A produção industrial brasileira cresceu 8,9% em junho, em relação a maio. O resultado veio melhor que o esperado pelo mercado. Porém, não foi suficiente para reverter todas as perdas sofridas na pandemia do novo coronavírus. Com isso, o setor fechou o segundo trimestre com saldo negativo de 19,4%, o maior recuo da série histórica.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria acumulou perda de 26,6% entre março e abril, quando diversas fábricas interromperam suas atividades devido às medidas de distanciamento social necessárias ao combate ao novo coronavírus. Mesmo crescendo 8,2% em maio e 8,9% em junho, o baque não foi superado.
“As taxas de aumento de maio e junho foram significativas, até um pouco mais fortes do que o esperado. Mas ainda estamos a uma certa distância do patamar anterior à pandemia. A queda registrada em abril foi histórica, muitas fábricas praticamente pararam de funcionar”, comentou o gerente de Análise Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marcelo Azevedo.
Os números do segundo trimestre mostram perdas generalizadas em todas as quatro grandes categorias econômicas do setor. O baque de março e abril foi tão grande que até o saldo do primeiro semestre foi comprometido. “Na comparação de junho deste ano contra junho de 2019, o setor industrial recuou 9%. E, no acumulado do primeiro semestre, teve uma perda de 10,9%”, calculou o gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, André Macedo.
O gerente do IBGE ainda afirmou que o recuo foi disseminado em todas as categorias econômicas e na maior parte das atividades industriais. Só a produção de bens de consumo duráveis, por exemplo, teve contração de 64,9% no segundo trimestre, influenciada, sobretudo, pela menor fabricação de automóveis, que desabou 83,2% no período.
Em junho, porém, houve altas taxas de recuperação em setores como o de automóveis (70%), móveis (28,5%) e têxteis (34,2%), diante da flexibilização da quarentena e da reabertura das fábricas. A CNI acredita que a produção industrial pode voltar ao nível pré-pandemia, caso esse ritmo de recuperação de 8% ao mês se mantenha em julho. Porém, admite que a retomada não deve continuar de forma acelerada por muito tempo.
“Boa parte dessa recuperação, que ocorre sobre uma base muito deprimida, é influenciada pelas medidas econômicas que reduziram a incerteza sobre a renda e o emprego. Mas ainda não sabemos até quando essas medidas vão e como a economia vai reagir após o fim desses estímulos. Além disso, algumas restrições do isolamento social vão ser mais duradouras e podem limitar o consumo. Então, ainda há muita incerteza em relação aos próximos meses”, avaliou Azevedo. Ele disse que, por conta disso, a CNI ainda não revisou a projeção de queda entre 4% e 7% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
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