Conjuntura

Lucro do BB cai 25,3%

Banco do Brasil registra um saldo líquido de R$ 3,31 bilhões, com redução na receita e aumento das provisões por causa da pandemia. De saída, Rubem Novaes diz que a instituição está sólida e aguarda nova geração

Marina Barbosa
postado em 07/08/2020 00:28 / atualizado em 07/08/2020 00:30
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)


A pandemia do novo coronavírus derrubou em 25,3% o lucro do Banco do Brasil (BB) no segundo trimestre deste ano. Com isso, a instituição registrou um lucro líquido ajustado de R$ 3,311 bilhões no último período da gestão de Rubem Novaes, que, no entanto, assegurou: o BB está sólido e pronto para ampliar suas receitas ainda neste ano.

O resultado financeiro do Banco do Brasil veio um pouco abaixo do esperado pelo mercado, que projetava um lucro líquido mais perto de R$ 3,4 bilhões. Porém, também não surpreendeu. Afinal, a crise causada pela covid-19 reduziu as receitas e elevou as provisões de todos o sistema financeiro.

No Banco do Brasil, a receita com a prestação de serviços caiu de R$ 7,43 bilhões no segundo trimestre de 2019 para R$ 6,96 bilhões no mesmo período deste ano. A redução na receita foi de 6,4%, até menor que a observada em outros grandes bancos brasileiros, e explica-se tanto pela desaceleração econômica causada pela pandemia, quanto pela queda da taxa de juros.

Já as provisões saltaram de R$ 4,14 bilhões para R$ 5,90 bilhões nesse período, em uma tentativa do banco de se blindar de uma eventual explosão da inadimplência na crise da covid-19. “O resultado não foi tão bom porque nós nos antecipamos à perda esperada e fizemos uma provisão conservadora, mais forte. Mas o banco continua trabalhando bem no sentido de gerar resultado”, disse Novaes.

O aumento das provisões foi de 42,4% e rendeu ao banco um índice de cobertura de 223,5% na inadimplência de 90 dias. Os números são conservadores, como disse Novaes, mas têm justificativa. Segundo o BB, a taxa de inadimplência brasileira não subiu na pandemia por conta das prorrogações que venceriam na quarentena. Porém, pode saltar dos atuais 2,9% para 7% — o mesmo nível de 2016 — entre o fim deste ano e o começo de 2021, quando as parcelas não puderem mais ser prorrogadas.

Rubem Novaes garantiu, por sua vez, que o BB está pronto para enfrentar esse cenário, tanto por conta do alto nível de provisões, quanto pelo fato de que continua ampliando seus negócios e receitas. A carteira de crédito, por exemplo, cresceu 5,1% no primeiro semestre. “O resultado estrutural do banco, excluídas as provisões, é de R$ 21,9 bilhões. É um crescimento de 11,7%, mostra que a máquina de gerar negócio continua produzindo resultado”, comentou.

Expectativa melhor

Em razão desses dados, a expectativa de Novaes é de que o segundo semestre traga resultados melhores para o BB. “Os números da economia estão vindo melhores do que a expectativa inicial. E, como nós talvez tenhamos sido um tanto exagerado do lado do conservadorismo no reconhecimento das perdas, a expectativa é de ter um segundo semestre melhor do que o primeiro. Nada excepcional, mas melhor”, emendou.

Esse número, contudo, será apresentado pelo sucessor de Novaes. O economista já avisou que está de saída do Banco do Brasil para ceder o lugar a “alguém mais jovem, mais ligado à geração digital e talvez com mais energia para enfrentar os novos tempos”. Novaes vê, sobretudo, a oportunidade de voltar para perto da família, no Rio de Janeiro, onde deve continuar atuando como assessor do ministro da Economia, Paulo Guedes. “A gente vai continuar junto e ele vai ter que continuar ouvindo meus pitacos”, avisou o presidente do BB.

Rubem Novaes disse, contudo, que ainda não há data para a sucessão no BB. Só garantiu que fica na instituição até passar o bastão ao seu sucessor, que, segundo o ministro da Economia, será o atual presidente do HSBC, André Brandão. Em entrevista à TV Record, Guedes contou que Brandão já aceitou o convite, mas vai precisar de uns 30 ou 40 dias para tomar posse no BB já que, hoje, mora em Nova York.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação