento social vão ser mais duradouras e podem limitar o consumo. Então, ainda há muita incerteza em relação aos próximos meses”, avaliou Azevedo. Ele disse que, por conta disso, a CNI ainda não revisou a projeção de queda entre 4% e 7% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

Gilson Abreu/FIEP
Industria automobilística, que chegou praticamente a parar no início da crise, produziu mais 70% em junho

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Bolsa e dólar caem

A instabilidade marcou os mercados financeiros, ontem, dentro e fora do país. O novo estremecimento nas relações diplomáticas entre Estados Unidos e China, o pacote de US$ 1 trilhão do governo americano em estímulos adicionais à economia e as notícias de que, no Brasil, será votado pelo Congresso projeto que limita a 30% os juros do cheque especial e do cartão de crédito derrubaram a bolsa e a cotação do câmbio.

O Ibovespa, que mede o desempenho das principais ações brasileiras, caiu 1,57%, aos 101.216 pontos. E o dólar encerrou a sessão cotado a R$ 5,286 para, em baixa de 0,64%.

“A expectativa de novo corte da Taxa Básica de Juros (Selic), de 0,25%, já está no preço. Mas a questão é o que virá depois. Cada vez que se mexe na Selic, há uma desvalorização forte do real, os investidores se protegem e fogem para mercados mais seguros”, destacou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. Mas, como o dólar vem se deteriorando no mundo inteiro, a tendência, segundo ele, é que feche o ano cotado a R$ 5.

Para Pedro Galdi, analista de investimentos da Mirae Corretora, vale a pena destacar, também, que 2020 é ano de eleição nos EUA. “A tendência é o dólar dar um repique”, diz. E, com isso, deverá encerrar o ano entre R$ 5 e R$ 5,50. A Bolsa de Valores (B3) também deverá fechar em terreno positivo e, para a alegria dos que apostam nos papéis, aos 125 mil pontos. “As ações dos bancos registraram hoje (ontem) perdas, com a previsão de restrição de cobrança na ponta. Mas a economia dá sinais de reação. A produção industrial cresceu 8,9% em junho na comparação com o mês passado”, reforçou Galdi.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação