Comércio é o setor que mais contribui para o desemprego na pandemia

De acordo com o IBGE, o grupo de pessoas que não buscaram trabalho, mas que gostariam e estavam disponíveis, chegou a 5,7 milhões, maior contingente da série histórica da Pnad Contínua

Correio Braziliense
postado em 07/08/2020 06:00
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Todos os setores de atividade tiveram desempenho negativo, no segundo trimestre, em termos de emprego. O comércio foi o mais afetado, com perda de 2,1 milhões de vagas em relação ao trimestre anterior. A construção teve redução de 1,1 milhão de trabalhadores no período. Na categoria de serviços domésticos, pessoal ocupado foi reduzido em 1,3 milhão de pessoas. A categoria alojamento e alimentação também teve perda de 1,3 milhão de empregados.

De acordo com o IBGE, o grupo de pessoas que não buscaram trabalho, mas que gostariam e estavam disponíveis, chegou a 5,7 milhões, maior contingente da série histórica da Pnad Contínua. Em relação ao último trimestre, houve um acréscimo de 19,1%, o que representa 913 mil cidadãos a mais nessa situação.

O estudo aponta que, no segundo trimestre, 5,2 milhões de pessoas entraram na força de trabalho potencial — quem tem idade de trabalhar, com potencial, mas não está nem ocupado nem desocupado. Agora, esse grupo soma 13,5 milhões de brasileiros.

“É um crescimento recorde, tanto na comparação trimestral quanto na anual. Há um aumento da força potencial de gente que, apesar de não estarem procurando emprego, até gostariam de trabalhar. Quando a gente observa as razões de não procurarem por trabalho, um grande contingente alega motivos ligados à pandemia”, afirmou Adriana Beringuy, responsável pela Pnad. Chamou também atenção, afirma ela, a queda nos postos de trabalho com carteira assinada, ao menor patamar da série histórica.

O setor privado dispensou 2,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Agora, o grupo soma 30,2 milhões de brasileiros empregados. “Isso faz com que a gente chegue ao menor contingente de trabalhadores com carteira assinada na série histórica, e mostra que essa queda na ocupação está bem disseminada por todas as formas de inserção, seja o trabalhador formalizado, seja o não formalizado”, analisa Adriana. Em consequência, a massa de rendimento teve retração de R$ 12 bilhões, aponta o IBGE.

A categoria dos empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada foi estimada em 8,6 milhões, uma queda de 2,4 milhões em relação ao último trimestre. Já contingente de trabalhadores por conta própria teve uma queda de 10,3% e, agora, soma 21,7 milhões de cidadãos. São menos 2,5 milhões de brasileiros nessa categoria. Isso porque, com a pandemia, o número de informais, sem CNPJ, despencou. “Da queda de 8,9 milhões da população ocupada, 6 milhões eram de ocupados informais, ou seja, a queda na informalidade ainda responde por 68% da queda da ocupação”, explica a analista da pesquisa.

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